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“Uma vergonha para a humanidade”: O fracasso na manutenção da paz

Fr. Rafael Peres Nunes de Lima C.Ss.R.

Escrito por Fr. Rafael Peres Nunes de Lima, C.Ss.R.

25 FEV 2022 - 11H21 (Atualizada em 25 FEV 2022 - 11H35)

Reprodução/ Vatican News

A fala do Papa Francisco no dia 24 de fevereiro de 2022 ficará marcada nos livros de história. Também neste mesmo dia, a humanidade presenciou aflita a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Ao longo de eras, a humanidade presenciou e causou diversas guerras contra si mesma, sempre buscando o fortalecimento de um lado do jogo de poder. Desde as grandes batalhas travadas pelo Império Romano até as duas grandes guerras mundiais, o ser humano, ao mesmo tempo que buscava manter a paz de um lado, guerreava do outro. Não foi diferente durante a Guerra Fria e não é diferente hoje, em pleno século XXI.

Leia MaisPapa sobre tensão entre Rússia e Ucrânia: “Paz de todos está ameaçada”Os olhos do mundo ficaram vidrados nas telas do celular e da televisão, ansiosos por saberem mais noticias sobre a guerra na Ucrânia. Uma guerra desnecessária, causada por uma busca por recuperar as glórias do passado, que foram perdidas pela Rússia em 1991, com a dissolução da União Soviética.

Mas, ao mesmo tempo em que é uma guerra em busca da recuperação de influência entre os países do leste europeu, é também um aviso aos países ocidentais que buscam avançar com a OTAN até as fronteiras da grande Rússia.

kirill_makarov/ Shutterstock
kirill_makarov/ Shutterstock

Quem são os causadores desta guerra? Quem são os atores principais deste teatro da guerra na Ucrânia? Os meios de comunicação condenam veemente a Rússia. Claro que a opção feita pelo presidente Putin é desastrosa e irracional, mas, ao mesmo tempo que sua resposta ao ocidente foi o estouro da guerra, o avanço da OTAN sobre países do leste também foi um fator que influenciou tal ação.

Não podemos esquecer do passado. Os Estados Unidos, da mesma forma que a Rússia, possuem um passado de invasões a outros territórios, causando não só guerras, como, também ditaduras e embargos. Nos recordemos de 1893, onde os EUA invadiram o reino do Havaí, depondo sua rainha nativa e, em 1898, anexando esse território ao domínio estadunidense. Em 1918, após o final da grande guerra, os EUA invadiram o norte da Rússia na esperança de derrotar o exercito vermelho e restaurar o czarismo, porém foram derrotados. A partir da década de 1950, os Estados Unidos realizaram diversas incursões à vários países. A mais fatal incursão ocorreu de 2003 a 2011, no Iraque.

Leia MaisRússia inicia ataques contra UcrâniaDo mesmo modo, a Rússia, ao longo de sua existência milenar, também invadiu, guerreou, realizou incursões em diversos países do leste europeu. A URSS em seu auge, ocupou grande parte do centro e do leste europeu. Logo, a manutenção da paz pela humanidade como um todo é ato de fracasso.

Políticos das velhas repúblicas e federações ainda pisam nos resquícios gloriosos de suas nações e querem retornar a um passado inglório. Ao invés de condenar uma nação, é preciso primeiro avaliar a própria história.

Erros são cometidos por todos. Atrocidades são causadas em nome da paz. E, a partir do momento em que ninguém é considerado culpado, podemos, com toda a certeza, dizer: todos são culpados.

Uma guerra nunca é vencida, apenas adiada. A derrota causada pela guerra não é sentida apenas nos locais devastados, mas em toda a humanidade. A guerra, então, é “uma vergonha para a humanidade”.

Escrito por
Fr. Rafael Peres Nunes de Lima C.Ss.R.
Fr. Rafael Peres Nunes de Lima, C.Ss.R.

Missionário Redentorista, Bacharel em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e estudante de Teologia no Instituto São Paulo de Estudos Superiores – ITESP.

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Por Redação A12, em Mundo

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