“Crise climática” é a expressão que tem sido utilizada para evidenciar a situação ambiental do planeta relativa às mudanças bruscas no clima. Estas mudanças são variações na precipitação, nebulosidade e temperatura média global. Apesar da Terra já ter experimentado mudanças no clima, as alterações extremas estão acontecendo de forma muito mais rápida. Dessa vez, não está relacionado a causas naturais e, sim, à atividade humana.
Com o passar do tempo, as evidências da crise tornaram-se mais claras. Nos últimos anos, o mundo tem ficado mais quente.
Por mais que o planeta já tenha passado por diversas mudanças climáticas, muitas vezes, de forma extrema, congelando e descongelando. Entretanto, o que vem ocorrendo dessa vez é que não se trata de alterações da própria natureza, mas sim, da atividade humana na Terra. As temperaturas globais em 2023 bateram todos os recordes de calor. Os números foram confirmados recentemente pelo Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S), da União Europeia.
No ano passado, o planeta esteve, em média, 1,48 °C mais quente do que no período pré-industrial de 1850–1900, época em que os seres humanos começaram a queimar combustíveis fósseis em larga escala, poluindo a atmosfera com crescentes emissões de dióxido de carbono.
A Igreja Católica reconhece a natureza como obra, presente e dom de Deus que precisa ser cuidada e preservada. A responsabilidade humana de cuidar da obra de Deus é compromisso de fé. Recentemente, sentimos os efeitos das catástrofes ambientais.
“Por isso são fundamentais o conhecimento, a informação científica e o diálogo com a ciência. Além da ciência, é importante considerar o conhecimento dos povos tradicionais, especialmente os povos indígenas, que há muito tempo nos alertam para as questões ambientais e para o cuidado da casa comum”, disse Dom Evaristo Pascoal Spengler, Bispo da Diocese de Roraima (RR) e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil).
O bispo também falou que a Igreja Católica atua e trabalha a partir desses dois dados, o dado da fé e o dado científico.
“Não há contradição entre a fé e a ciência, há diálogo e complementação. A fé serve de motivação, de mística e a ciência contribui com a fundamentação técnica e metodológica”.
Um grande referencial para a ação da Igreja é o Papa Francisco, que tem sido um protagonista na questão ambiental. Em 2015, o Santo Padre publica a Encíclica Laudato Si, um dos melhores documentos que temos hoje, no mundo, sobre a questão ambiental. Ela foi escrita não só para a Igreja, mas para todo o mundo, como contribuição da Igreja para a Conferência do Clima de Paris.
“Na capital francesa, o Papa foi uma das vozes mais contundentes para programar ações para garantir que o aquecimento global não ultrapasse 1,5 graus até 2050. O termo ‘Ecologia Integral’ foi cunhado pelo Papa Francisco, e se refere a uma ecologia ambiental, ecologia social, ecologia humana e ecologia política”, disse Dom Evaristo.
O Sumo Pontífice realizou outras ações importantes, como um Sínodo sobre a Amazônia em 2019 e a Encíclica Laudate Deum, uma atualização da Laudato Si, que segue insistindo na responsabilidade dos governos e de toda a sociedade com o cuidado com a casa comum. No Brasil, a Campanha da Fraternidade de 2025 terá como tema a Ecologia Integral.
Ações da Igreja pela preocupação com as questões ambientais
Presente em nove países que compõem a Amazônia, a REPAM trabalha temas fundamentais para este cuidado com a natureza como: justiça socioambiental, defesa dos territórios tradicionais, campanhas contra as queimadas, proteção dos defensores e defensoras dos direitos humanos e dos direitos dos povos da floresta, entre outros programas.
“Outra posição firme da Igreja Católica é o espírito crítico quanto ao modelo econômico baseado no consumismo, nos grandes projetos econômicos, pautados na exploração exacerbada dos recursos naturais, que tem como objetivo principal o lucro. É impossível uma economia com crescimento linear e permanente, com um planeta com recursos limitados e finitos. Portanto, como Igreja, acreditamos que esse modelo precisa ser repensado”.
Irmão Afonso Murad fala do tempo de emergência climática que estamos vivendo
Fonte: REPAM/CNBB
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