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Conselho Missionário aponta aumento na violência aos indígenas

Relatório de órgão ligado a CNBB relata casos que envolvem o aumento do número de mortes, conflitos e outros tipos de violência

Escrito por Redação A12

23 JUL 2024 - 14H10 (Atualizada em 23 JUL 2024 - 15H58)

CNBB

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) lançou, na segunda-feira (22), o relatório “Violência contra os Povos Indígenas no Brasil”, com dados de 2023.

O arcebispo de Manaus (AM) e presidente do Conselho, Cardeal Leonardo Steiner, recebeu os participantes e agradeceu a Conferência por abrigar o lançamento do relatório e apoiar a causa indígena, como vem fazendo ao longo da história do país.

Leia MaisSecretário-geral da CNBB fala sobre a violência contra os povos indígenasNa abertura deste lançamento, Luis Ventura secretário-executivo do Conselho, disse que o relatório torna público mais um grito de denúncia, e que pretende dar visibilidade às situações e realidades vividas nos territórios indígenas no Brasil.

“O relatório é um documento que pretende cobrar e instigar àqueles que têm responsabilidades para que tomem as medidas de forma urgente para enfrentar a violência permanente e estrutural contra os povos indígenas, disse.

Entre os dados apresentados no levantamento, estão que ao menos 208 indígenas foram assassinados no país em 2023 (15,5% a mais do que em 2022), segundo pior resultado desde 2014, quando o Conselho ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) passou a recorrer a dados oficiais para contabilizar homicídios. O número atual é apenas inferior ao de 2020, quando houve o registro de 216 mortes de forma violenta.

Ainda de acordo com o Cimi, no ano passado Roraima (47), Mato Grosso do Sul (43) e Amazonas (36) foram os estados que encabeçaram o ranking com maior número de assassinados.

Juntos, totalizam quase 40% dos homicídios registrados em 26 das 27 unidades federativas. A maioria (171) das vítimas tinha entre 20 e 59 anos e foram identificadas como homens (179), enquanto as demais 29 foram registradas como mulheres.

CNBB
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“O ambiente institucional de ataque aos direitos indígenas foi espelhado, nas diversas regiões do país, pela continuidade das invasões, conflitos e ações violentas contra comunidades e pela manutenção de altos índices de assassinatos, suicídios e mortalidade na infância entre estes povos”, acrescentam os responsáveis pelo documento.

Em relação aos direitos territoriais, o Cimi registrou 1.276 casos de violência, distribuídos entre os subtipos de ocorrência, omissão e morosidade na regularização de terras (850); conflitos (150) e invasões, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio (276).

O relatório também denuncia o que classifica como “violência por omissão do poder público”, destacando o que os autores classificam como casos de desassistência geral (66 ocorrências), além de episódios na área da educação escolar (61) e na saúde (100).

Willian Bonfim – Ascom CNBB
Willian Bonfim – Ascom CNBB


Luís Ventura ainda destacou que esta realidade de acirramento e intensificação da violência contra os povos indígenas nos territórios no Brasil, foi alimentado pela manutenção da Lei 14.701/2023 promulgada pelo Congresso Nacional e pelo impasse ainda existente no âmbito do Supremo Tribunal Federal.

Em dezembro, a CNBB divulgou nota se solidarizando com os povos indígenas, ressaltando quatro pontos sobre a derrubada pelo Congresso Nacional da maior parte dos vetos presidenciais, entre eles o da tese do Marco Temporal, projeto que restringe a demarcação de terras indígenas àquelas já tradicionalmente ocupadas por esses povos em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da nova Constituição Federal.

A recente decisão do Congresso Nacional, de 14 de dezembro de 2023, que derrubou a maioria dos vetos presidenciais ao Projeto de Lei (PL) 2903/2023, dentre eles o marco temporal, ameaça a vida e a integridade dos povos indígenas, desestabiliza a relação com os demais poderes da República, cria obstáculos à proteção dos territórios originários e viola o direito às terras que eles tradicionalmente ocupam, prerrogativa já confirmada pelo Supremo Tribunal Federal”.

.:: Confira na íntegra o relatório “Violência contra os povos indígenas no Brasil”


Aparecida Debate aborda a questão dos povos originários

Fonte: CNBB / CIMI

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