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Dom Luiz, arcebispo emérito de Manaus: “a missão me transformou”

Escrito por Redação A12

24 JUL 2024 - 14H50 (Atualizada em 24 JUL 2024 - 17H06)

Ivan Simas/A12

Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus, completou 40 anos de episcopado e refletiu sobre sua missão em todos esses anos, destacando o trabalho na Amazônia.

Ele ainda falou sobre os desafios da evangelização e como a missão transforma. Atualmente, o prelado emérito continua seu pastoreio ministrando retiros e confissões.

Dom Luiz conta que aprendeu muito em seu episcopado na Amazônia, uma missão que mudou bastante sua vida, onde se empenhou em viver seu lema episcopal: Servir e não ser servido. Por 21 anos, pastoreou a arquidiocese de Manaus.

“Bastante tempo, 40 anos de caminhada. Estou com 87 anos, e quando eu fiquei bispo tinha 47 anos. Fui nomeado bispo no dia do meu aniversário, em 2 de maio, como bispo de Macapá. Fiquei sete anos e meio lá. Foram anos bonitos, muitas comunidades, no interior, ao longo dos rios, nas estradas. Em 1991, o Santo Padre me nomeou para Manaus, e no dia 19 de janeiro de 1992 eu tomei posse.”

Vatican News / Reprodução
Vatican News / Reprodução

Ele contou ao Vatican News que o começo foi muito desafiador, pois Manaus começou a crescer de repente; entravam mais de 40 mil pessoas por ano, vindas do interior, do Pará e do Nordeste: “Foi uma época complicada, porque a Igreja não tinha condições”.

O bispo emérito destaca que, mesmo em meio às dificuldades, encontrou uma grande parceria e um bonito caminho em sua missão.

Dom Clóvis, com um grupo de padres, fez um projeto de evangelização das periferias envolvendo as paróquias, surgindo as regiões missionárias. Na zona Norte, onde está mais da metade da população hoje, era tudo invasão, o pessoal ia ocupando. Tínhamos uma Irmã Adoradora, a Ir. Helena, que foi fabulosa, organizou o pessoal, fazia ocupações muito bonitas. Nós fomos enfrentando a situação. Os leigos, graças a Deus, padres, os diáconos também. Nós recebemos apoio de outras dioceses do Brasil e também das congregações religiosas femininas... eram muitas religiosas.”

Mesmo após sua renúncia, em 2012, o bispo continuou sua missão e seu compromisso com o Evangelho. Voltou para a diocese de Apucarana, no Paraná, onde atuou na catedral, e depois foi para a paróquia do interior, onde está há 10 anos.

“No domingo, nosso cardeal, Dom Leonardo, promoveu a missa para lembrar meus 40 anos de episcopado. Fiquei muito feliz de reencontrar os padres, os dois bispos auxiliares… fui eu que ordenei muitos dos presbíteros, e muitos conhecidos, muitos amigos. Tudo isso ajuda a gente a se alegrar e a agradecer a Deus por tudo o que Ele realizou”.

O bispo falou ainda sobre sua missão como bispo na Amazônia, destacando o quanto aprendeu e o quanto foi transformado.

A missão muda a gente… Quando fui nomeado, eu pensei: o que eu vou fazer? Lembrei-me de Jesus, que diz que Ele veio não para ser servido, mas para servir e dar a vida por muitos. E falei: 'olha, é isso que eu vou fazer, como Jesus quis e que todo cristão deve fazer'. Então, meu lema de bispo é justamente isso: servir e não ser servido. Isso tem me orientado vida afora. E eu agradeço muito a Deus ter vindo para cá, primeiramente Macapá, depois esse desafio de Manaus. Gostei da missão, ela mudou minha vida”.

Dom Luiz ainda lembra e destaca a obra de companheiros bispos, e também fala sobre o atual episcopado brasileiro.

“Nos meus primeiros anos de episcopado encontrei figuras que estão na história. Eu lembro Dom Helder, Dom Luciano Mendes, Dom Ivo Lorscheider, Dom Aloísio Lorscheider, Dom Paulo Evaristo Arns, alguns bispos do Nordeste, grandes nomes, foi uma época de bispos muito proféticos. Foi a época em que estava a ditadura, já caminhando para o final da ditadura, e foram bispos que enfrentaram a situação. Estavam lá Dom Pedro Casaldáliga, Dom Tomas Balduino, Dom Erwin. Foi uma época de muito entusiasmo. Hoje, o episcopado é ótimo, mas nós não temos nomes que sobressaiam. Esse é o problema do episcopado brasileiro hoje: nós não temos nomes como aqueles que havia na época, talvez devido ao tempo e à cultura que nós estejamos enfrentando”.

Por último, o bispo ainda contou como está seguindo sua missão após se tornar emérito, deixando um exemplo a todos.

“Já são 11 anos que sou emérito. Quando eu saí daqui, eu decidi fazer duas coisas: atender confissões, que não tinha atendido quase como bispo, e me pôr à disposição da Igreja do Brasil. O que apareceu foram muitos retiros. Nos primeiros anos eram 10 retiros, depois na pandemia diminuiu, mas ainda eram quatro ou cinco, e agora vai retomando. Me dedico a isso, além da paróquia, ajudar o padre nas celebrações, nas confissões. Tenho a vida cheia, graças a Deus”.

Fonte: Vatican News

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