Mundo

O conflito entre Israel e os palestinos

Um permanente estado de guerra e violência

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

19 MAI 2021 - 10H00 (Atualizada em 09 OUT 2023 - 15H48)

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O conflito entre Israelenses e Palestinos ocupa novamente as páginas dos jornais e os noticiários das rádios, TVs e páginas da internet, como está acontecendo agora em nossos dias, diante da maior ofensiva militar de uma organização palestina contra Israel na história.

Diante disso, a maioria das pessoas fica se perguntando sobre as razões e até quando este conflito vai acontecer. Será que nunca haverá uma solução de paz?

Por motivos históricos, religiosos, políticos e materiais, israelenses e palestinos disputam continuamente a soberania da Palestina, região do Oriente Médio. Os continuados conflitos se inserem no contexto maior das disputas entre árabes e israelenses, remontando ao século 19, quando o movimento sionista e o nacionalismo árabe começaram a ganhar forma.

Reivindicada por ambos os grupos, a Palestina é também o cenário de muitas narrativas bíblicas, sendo apontada como o local onde teria florescido a antiga monarquia hebraica, posteriormente desmembrada nos reinos de Israel e Judá. É também o berço de muitas outras civilizações semíticas, muitas das quais coexistiram com os povoados hebreus ou os que precederam.

A Palestina abriga os lugares santos ligados a Jesus Cristo e sua presença aqui na terra, lugares buscados tanto por judeus como por pessoas de outras grandes religiões monoteístas.

Compreender a questão geopolítica do Oriente Médio exige uma visão mais ampla da história da região e passa, necessariamente, pelo conhecimento da fundação do Estado de Israel.

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Os conflitos pela Faixa de Gaza

A Faixa de Gaza é um território do Oriente Médio, vizinho ao mar, com apenas 365 Km² e população de mais ou menos 2 milhões de pessoas, com baixo desenvolvimento, sendo um dos lugares mais conturbados do mundo, por causa das presentes disputas.

O território da Faixa de Gaza foi dominado, durante séculos, pelo Império Otomano. A posse da região só mudou de dono com o término da Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918), quando os britânicos passaram a ter o controle do local.

Após o término da Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945), a situação ficou mais tensa quando foi criado o Novo Estado de Israel.

Os conflitos que se ligam à sua criação e existência fizeram com que a região de Gaza recebesse milhares de refugiados palestinos, que foram expulsos de Israel.

Contando com o apoio incondicional dos Estados Unidos, assim como da ex-URSS para o estabelecimento de um lar judeu na Palestina, a tarefa foi realizada pela então recém fundada ONU, em 1947. Essa concordância aumentou, sobretudo, pelo sofrimento vivido pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, quando do Holocausto. Mas discordando da criação do Estado de Israel, os árabes travaram a primeira de uma série de guerras que se seguiram, mas, ao final do conflito, os palestinos ficaram sem território, lançando-se à diáspora.

Leia MaisPapa Francisco faz apelo pela paz entre israelenses e palestinosGuerras continuadas

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial e da criação do Estado de Israel, o Oriente Médio vive em uma constante tensão bélica por conta das inúmeras discordâncias entre os povos da região e os israelenses.

Em 1947, foi votada a criação de Israel na ONU. A votação, comandada pelo diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, repartiu o território em dois Estados, um judeu e um árabe, e o critério usado foi a distribuição geográfica da população das duas comunidades.

A partir daí, as várias guerras que se seguiram estão dentro deste contexto, fazendo parte dos fatos que marcaram a História do Oriente Médio.

  • 15 de maio de 1948-1949: Guerra de independência

O estado de Israel recém-criado tem de entrar em guerra contra cinco nações vizinhas: Egito, Síria, Líbano, Iraque e Jordânia. Israel vence a batalha e muda as fronteiras propostas na partilha aceita pela ONU.

  • 5 e 10 de junho de 1967: Guerra dos seis Dias

Leia MaisA Palestina no tempo de JesusIsrael enfrenta, simultaneamente, os exércitos de Egito, Síria e Jordânia, impondo a todos uma derrota fulminante no conflito.

A guerra e a vitória de Israel transformaram o Oriente Médio, porque tiveram um impacto significativo no mundo árabe, em Israel e na atuação dos Estados Unidos na região. Suas sequelas prosseguem ainda hoje, e ainda não conhecemos o resultado final.

Nesta guerra, Israel demonstrou imensa superioridade tecnológica e estratégica para vencer de forma rápida seus inimigos e estabelecer novas fronteiras para seu Estado, que triplicou de tamanho em seis dias, com os novos territórios anexados. O tempo passou, mas o clima de tensão e a belicosidade continuaram presentes entre as nações.

  • 1973: Guerra do Yom Kippur

Em 1° de outubro de 1973, o Egito e a Síria decretaram estado de alerta máximo ao longo de suas fronteiras, sendo que a Síria movimentou suas tropas até a fronteira com Golan.

Em 06 de outubro, no dia do Yom Kippur, Israel foi atacado por tropas sírias e egípcias. Inicialmente, as tropas encontraram pouca resistência israelense, pois o número de soldados e veículos era pequeno nas fronteiras. Egito e Síria ainda receberam o reforço de sete nações árabes que enviaram equipamentos e homens.

Após o fim dos conflitos armados, o exército de Israel havia se recuperado e apresentava enorme poder bélico. As forças armadas israelenses encontravam-se infiltradas em territórios árabes, sendo que chegaram a 40 quilômetros da capital síria, Damasco, e a 101 quilômetros da capital do Egito, Cairo. Ambas as cidades foram fortemente bombardeadas.

A guerra terminou em 11 de novembro, com grandes perdas para os opositores e ampla vitória de Israel sobre a Síria e Egito, graças à sua superioridade em equipamentos, inteligência e estratégia.

A Faixa de Gaza vive sob bloqueio severo terrestre, aéreo e marítimo de seus vizinhos desde 2007, quando o Hamas chegou ao poder. Atualmente, presenciamos mais um conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas, que deixou mais de 1.200 mortos e milhares de feridos. 

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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