Uma das narrativas bíblicas do Antigo Testamento que com certeza mais chama a atenção dos leitores é o diálogo de Abraão com Deus, quando o patriarca da nação invoca sua clemência para com duas cidades.
Na passagem o Senhor anuncia a destruição de Sodoma e Gomorra. O motivo apresentado seria o elevado nível de promiscuidade e corrupção do povo. Assim está escrito:
“Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito” . (Gn 18, 20).
Abraão intercedeu pelo povo diversas vezes, perguntando ao Senhor que se houvesse homens justos no meio dos ímpios, ele pouparia a cidade:
“Disse mais: Ora, não se irrite o Senhor, que ainda só mais esta vez falo: Se porventura se acharem ali dez justos? E Deus disse: Não a destruirei por amor dos dez” (Gn 18, 32).
As Sagradas Escrituras contam que o Senhor poupou a família de Abraão enviando dois anjos à casa de Ló, seu sobrinho, que habitava a região a ser destruída. Eles o orientam a deixar a cidade, junto com sua família.
Os anjos orientam ainda que ao sair da cidade não olhem para trás, para não virarem estátua de sal. E por não haver ali sequer dez homens justos, a cidade foi destruída. A mulher de Ló, entretanto, ao se virar para traz imediatamente foi transformada numa estátua de sal. Assim está escrito no Livro de Gênesis
“Então o Senhor fez chover enxofre e fogo desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra” ( Gn 19, 24).
Pouco se sabe de concreto sobre as cidades de Sodoma e Gomorra. Elas estavam situadas próximas ao mar morto. A primeira referência bíblica a seu respeito está no livro do Gênesis (Gn 10,19). São as duas mais conhecidas, porém, na verdade, havia outras três cidades ao longo do Rio Jordão. Essas cinco cidades eram conhecidas como as Cidades da Planície.
Nas passagens que nos referenciam a destruição das cidades é motivada pela promiscuidade de seus moradores. Porém, outra versão indica que as cidades foram destruídas porque seus habitantes eram cruéis e pouco hospitaleiros com os estranhos. A falta de hospitalidade comum naquela época era muito criticada por ser uma atitude contrária à fraternidade como está no evangelho de Mateus (Mt 10, 14-15) que diz:
"E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade."
Outras informações históricas mostram que essas Cidades da Planície tiveram um passado difícil por serem cobiçadas. Bem antes do evento apocalíptico acontecer, Sodoma e Gomorra foram realmente devastadas pela guerra. Quedorlaomer, Rei de Elão, atacou as cidades, massacrou seus moradores e roubou todas as suas riquezas e alimentos.
Quem sabe por isso mesmo, seus habitantes tenham justificado o não seguimento da vontade de Deus, ao se tornarem rudes e hedonistas. Mas, no final, eles pagaram por isso da pior maneira possível.
A Bíblia não deixa muito claro a razão da destruição de Sodoma e Gomorra, mas o profeta Ezequiel (Ez 16,49) já apresenta as cidades como expressão de pecado ao dizer:
"Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado."
O Profeta Jeremias (Jr 23,14), por sua vez, acrescenta um detalhe a mais nesta questão:
"Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, para que não se convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e os seus moradores como Gomorra."
Uma leitura mais simples mostra estas cidades completamente sem lei, devido as suas riquezas e vida fácil proporcionadas pela fertilidade das planícies próximas ao Rio Jordão. Um homem, porém, foi digno de escapar da destruição se transformando em sinal de retidão daqueles que andam à luz do Senhor.
A segunda carta de Pedro (Pd 2, 6-9) enfatiza como Ló foi salvo por Deus, por ser ele um homem piedoso e justo. Ló e suas filhas conseguiram escapar sãos e salvos. A esposa de Ló, no entanto, não conseguiu porque ela desobedeceu a Deus e olhou para trás. Por isso ela foi transformada numa estátua de sal. Na bíblia, o olhar para traz tem a interpretação de quem não conseguiu se desvencilhar das riquezas e da vida fácil.
Os antigos romanos tinham também sua versão da história. O escritor romano Ovídio escreveu uma fábula que mistura elementos da mitologia grega e romana, na história de Baucis e Filémon. Nessa história, os deuses Zeus e Hermes (ou Júpiter e Mercúrio, respectivamente na mitologia romana) viajaram para uma cidade disfarçados de homens, para tristemente descobrir que seus habitantes não eram hospitaleiros, a não ser Filémon e sua esposa, Baucis, que os recebem e lhes dão comida. Os deuses então se revelam, avisando o casal para fugir, pois eles destruiriam a cidade.
Existe também uma versão da história no islamismo. A Sura Hude 11, 81 do livro do Alcorão tem uma versão ainda pior. Lá está escrito:
"Então viaje com sua família no escuro da noite, e não deixe nenhum de vocês olhar para trás, exceto sua esposa. Ela certamente sofrerá o destino dos outros."
Não existe uma clareza nos motivos que levaram à destruição das cidades impenitentes, mas em 2005, arqueólogos descobriram uma área na Jordânia conhecida como Telel Hamã. As ruinas e os objetos ali encontrados indicam possivelmente a localização das Cidades da Planície, com evidências de que o lugar foi devastado pelo fogo. Objetos de cerâmica que lá foram desenterrados mostram que a cerâmica se transformou em vidro depois de ser exposta a temperaturas extremamente altas.
A falta de água, as altas temperaturas do deserto e a terra que se tornou imprópria para a produção podem explicar as razões dos habitantes abandonarem as cidades. Mas nas Sagradas Escrituras, mais importante do que o fato em si está a simbolização das cidades de Sodoma e Gomorra como lugares de pecado que são abomináveis para Deus, que sempre oferece, porém, a sua misericórdia e a possibilidade de conversão.
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