Mundo

A Igreja Católica e sua atuação na China

Conheça também a realidade de padre que vive em Macau como missionário

Escrito por Beatriz Nery

31 OUT 2024 - 08H26 (Atualizada em 31 OUT 2024 - 12H17)

Tang Yan Song/Shutterstock

Na China, a Igreja Católica tem uma história de quase mil anos, com raízes que remontam à Dinastia Yuan, quando missionários europeus como João de Montecorvino, no século XIII, levaram a fé cristã ao país. O crescimento da presença católica ocorreu principalmente com a chegada dos jesuítas no século XVI, que se destacaram por adotar uma abordagem inculturada, respeitando a cultura local e aproximando o evangelho da realidade chinesa.

Porém, com as transformações políticas no século XX e a criação da República Popular da China em 1949, o governo estabeleceu um controle rigoroso sobre as religiões, incluindo o Catolicismo. A Igreja Católica foi dividida em duas vertentes: a Igreja oficial, conhecida como Associação Patriótica Católica Chinesa, que opera sob supervisão estatal, e a Igreja “clandestina”, fiel ao Papa e geralmente praticada de forma discreta.

Hoje, com o Acordo Provisório entre a Santa Sé e a China, renovado desde 2018, o governo chinês e o Vaticano buscam um equilíbrio na nomeação de bispos, permitindo uma maior integração e reconhecimento dos católicos em solo chinês. Ainda assim, a situação permanece complexa: a Igreja segue sob supervisão e, embora tenha espaço para existir, enfrenta limitações e desafios constantes de ordem política e religiosa.

Apesar disso, a Igreja Católica resiste com ações são feitas para fomentar a fé e a doutrina no país. Durante todo o mês de outubro, considerado Mês Missionário, a Igreja Católica da China se organizou em uma programação intensa, em que pelo menos seis dioceses e comunidades aderiram ao convite do Papa Francisco a participar do dia de oração e jejum convocado para pedir o dom da paz, além das coletas para a missão, obras de caridade, peregrinações, concertos e peças de teatro dedicadas a Maria e a participação missionária em eventos sociais e esportivos.

Padres missionários: Pe. Daniel Ribeiro, SCJ

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Padre Daniel Ribeiro é sacerdote da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos) e está em missão na Ásia, onde exerce, desde 2016, o sacerdócio na cidade de Macau, na China, onde desempenha diversas funções e trabalhos pastorais na Diocese, junto às pessoas de língua portuguesa, chinesa e inglesa.

Atualmente, trabalha como Vigário Paroquial da Sé Catedral de Macau e como capelão de quatro Colégios Diocesanos. Com a pandemia, desenvolveu um apostolado na internet por meio de um canal de YouTube com mais de 200 mil inscritos, em que fala sobre vários temas de formação espiritual para os católicos de todo o mundo, com vídeos de formação espiritual online e novenas com meditações sobre a vida dos Santos.

Em entrevista para o A12, Pe. Daniel nos conta sobre suas motivações como missionário e a realidade da Igreja no extremo oriente.

A12: Como é a realidade da Igreja Católica em Macau e na China? Que desafios e oportunidades você observa para a evangelização?

Pe. Daniel Ribeiro, SCJ: A igreja católica na China vive uma realidade distinta na parte continental e nas cidades de Hong Kong. Em Hong Kong e Macau, conhecidas como região chinesa de administração especial, temos missas diárias, procissões e várias escolas católicas. Na verdade, nestas duas cidades não tem muita diferença de locais europeus onde a Igreja está estável.

A12: O que motivou você a se engajar em uma missão tão distante e desafiadora?

Pe. Daniel: Em 2012, a minha congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (SCJ), a pedido no nosso superior geral, decidiu começar a missão na China. Iniciamos com sete padres, de vários países do mundo, e fui o representante do Brasil. No início, tive que estudar inglês e depois aprendi chinês em inglês. Apesar do desafio da língua e saudades dos familiares e amigos, já faz 12 anos que deixei o Brasil e sou muito feliz e realizado.

A12: Quais frutos ou transformações você espera colher dessa missão em Macau e o que você acredita que seja importante para fortalecer a presença da Igreja Católica na China?

Pe. Daniel: Jesus pediu para seus discípulos levarem a boa nova a todas as nações. Disso, não podemos excluir um país como a China, com quase um bilhão e meio de pessoas. O chinês é um povo muito trabalhador, correto e que busca a verdade. Quando encontram Jesus Cristo, levam a fé muito a sério e lentamente levam a família toda a se converter ou aproximar-se de Deus. Aqui temos muito batismo de adultos. Os frutos principais são pessoas se tornando melhores e mais feliz sendo católicas. É muito bonito ver o grande número de chineses que, por exemplo, procuram a confissão e ajudam na manutenção da igreja. Penso que o fruto mais bonito é como levam a sério a fé depois de abraçada. Para o futuro, vejo o cristianismo com um poder natural de atração, que dará sentido a vida de muitos chineses.


Pedidos de oração da China

• Como a China continua tendo mais controle sobre a liberdade religiosa, peça ao Senhor por sabedoria para os cristãos saberem como devem continuar honrando e adorando a Deus diante de mudanças adversas.

• Ore pelos menores de 18 anos que, tecnicamente, não têm permissão para frequentar a igreja. Clame a Deus para que fortaleça a fé deles e dê coragem a eles e a seus pais.

• Interceda para que Deus fortaleça e encoraje líderes de igreja que são pressionados e monitorados.

Fonte: Vatican News, Catholic News Agency e AsiaNews

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