Desde que o ser humano existe sobre a face da terra, tem sido atingido por fenômenos climáticos extremos, que provocam destruição e são acompanhados de prejuízos humanos e materiais. Isso faz parte da história da humanidade.
Tragédias naturais sempre aconteceram, mas nunca na intensidade e na proporção atuais, sem causar os prejuízos humanos e materiais que agora causam, seja pelo consumo exagerado dos recursos naturais da terra devido à superpopulação do planeta, ou motivadas por conflitos e guerras.
As calamidades e, sobretudo, as perdas humanas provocam inquietações e perguntas que são difíceis de responder. As dúvidas aumentam especialmente porque a maioria dos atingidos acabam sendo pessoas inocentes, que pagam com a dor e com a própria vida por erros que não cometeram. E os porquês sempre se repetem!
A eclosão de um conflito, de uma guerra ou cataclisma natural provoca não apenas a comoção de muitos, mas, sobretudo, o despertar da solidariedade. Recentemente, diante de uma das maiores enchentes da história, que ocorreu na Espanha, centenas de pessoas se apresentaram para ajudar da forma como podiam. O voluntariado faz despertar a alma generosa das pessoas que, às vezes sem ter os recursos necessários, logo se apresentam para ajudar.
Diante das calamidades, em qualquer parte do mundo, logo se constata a ação solidária de organismos internacionais de ajuda e cooperação, como a Cruz Vermelha, os Médicos Sem Fronteiras e a mobilização de grupos e forças com a única finalidade de “ajudar”. A ação benemérita de igrejas e religiões e o apoio de voluntários ajudam a minorar a situação dos que foram atingidos, compensando a falta de respostas.
O ser humano tem um coração generoso, e como a fé e a solidariedade têm uma força e uma capacidade impossíveis de serem calculadas, ajudam a aliviar os sofrimentos, consolar os aflitos, proporcionar um ombro amigo aos que choram.
As muitas perguntas são respondidas não de forma racional ou lógica, mas pelo amor e fraternidade. E é isso que conta, em último caso! O amor ajuda a superar a dor!
Em distintas situações onde os templos religiosos são destruídos, como na Guerra da Ucrânia, ou na esquecida Nigéria, em que templos católicos foram incendiados por grupos radicais, ou se tornam inacessíveis devido às enchentes, que enchem de lama as edificações ou tornam as estradas intransitáveis com a queda de pontes e barreiras, como se viu no início do ano no Rio Grande do Sul, entra em campo a Igreja feita de carne e osso na pessoa de sacerdotes, religiosos e leigos, que abrem suas casas e outras instalações para acolher os desabrigados e socorrer os que tudo perderam.
Houve até mesmo o caso de uma Missão Popular que estava acontecendo e que foi interrompida para que as pessoas pudessem se dar as mãos e ajudar os que estavam precisando de socorro por causa da inundação.
O ser humano tem um coração bom, e a ocorrência de calamidades e desgraças faz a gente acreditar que o bem e o amor sempre falam mais alto, como foi o caso de um célebre sambista, que numa grande enchente que ocorreu em sua cidade, circulava de um lado para outro de quadriciclo, transportando as pessoas desabrigadas ou levando ajuda material, como água, alimentos e gêneros de primeira necessidade aos que precisavam. Nessa hora, a fama foi deixada de lado e o calor humano de um coração generoso falou muito mais forte!
Nos grandes desafios e provações a fé torna-se uma grande motivadora da resistência, de resiliência e de força, como a dizer às pessoas: “não desanimem”, tenham coragem que tudo vai passar!
Nas provações, grupos e comunidades de católicos, espelhando-se nos gestos salvíficos e de benignidade do próprio Cristo, que por nós sofreu e morreu, logo se mobilizam para o apoio que vem até mesmo de quem nada se esperava, sendo consolador se ouvir: “Ah, eu não fiz nada. Eu somente fiz aquilo que meu coração e minha fé mandaram. Eu fiz aquilo que eles seguramente fariam por mim”.
Pessoas anônimas chegam a colocar sua vida em risco para que outros, que talvez nem conhecem, possam sobreviver ou ter um prato quente de sopa, ou um pedaço de pão para comer.
Nas calamidades humanas e naturais, onde a prática dos sacramentos torna-se quase impossível, a Igreja se transforma, com sua ação socio-caritativa, no grande Sacramento de Salvação, expressão do amor do próprio Deus e de sua preocupação para com os sofredores. Nessas horas, missas são celebradas em altares improvisados, sobre destroços, como se estivessem sendo celebradas numa grande catedral. Bancos e altares de igrejas e capelas são afastados para que os desabrigados possam ter um lugar onde se recuperar.
Nos conflitos e guerras, a Igreja conta com a presença e atuação dos capelães militares que acompanham os soldados para a frente de batalha, propiciando o conforto espiritual dos sacramentos aos que lutam, bem como a solidariedade e o afeto aos que sofrem e aos civis atingidos pelos conflitos.
Leia MaisOnde está Deus nas tragédias?Os meios de comunicação cristãos e católicos, por sua vez, têm se destacado pelo efetivo apoio que podem dar nas horas de calamidades e tragédias.
Rádios, TVs e Meios Digitais mobilizam campanhas de arrecadação de gêneros de primeira necessidade, como foi feito para o Rio Grande do Sul ou para os atingidos pela seca no norte e nordeste, e com suas mensagens de paz e espiritualidade ajudam a dar conforto aos corações que sofrem.
Foi isso que aconteceu durante as enchentes no Rio Grande do Sul, em que o tradicional radinho de pilha foi o grande meio de informação e espiritualidade, quando os demais meios não puderam funcionar.
Em suma, a solidariedade e a ajuda mútua, como expressões de amor e fraternidade, não conseguem as trazer de volta as vidas perdidas e nem responder às muitas perguntas que são feitas, mas se transformaram no alento na hora da dor de que todos precisam.
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