Hoje em dia, basta chegar um feriado prolongado e todo mundo foge para as praias. As rodovias ficam lotadas e as pessoas chegam a suportar horas de congestionamento, mas vale tudo para se tomar um banhozinho de mar.
Mas você sabia que o banho de mar surgiu por recomendação médica?
Até o início do século XIX, ninguém tomava banho de mar no Brasil e nenhuma mulher ficava esticada na areia até torrar que nem camarão. Nos tempos antigos, não havia aquele futebolzinho na areia, não tinha surf, não havia aquelas rodinhas de banhistas descansando debaixo dos guarda-sóis.
Ninguém considerava como costumeiro, civilizado ou “decente” ficar na areia, inclusive saboreando porções de camarão ou tira-gosto. Mas tudo mudou a partir do ano de 1810.
O rei Dom João VI estava com a perna infeccionada e, seguindo recomendações médicas, precisou dar o primeiro mergulho no mar, pois o iodo ajudaria no processo de limpeza da infecção.
Desta forma, o gorducho príncipe, "sem querer querendo", como diria o personagem da conhecida série de TV, inaugurou um costume que hoje virou moda e, inclusive, muitos não apenas viajam para as praias, mas compram lá o seu apartamento para ficar mais perto desta delícia que a natureza nos oferece.
Leia MaisQuem organizou o calendário como nós o temos hoje em dia?Mas não foi só aqui que isso aconteceu. Em alguns países da Europa, como França e Grã-Bretanha, distintas senhoras da sociedade também recebiam orientação médica e, assim, vestidas até o pescoço, tomavam seus banhos de mar para curar doenças físicas e até psíquicas.
E pasmem! Quem primeiro receitou banho de mar como remédio foi um religioso e médico inglês, John Floyer, que fez isso nos primeiros anos do século 18. O doutor John Floyer acreditava que o mar tinha poderes milagrosos até para paralíticos. (E olha que na Europa a água do mar não é tão cálida como aqui nos trópicos!)
Um pouco mais tarde, em 1749, outro inglês, o médico Richard Frewin, descreveu a primeira cura por banho de mar e as publicações sobre a cura pela água salgada começaram a aparecer.
Desta forma, os médicos de Dom João VI decidiram tentar e a receita deu certo. Com o sucesso da cura do príncipe, os banhos de mar passaram a atrair a corte portuguesa, que estava alojada aqui no país.
Logo surgiram as primeiras casas de banhos terapêuticos, que ofereciam aos banhistas piscinas com água do mar e locais para se trocar e guardar as roupas. (Se o rei pode, porque um plebeu também não?)
E, assim, o costume se generalizou e hoje nossas praias, de norte a sul do país, fervem a cada feriado ou a cada verão.
E viva o príncipe Dom João, que nos legou esse costume tão saudável!
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