O filósofo Immanuel Kant, em seu livro 'Sobre a Pedagogia', afirmou: “...a educação, portanto, é o maior e mais árduo problema que pode ser proposto aos homens”. Muitos são os desafios encontrados pela humanidade ao longo dos tempos, mas nenhum se assemelha à responsabilidade de educar.
Quem pretende educar, mas não se interroga sobre o sujeito que pretende educar, contrapõe-se, ainda que sem se dar conta, aos princípios da educação como possibilidade de romper com o determinismo, que impede a humanidade de se recriar.
Preocupado com esse grande dilema humano que é a educação, o Papa Francisco fez um convite especial aos educadores:
"Desejo promover um encontro mundial no dia 14 de maio de 2020, que terá como tema «Reconstruir o pacto educativo global»: um encontro para reavivar o compromisso em prol e com as gerações jovens, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão. Nunca, como agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações, em ordem a uma humanidade mais fraterna".
Leia MaisAos Jesuítas, faça-se justiça! A Educação agradeceEducar e instruir para o Éthos Educação infantil de qualidade e seu impacto na economiaQuem aceita o convite de Papa Francisco? Evidente que estar em Roma para participar do encontro será uma grande experiência, mas poderá ser, igualmente significativa, a iniciativa de promover encontros, onde quer que estejamos, para manter a sintonia com o “Pacto Educativo”. Vamos construir uma «aldeia da educação», como pede o Papa Francisco. Eis uma bela Missão para a Pastoral da Educação.
Fundamentando a necessidade deste Encontro Mundial, o Papa foi claro ao falar da exigência de uma Educação que coloque a Pessoa como centro do processo. Cada pessoa tem uma história e uma identidade e que, por isso, é um ser de emoções, de efetividades, que alimenta esperanças e sofre decepções.
O sujeito da educação é a pessoa. Pessoas têm anseios, paixões, medos... E não nos parece que o conhecimento científico possa dar conta de responder toda essa avalanche de humanidade.
Papa Francisco justifica a necessidade deste Encontro Mundial e a urgência de um “pacto educativo":
• "Cada mudança precisa de uma caminhada educativa que envolva a todos. Por isso, é necessário construir uma «aldeia da educação», onde, na diversidade, se partilhe o compromisso de gerar uma rede de relações humanas e abertas;
• Para atingir estes objetivos globais, a caminhada comum da «aldeia da educação» deve dar passos importantes. Primeiro, ter a coragem de colocar no centro a pessoa. Por isso, é preciso assinar um pacto para dar uma alma aos processos educativos formais e informais, que não podem ignorar o fato de que tudo no mundo está intimamente conexo;
• Outro passo é a coragem de investir as melhores energias com criatividade e responsabilidade. A ação propositiva e confiante abre a educação para uma projetação a longo prazo, que não encalhe na tendência estática das condições;
• Um novo passo é a coragem de formar pessoas disponíveis para se colocarem ao serviço da comunidade. O serviço é um pilar da cultura do encontro: significa inclinar-se sobre quem é necessitado e estender-lhe a mão, sem cálculos nem receio, com ternura e compreensão, como Jesus Se inclinou para lavar os pés dos Apóstolos;
• Por isso, desejo encontrar-vos em Roma a todos vós que, pelos mais variados títulos, trabalhais no campo da educação, em todos os níveis da lecionação e da pesquisa. Convido-vos a promover em conjunto e ativar, através dum pacto educativo comum, as dinâmicas que conferem um sentido à história e a transformam de maneira positiva".
A educação, quando entendida mais do que "transmissão de informações" ou mero "treinamento", coloca em jogo a questão do ideal que uma sociedade fabrica para si e para seus sujeitos, retirando do ocultamento as interrogações que não podem ser ocultadas, sob pena de torná-la um engodo. “Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim, para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa”. (Mt 5,14-15)
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