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Curiosidades da História: Tatuagem – cultura, moda, rebeldia... Tudo isso e um pouco mais!

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

29 SET 2022 - 09H40 (Atualizada em 04 NOV 2022 - 10H15)

Uma das realidades que chama bastante atenção hoje é a quantidade de pessoas que fazem tatuagem, das mais simples até aqueles que tem quase todo o corpo coberto com pinturas.

Buscando explicação, há os que falam em traços culturais, em modismo, em imposições vindas de uma cultura exterior. Há os que falam em pecado por causa da deformação do corpo e aqueles que simplesmente ignoram esta expressão. De qualquer forma, rebeldia, personalidade, história podem ser algumas das explicações para definir o significado da tatuagem entre nós.

Leia MaisPode o católico fazer tatuagem?No contexto da sociedade contemporânea, o individualismo induz muitas pessoas a fazerem de sua pele o local do registro de ideias, valores ou de simples vaidade. Mas a ampliação do uso da tatuagem tem uma explicação histórica.

Quando o capitão inglês James Cook tentava entrar em contato com os nativos em Taiti, o povo daquela região chamava o hábito de pintarem a pele de “tatau”, que era o barulho produzido pelos instrumentos utilizados na confecção das tatuagens. A partir daí surgiu a “tatoo” do linguajar inglês que se espalhou, dando origem à palavra tatuagem.

Esta não é, porém, a única explicação.

Zigres/ Shutterstock
Zigres/ Shutterstock
O "Homem de ötzi" e suas tatuagens


O hábito da tatuagem já foi encontrado em registros da pré-história, como no denominado Homem de Ötzi, de mais de 5.300 anos.

Em seu corpo foram encontradas cerca de cinquenta tatuagens, a maioria das quais, de acordo com estudiosos, tinham significados religiosos. Elas fariam inveja a qualquer pessoa adepta deste hábito hoje em dia!

A prática da tatuagem também foi registrada entre povos antigos como os egípcios e os pictos, uma antiga civilização do Norte da Europa.

No Brasil, algumas tribos indígenas como os waujás e os kadiwéus utilizavam a pintura corporal para expressar rituais de passagem e reverência a alguns elementos da natureza.

Krzysztof Madej/ Shutterstock
Krzysztof Madej/ Shutterstock
Mulher birmanesa com o rosto tatuado


A existência da tatuagem entre os indígenas do Brasil e da América não levou, entretanto, esse hábito a se popularizar entre os europeus. Os maiores responsáveis foram os marinheiros ingleses que, depois do contato com povos da Polinésia, no extremo leste da Ásia, difundiram essa prática pelo mundo, reproduzindo imagens de feras do mar, caveiras e embarcações em seus corpos para demonstrar suas aventuras quando se lançavam ao mar.

Leia MaisCuriosidades da História: A higiene no Palácio de VersalhesCuriosidades da História: Você sabia que o costume de ir à praia surgiu por recomendação médica?A partir daí, pessoas de menor condição financeira e social tornaram a tatuagem popular nos guetos, prostíbulos e tavernas frequentadas por eles e pela considerada “escória” da sociedade nos arrabaldes das cidades europeias. Essas pessoas eram tidas como sem grau e não gozavam da consideração das classes mais abastadas da sociedade.

Com isso, a tatuagem e as pessoas que as usavam em seus corpos ganharam um tom de marginalidade. Quando elas começaram a se tornar atração nos espetáculos circenses de então, o caráter bizarro dessas pessoas começou a ser suplantado.

Um dos primeiros grupos que passou a usar a tatuagem em seus corpos foram os militares, que lutavam nas guerras e usavam de sinais demonstrativos de bravura e vigor nos combates.

Shutterstock
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Tatuagem com o nome de Jesus Cristo


Na segunda metade do século XX, a tatuagem começou a se incorporar na cultura ocidental, como expressão contestatória que ultrapassou barreiras sociais e culturais, tornando-se um símbolo de ousadia e personalidade.

Ao lado disso, motivações íntimas, delicadas e até românticas, como daqueles que tatuam seus corpos com os nomes e símbolos das pessoas amadas, também incorporaram o mundo das tatuagens.

Hoje, o que era coisa de marginais ou sinal de juventude transviada ultrapassou as barreiras das classes sociais e da idade, e até homens e mulheres de mais idade tatuam seus corpos.

Apesar de certas barreiras culturais e religiosas que ainda persistem, a tatuagem deixou de ser item exclusivo da cultura jovem para tornar-se uma via de expressão da subjetividade muito característica da sociedade pós-moderna.

Escrito por:
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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