A música proporcionou em muitas ocasiões um ambiente fecundo para o discernimento vocacional. Tantas canções foram compostas. Umas a partir de experiências pessoais, outras de textos e fatos bíblicos... Todas expressando a voz que emana do coração de Deus e vem ao encontro de cada pessoa. Há, sim, no coração de Deus uma musicalidade que seduz e que é mais forte do que nós mesmos (cf. Jr 20,7-13).
::Saiba como é viver a vocação da santidade amando como Jesus amou::
Vocação é uma canção que se escuta com os “ouvidos do coração”. Deixar-se inspirar é ser dócil a este Deus que nos chama. É deixar acontecer o encontro de duas liberdades, humana e divina, que anseiam pela felicidade – todo homem é chamado às bem-aventuranças, chamado a ser feliz. Toda pessoa é convocada a estar em comunhão com Deus. É consagrada a construir e anunciar o Reino de Deus aqui na terra. Por isso, vocação é um compreender Deus na vida e, em cada “passo”, assumir um propósito da missão.
Uma boa música vocacional é aquela que impulsiona a uma acolhida deste Deus que chama e se manifesta em cada coração.
A música é um instrumento louvável no processo vocacional. Na vida da Igreja ela assume uma função pedagógica. Ela aponta caminhos, desperta outros horizontes, chama a atenção, impulsiona, dá fervor... Mas, jamais supera a própria voz de Deus. Uma boa música vocacional é aquela que impulsiona a uma acolhida deste Deus que chama e se manifesta em cada coração. Afinal, diante de tudo o que ela apresenta no quesito vocacional, “a decisão é tua” (Pe. Zezinho), a decisão é de quem a escuta.
O tema deste mês de Agosto – vocação – muito mais do que grandes reflexões, exige sinceridade conosco mesmo e com os outros. Muitos homens e mulheres já estão com longos passos dentro de um processo vocacional. O importante é se comprometer com o caminho que está sendo percorrido. Por isso, vocação também exige educação! É preciso educar-se a ouvir a voz de Deus.
Acredito que Deus, por muitas vezes, usou da música para chamar homens e mulheres para o serviço do Reino. Reporto-me à comunidade em que cresci (Americano do Brasil/GO): antes de todas as celebrações na Igreja o povo era convocado à Santa Missa pelas músicas que ressoavam nas cornetas da Igreja. Quantas vezes eu fui para Igreja cantarolando as músicas que escutava: “Estou pensando em Deus, estou pensando no amor...” ‘Se ouvires a voz do vento chamando sem cessar...’” (Pe. Zezinho). Sem dúvidas, aquilo era um chamado...
Mas, já estamos em outra época, onde em muitas comunidades, já nem podem mais usar seus autofalantes das Igrejas por mandatos judiciais. Muitas pessoas já não se dão à arte de contemplar uma música, no sentido poético e melódico. Talvez, atualmente, música seja somente entretenimento, um evento acústico que perpassa a existência, mas sem muito significado – ‘modismo’? Parece que estamos diante de um grande desafio.
Contudo, a música, ainda hoje, continua sendo um instrumento vocacional. No entanto, precisa ser atualizada para que chegue ao coração de todas as pessoas. Mas, será que essa atualização se daria com novos ouvidos capazes de compreender o acervo musical que já temos? Ou precisamos de um novo modo de compor para que se chegue aos ouvidos de hoje?
...temos que levar as canções da nossa vida que permitam um diálogo entre Deus e seu povo.
Na verdade, eu não tenho respostas. Concluo evidenciando que a música já proporcionou muito no ambiente vocacional e, ainda hoje, deve continuar convocando à comunhão com Deus. Em um mundo – refiro-me as pessoas – carente de Deus e de cuidados humano-afetivos, temos que levar as canções da nossa vida que permitam um diálogo entre Deus e seu povo. Músicas que possibilitem a troca de vida e amor, que elevem a alma, que façam a efusão de corações humanos com o coração divino. Por fim, que ofereçam significados e sentidos a partir de Jesus Cristo, abrindo espaços concretos para a vivência daquilo que acreditamos e somos chamados a ser.
Abraços de
Wallison Rodrigues
(Músico e compositor)
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.