A campanha Dezembro Vermelho marca uma grande mobilização mundial em prol da prevenção e combate ao vírus HIV, bem como outras IST's (infecções sexualmente transmissíveis).
Leia MaisIgreja Católica reza em memória aos mortos pela Aids Luta contra a Aids: infectologista alerta para a falta de consciênciaDe forma abrangente, a ação visa eventos de conscientização, campanha nas mídias, palestras, atividades educativas e afins.
Para Lucas Rocha Rossi, médico do SUS, ter um mês dedicado a essa conscientização é importante não só para a prevenção, como também para a discussão de questões sociais.
“Ter um mês dedicado a se falar sobre o vírus abre espaço não só para se discutir a prevenção, como também todas as questões derivadas. Elas se estendem desde o preconceito, fomentado com a errônea terminologia "grid" (gay-related immune deficiency, em português, deficiência imunológica relacionada a gays) entre 1981 e 1982, passando pela segregação desse grupo atualmente pelo receio infundamentado de contágio, chegando até a própria prevenção, cuidados pós-exposição e, mais recentemente, pré-exposição”, trata o médico.
Dom Luiz Antônio Lopes Ricci, bispo de Nova Friburgo e referencial da Pastoral da AIDS, também aborda o tema.
“Essa questão do preconceito e discriminação infelizmente continua presente. O vírus da AIDS surgiu há mais de 40 anos, no início esse vírus veio acompanhado de um estigma de muito preconceito, mas com o passar do tempo, com as informações, nós temos condições de superar isso”, diz o bispo sobre o preconceito existente em relação ao vírus.
É relevante destacarmos o quanto a discussão sobre o assunto evoluiu, ganhando mais relevância e maior combate às fake news, mesmo que ainda haja muito o que possa avançar. O resultado desta maior informação é positiva na sociedade e ajuda no tratamento e prevenção.
“Vemos a melhor aceitação do diagnóstico, bem como o desejo e a adesão à terapêutica (antirretrovirais - coquetel). Observamos, por meio da melhor compreensão de todos, a redução gradativa do preconceito, culminando em uma melhor qualidade de vida do portador do vírus. Vejo, no dia a dia, que a orientação dada à população tem um papel fundamental no controle de qualquer doença, sendo ela uma IST ou não”, aborda Lucas sobre o impacto positivo da Campanha, bem como de toda a discussão sobre o assunto.
Sermos como Jesus
"'Pois eu estive com fome e me destes de comer, estive com sede e me destes de beber, fui estrangeiro e me acolhestes, estive nu e me vestistes, fiquei doente e me visitastes, estive na prisão e me fostes ver’. Os justos então lhe perguntarão: ‘Mas, Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber, estrangeiro e te acolhemos, ou nu e te vestimos, doente ou na prisão e te fomos visitar?’ Aí o rei responderá: ‘Na verdade vos digo: toda vez que fizestes isso a um desses mais pequenos dentre meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’." (Mateus 25, 35-40).
Sempre que virmos o preconceito falar mais alto em alguma situação, devemos compreender se isso nos aproxima de Jesus. Dom Luiz Antônio destaca a necessidade de amarmos assim como Jesus nos ama.
“Para nós que somos cristãos, basta olhar para Jesus Cristo: se Jesus estivesse aqui, o que Ele faria no meu lugar? Se a gente olhar no tempo de Jesus, a doença que excluía, que marginalizava, era a hanseníase, a lepra, e é interessante que, no Evangelho, um leproso se aproxima de Jesus. E Jesus podia curá-lo à distância, mas Jesus quis tocar o leproso, é interessante”, exemplifica o bispo, relembrando a passagem da Sagrada Escritura.
Dom Luiz Antônio também aborda como a Pastoral da AIDS é um abraço de Deus na vida das pessoas que mais precisam.
“Imitando Jesus a gente vence os preconceitos, a discriminação, os julgamentos. Nós amamos, acolhemos. Esse é o trabalho da pastoral da AIDS, o acolhimento, a solidariedade, a proximidade, o que também nos pede o Papa Francisco. Na verdade, o cristão tem que ser a proximidade de Deus na vida do vulnerável, do pobre e do necessitado. Jesus quer contar conosco nessa missão”, diz o bispo.
Por isso, é necessário sermos sempre fonte de informações confiáveis e servos de Deus na acolhida. Estarmos prontos para encontrar caminhos, orientar pessoas, indicar quem verdadeiramente possa ajudar e acolher na Igreja quem mais necessita. Sejamos como Jesus e caminharemos em direção ao Reino dos Céus.
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