O manuscrito original de Clavis Prophetarum (Chave dos Profetas), do padre Antônio Vieira, falecido em 1697, foi encontrado por pesquisadores portugueses e apresentado em Lisboa, Portugal. O manuscrito estava perdido há mais de 300 anos.
A descoberta foi feita por dois pesquisadores portugueses. Ana Travassos Valdez, especialista em literatura apocalíptica e pesquisadora principal do Centro de História da Universidade de Lisboa, descobriu o manuscrito em 2019, quando teve acesso ao arquivo da Universidade Gregoriana. Arnaldo Espírito Santo é professor emérito da Faculdade de Letras e responsável por uma edição crítica do livro III da Clavis.
“Acabou o mito de que o original não existe. O trabalho para se desvendar os segredos da Clavis Prophetarum só agora começou”, disse a pesquisadora portuguesa Ana Travassos Valdez, em entrevista para um jornal português.
O padre Nuno da Silva Gonçalves, reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, disse em entrevista que esse manuscrito é muito importante para a igreja.
“Estou certo de que apresentar em 2022 este manuscrito de Antônio Vieira é motivo de satisfação para todos nós: pelo valor do manuscrito em si mesmo e porque o seu autor, Vieira, é uma figura luso-brasileira por excelência; uma figura capaz de continuar a juntar as duas margens do Atlântico”.
O manuscrito foi escrito em latim e trabalhado por quase quatro décadas pelo padre Vieira. Ele iniciou a escrita na Europa e terminou no Brasil. Em seus últimos anos, já com a saúde debilitada e cego, ditou alguns trechos do texto e morreu sem termina-lo.
O livro era conhecido por cópias e traduções que circulavam de formas dispersas, mas com a publicação da versão completa, os pesquisadores esperam o aumento do interesse por pesquisa da obra do padre Antônio Vieira.
“Vamos ver as surpresas que saem de lá de dentro. É uma caixa de Pandora”, disse a pesquisadora Ana Travassos.
Antônio Vieira nasceu em 1608, em Lisboa, partiu com a família para o Brasil aos seis anos de idade. Estudou no Colégio dos Jesuítas de Salvador e ali despertou sua vocação religiosa. Estudou línguas, filosofia, teologia, retórica e dialética.
Como religioso jesuíta, foi missionário, sacerdote, catequista e diplomata, se destacando por denunciar da desumanidade com que os colonos tratavam indígenas e também contra escravos na sua época.
Em 1641, retornou para Lisboa, em um momento de restauração do reinado de Portugal, após décadas de subordinação ao trono espanhol.
Dom João IV, o primeiro monarca da casa de Bragança, foi conquistado pelas pregações de padre Vieira. O jesuíta se tornou conselheiro de dom João IV, mediador e representante de Portugal em relações econômicas e políticas na França, Holanda e Itália.
Voltou para o Brasil em 1653 e por dominar idiomas indígenas, se dedicou à catequese dos índios no Pará e no Maranhão, além de lutar contra os colonos que desejavam escravizar os índios. Em consequência disso, os jesuítas foram expulsos do Maranhão em 1661, retornando a Lisboa.
Padre Antônio Vieira retornou ao Brasil em 1681, e se dedicou a ordenar seus sermões para transformá-los em livros, deixando mais de 200 sermões e 700 cartas. Morreu em Salvador (BA), em 18 de julho de 1697, aos 89 anos.
Fonte: Acidigital, Aleteia,
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