Dicastério para a Doutrina da Fé ensina sobre a validade dos sacramentos

“Os sacramentos da nova Lei foram instituídos por Cristo e são em número de sete, a saber: o Batismo, a Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a Unção dos Enfermos, a Ordem e o Matrimônio. Os sete sacramentos tocam todas as etapas e momentos importantes da vida do cristão: outorgam nascimento e crescimento, cura e missão à vida de fé dos cristãos. Há aqui certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da vida espiritual” (Catecismo da Igreja Católica, n.º 1210)

Aqui no Portal A12 você confere a respeito da fundamental importância dos Sacramentos para nossa fé católica. Por essa importância, e diante de muitos casos de abusos litúrgicos recentes, o Dicastério para a Doutrina da Fé publicou a nota “Gestis verbisque”, discutida e planejada por cardeais e bispos membros na recente Plenária do Dicastério e, portanto, aprovada pelo Papa Francisco. 

Nela é reafirmado que fórmulas e elementos materiais estabelecidos no rito essencial do sacramento não podem ser alterados por vontade própria em nome da criatividade. Assim fazendo, de fato, o próprio sacramento é inválido e, portanto, nunca existiu.

Leia MaisEucaristia: sacramento inscrito no DNA espiritual Quais as diferenças entre sacramento e sacramentais?Cardeal Victor Fernández, prefeito do Dicastério, disse ao site Vatican News que a origem do documento partiu do “multiplicar de situações em que se era obrigado a constatar a invalidade dos sacramentos celebrados”, com modificações que “tinham depois levado à necessidade de rastrear as pessoas envolvidas para repetir o rito do batismo ou da crisma, e um número significativo de fiéis expressou corretamente a sua preocupação”.

Um dos exemplos citados dos abusos foi a respeito do batismo, de alterações impróprias na fórmula original, como “Eu te batizo em nome do Criador” e “Em nome do pai e da mãe… nós te batizamos”. Casos que preocuparam também alguns sacerdotes, que tendo sido batizados com fórmulas deste tipo, descobriram dolorosamente a invalidade da sua ordenação e dos sacramentos celebrados até então.

“Enquanto em outros âmbitos da ação pastoral da Igreja há amplo espaço para a criatividade, tal inventividade no âmbito da celebração dos Sacramentos se converte antes em uma 'vontade manipuladora' e, portanto, não pode ser invocada. Mudar a forma de um Sacramento ou a sua matéria é, portanto, sempre um ato gravemente ilícito e merece punição exemplar, precisamente porque tais gestos arbitrários são capazes de produzir graves danos ao fiel Povo de Deus”, ressaltou o Cardeal.

Diocese de Uruaçu (GO)

O agir de Deus na matéria e na forma do Sacramento

A Nota Doutrinária ainda orienta que a Igreja tem o dever de assegurar a prioridade da ação de Deus e de proteger a unidade do Corpo de Cristo nas ações que não têm igual porque são sagradas por excelência, com uma eficácia garantida pela ação sacerdotal de Cristo. A Igreja é, além disso, consciente de que administrar a graça de Deus não significa apropriar-se dela, mas tornar-se instrumento do Espírito no transmitir o dom de Cristo pascal.

“A matéria do sacramento consiste na ação humana por meio da qual Cristo age. Nela, às vezes, está presente um elemento material (água, pão, vinho, óleo), outras vezes um gesto particularmente eloquente (sinal da cruz, imposição de mãos, imersão, infusão, consentimento, unção)”, explica a nota.

O Dicastério é objetivo ao informar que a matéria e a forma dos sacramentos nunca dependeram e não podem depender da vontade de um único indivíduo ou de uma única comunidade, mas sim, é constituída em vários graus, na Sagrada Escritura, que alicerça suas raízes na viva Tradição eclesial e foi definida com autoridade pelo Magistério da Igreja.

“Para todos os sacramentos, em cada caso, sempre foi exigida a observar matéria e forma para validarem a celebração, com a consciência de que modificações arbitrárias cuja gravidade e força que invalidam são verificadas de tempos em tempos comprometem a concessão da graça sacramental, com evidente dano aos fiéis. O que se lê nos livros litúrgicos promulgados deve ser fielmente observado sem acrescentar, retirar ou alterar nada”.

A nota comunica que a virtude operante nos Sacramentos modela o rosto da Igreja, permitindo transmitir o dom da salvação que Cristo morto e ressuscitado, no seu Espírito, deseja compartilhar com cada homem.

“Cabe a eles, em primeiro lugar, garantir que a beleza da celebração do cristianismo seja mantida viva e não, seja deformada por uma compreensão superficial e redutiva de seu valor ou, pior ainda, por sua instrumentalização a serviço de alguma visão ideológica, seja ela qual for. Somente dessa forma a Igreja pode, dia após dia, crescer no conhecimento do mistério de Cristo, mergulhando a vida no mistério de sua Páscoa, aguardando seu retorno”.

Padre Ferdinando reflete a respeito do Batismo

Fonte: Vatican News