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A preocupação da Igreja Católica com os povos indígenas

Bispos do Brasil falaram ao A12 sobre o dia em defesa à preservação da cultura, da história e dos direitos desta população

Escrito por Alberto Andrade

19 ABR 2023 - 18H09 (Atualizada em 08 AGO 2024 - 15H59)

Maiara Dourado - CIMI

Em 9 de agosto, é comemorado o Dia Internacional dos Povos Indígenas. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1994, para homenagear e reconhecer as tradições destes povos e promover a conscientização sobre a inclusão dos povos originários na sociedade, alertando sobre direitos e reafirmando as garantias previstas na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

De acordo com o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nosso país tem quase 900 mil indígenas em todos os estados.

No Brasil, tradicionalmente o Dia dos Povos Indígenas é celebrado no dia 19 de abril. O antigo Dia do Índio teve o nome alterado a partir de um projeto de lei apresentado em 2019, aprovado no Congresso Nacional e sancionado pela Presidência em 8 de julho de 2022, mudança que reconhece a diversidade cultural destes povos, destacando que cada povo tem sua própria história, tradições e modos de vida.

A luta pela causa dos indígenas é um compromisso da Igreja Católica, com ações que visam criar um espaço de discussão, inclusão e visibilidade, com o objetivo de se unir a eles, que são patrimônio da humanidade e guardiões da floresta.

Tiago Miotto/Cimi
Tiago Miotto/Cimi


Amor e respeito pelos indígenas

Presente na 60ª Assembleia Geral da CNBB em 2023, Dom Roque Paloschi, Arcebispo de Porto Velho (RO), falou ao A12 sobre as ações que a Igreja desenvolve para defender a dignidade de nossos irmãos e irmãs indígenas:

“O nosso desafio é superar uma mentalidade preconceituosa, onde não vemos pessoas nos povos indígenas. Condenamos suas culturas, línguas e espiritualidades, e nós, como Igreja, reconhecemos os pecados que cometemos em relação ao caminho percorrido durante mais de 500 anos aqui no Brasil. Mas, a partir também do Concílio Vaticano II e do encontro de Santarém, em 1972, a Igreja retoma uma nova parceria e compromisso com a defesa dos povos, dos seus territórios e direitos originários, com base na Constituição de 1988”.

Dom Roque também falou que todas as esferas da sociedade podem ajudar estes povos, que sofrem há tempos com a desigualdade, as explorações e a violência.

“Muitas vezes, o Estado brasileiro estava indiferente a respeito dos povos indígenas. Queira Deus que agora, com o Ministério próprio e também com a responsabilidade da Funai, possamos ter passos significativos, com as terras sendo demarcadas e registradas, e mais ainda, a vida sendo respeitada!

Como o Papa disse em janeiro de 2018, nunca os povos indígenas estiveram tão ameaçados, sendo preciso que não fiquemos indiferentes! Temos uma responsabilidade com tudo isso: o nosso coração não pode ficar indiferente com a dor desses mais de 300 povos originários. Por isso, hoje é uma data tão rica para nosso país, e queira Deus que, pela força do Espírito Santo, saibamos construir novas relações para que estes povos sejam respeitados!”.

Igreja apoia as causas dos povos originários

João Pedro Oliveira - A12
João Pedro Oliveira - A12

Dom Mario Antônio da Silva, arcebispo de Cuiabá (MT), durante a Assembleia Geral, enfatizou que as datas não sejam apenas uma lembrança, mas sim o reconhecimento da sabedoria e da riqueza com que os indígenas podem contribuir com a sociedade atual.

Creio que o dia de hoje nos faz refletir na necessidade de reconhecer o protagonismo dos povos indígenas e comunidades tradicionais, reconhecer a sabedoria das comunidades indígenas e beber dessa fonte, até mesmo para descobrir soluções para muitos problemas que vivemos em nosso planeta, principalmente na questão da preservação ambiental”.

Dom Mário também ressaltou que é preciso um olhar mais atento aos indígenas, para que eles continuem a ser povos organizados e respeitados, tendo grupos e entidades para apoiarem suas causas.

“Temos três frentes, como todos acompanharam. Primeiro, as comunidades indígenas, a necessidade do respeito e do cuidado, de maneira integral com as pessoas que lá estão. Segundo, um apoio aos garimpeiros, que de lá tiveram que sair, e, ao mesmo tempo, encontrarem espaço de trabalho e sustento, também a necessidade de projetos sociais para sustentabilidade para aqueles que deixaram suas ocupações e atividades lá no garimpo ilegal. E terceiro, a recuperação da natureza e dos espaços degradados, sejam rios e florestas e até mesmo os animais! Veja, é uma temática que requer de nós um olhar muito atento, porém, um olhar com esperança, desde que reconheçamos o protagonismo e a sabedoria dos povos indígenas”, finalizou o Arcebispo.


Saiba mais sobre o povo indígena Karipuna

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