Dia da Favela: O trabalho dos cristãos nas comunidades

Dia 4 de novembro é conhecido como o Dia da Favela. Esse é um termo conhecido desde 1900 quando foi usado pela primeira vez por um delegado que se referiu ao Morro da Providência, como “favela”.Leia MaisNão se esqueçam dos pobresCNBB lança material de reflexão para o Dia Mundial dos Pobres

Com o passar dos anos a palavra "favela" e o termo "favelado", passaram a ser usados como termos pejorativos, o que desvaloriza ainda mais as famílias que vivem nesses aglomerados de casas.

De acordo com o estudo divulgado pelo MapBiomas, o número de cidades com favelas no Brasil, cresceu 25% em 36 anos. Em 1985, o primeiro ano com dados registrados sobre o assunto, o número de aglomerados era de 538, em 2021 esse número chegou a 738 municípios brasileiros.

Essas ocupações costumam ser em locais de riscos e as famílias que vivem nas comunidades não costumam ter um acesso fácil a oportunidades que fazem com que consigam uma casa própria fora de um lugar de risco. Com o passar dos anos muitas iniciativas passaram a valorizar os moradores de comunidades e incentivar principalmente crianças e jovens, a buscar uma melhor qualidade de vida e a possibilidade de um futuro diferente.

De acordo com Celso Athayde, CEO da Favela Holding e um dos fundadores da Central Única das Favelas (Cufa), a Favela é um espaço de resistência e resiliência e lembra que celebrar o Dia da Favela não é um ato para “glamourizar” a existência da favela, porque a intenção é buscar projetos de habitação, transporte e segurança.

“Por isso queremos que você, de qualquer favela, faça no dia de hoje, neste 4 de novembro, um gesto por essa data, que dê um abraço no pai, entregue uma flor à professora da sua favela, liga para alguém, mande uma mensagem, corte um bolo, a gente quer que hoje seja um dia que as pessoas celebrem, protestem, reconheçam aquilo que é feito e produzido nesses locais Brasil adentro. Carentes são eles, Favela é potência!”

É necessário entender que os problemas encontrados nas favelas, não servem como rótulos aos moradores, pelo contrário, devem servir como combustível para que entidades, organizações, governo e empresas, façam algo para melhorar a qualidade de vida de cada morador destes locais e potencializar os talentos e as possibilidades que lá existem.

A Igreja nas favelas

Há anos, as igrejas costumam fazer parte de diversas ações sociais dentro das comunidades, além de levar o Evangelho buscam também incentivar projetos e somar na busca por direitos e planos que fortaleçam a qualidade de vida das famílias que vivem nesses aglomerados.

Dom Hélder Câmara, um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e um defensor dos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil, dizia que “Deus não aprova as injustiças, isso é um problema nosso”.

E realmente, esse é um problema da sociedade como um todo, não podemos fechar os olhos para as comunidades e nem agir como se esse fosse “um problema somente do governo”, dom Hélder, pregava uma igreja voltada aos pobres e não a violência, por este motivo também ficou conhecido como o bispo das favelas.

“Sozinho você não pode fazer nada, mas com seus vizinhos, sua comunidade, é possível começar a fazer algo. É preciso começar a encarar o problema. Então frequentemente escutamos: ‘isso é tarefa do Governo’, pois eu digo: ‘Ora, se vocês não começarem, o Governo não chegará, é preciso começar’ ”.

São diversas as ações que as igrejas realizam para ajudar não só as comunidades, mas também pessoas que sofrem com a pobreza e a fome, como por exemplo, o Dia Mundial dos Pobres, que será celebrado no próximo dia 13 de novembro, no qual trabalha o tema : “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14, 16), e reflete o tema bíblico que o Papa escolheu: “Jesus Cristo fez-se pobre por vós” (cf. 2 Cor 8, 9).

A verdade é que faz parte da essência de ser um cristão, ser também um missionário e ajudar os irmãos. Seja levando a Palavra de Deus, seja agindo como Jesus, ou apenas sendo uma pessoa que faz o bem ao próximo.