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Direitos Humanos e a missão social da Igreja Católica

Papa Pio XII e a primeira lista de Direitos Humanos em plena guerra

Escrito por Rhanna Felicio

10 DEZ 2024 - 14H42 (Atualizada em 10 DEZ 2024 - 15H55)

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Hoje, 10 de dezembro, celebramos o Dia Internacional dos Direitos Humanos, uma data que nos convida a refletir sobre a dignidade de todas as pessoas. Para a Igreja Católica, os direitos humanos não são apenas uma questão social, mas uma expressão da fé e do amor de Deus por cada ser humano.

Desde o início, a Igreja tem defendido que todos são criados à imagem e semelhança de Deus, o que garante uma dignidade única a cada pessoa. Essa visão está no centro da Doutrina Social da Igreja, que ensina sobre a necessidade de promover a justiça, a paz e a solidariedade.

O Portal A12 conversou com o Padre Inácio Medeiros, C.Ss.R., Mestre em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, para aprofundar essa reflexão. Ele destacou o papel da Declaração Universal dos Direitos Humanos e sua conexão com a missão da Igreja.

Padre Inácio explica que a Declaração Universal dos Direitos do Humanos foi promulgada no dia 10 de dezembro de 1948, pela Organização das Nações Unidas (ONU), no contexto da Segunda Guerra Mundial:

“O mundo estava saindo do conflito, realizando um trabalho não apenas de reconstrução das estruturas destruídas pela guerra, como cidades, pontes, estradas e outras instalações, mas, sobretudo, das vidas humanas, com milhões de vidas perdidas pelo conflito. O mundo queria deixar para trás todos os horrores que viveu com a Segunda Guerra Mundial, pois envolveu direta e indiretamente mais de 100 países.

E o Vaticano é um dos países que compõem a Assembleia Geral da ONU na condição de ‘observadores’.

A Igreja, através de seus representantes da Secretaria de Estado, participa intensamente de toda discussão de temas que versam sobre o ser humano, pois a ‘construção integral de toda pessoa’ diz respeito à Igreja e ao Evangelho.”

A Igreja e a defesa dos Direitos Humanos

corgarashu / Shutterstock
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A relação entre a Igreja e os direitos humanos é profunda e inseparável, como destaca o Padre Inácio:

A Igreja Católica sempre defendeu e promoveu os Direitos Humanos como parte da sua missão, e como expressão do evangelho que pode ser sintetizado no Mandamento Novo da Fraternidade que Jesus nos deixou na Quinta-feira Santa. Considerando que eles são uma expressão da dignidade de todo ser humano, a Igreja prega que sua violação é um claro atentado à natureza humana.

Por esta razão, os Papas estudaram sobre essa questão.

“O Papa Pio XII foi o primeiro a elaborar e promulgar uma lista de direitos humanos, em 1942, no contexto da Segunda Guerra. Depois dele, João XXIII escreveu a encíclica intitulada Pacem in Terris, onde faz menção da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU e de seu cumprimento como parte inerente à construção da paz mundial. Outros documentos da Igreja também tratam da dignidade humana, como a Constituição Pastoral Gaudium et Spes de 1965 e a Declaração Dignitatis Humanae, também de 1965. O Documento de Aparecida, de 2007, também enfatiza os direitos dos seres humanos como parte essencial do evangelho.”

Um desafio que continua, pois mesmo após quase 80 anos da Declaração, muitos desafios permanecem, como ressalta o Padre Inácio:

“Quase 80 anos depois de sua publicação, a desigualdade continua a se perpetuar no meio do mundo, com o flagrante desrespeito aos direitos mais fundamentais do ser humano. São milhões de pessoas que não têm acesso a uma alimentação e água de qualidade; as armas e o poder econômico continuam sendo os argumentos para impor determinado jeito de pensar e viver; e os meios de comunicação, em geral, ainda têm uma visão muito limitada e preconceituosa do que sejam, de fato, esses direitos.”

Diante de todo esse contexto, o Papa Francisco continua se batendo contra a guerra, porque, segundo ele, a Terceira Guerra já está acontecendo, mas aos pedaços.

“Regimes ditatoriais continuam provocando mortes e sofrimentos em várias partes do mundo, como está se vendo agora na Síria.”

A Igreja, através de seus pastores, nos pede para não nos acostumarmos com a injustiça e com a desigualdade

“Que continuemos a sonhar com a possibilidade de que todos os humanos sejam tratados segundo sua dignidade. Isso é evangélico!”

Além de palavras, a Igreja age! Em todo o mundo, há projetos católicos que oferecem educação, saúde e acolhimento para quem mais precisa. Cáritas, pastorais sociais e missionários são exemplos concretos de como a fé se traduz em ações que transformam vidas.

Neste Dia Internacional dos Direitos Humanos, somos convidados a refletir e agir. Que nossa fé se torne um compromisso diário pela dignidade e justiça, conforme nos ensina o Evangelho.

Aqui você pode baixar para ler a Declaração Universal dos Direitos Humanos

.:: Por que devemos conhecer nossos direitos na Igreja e no Estado?

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