Movimento Igreja Inclusiva acolhe pessoas autistas e com outras deficiências

Um movimento que nasceu da inquietação do coração de uma mãe com um filho autista, e que não estava mais conseguindo participar das missas com sua família, hoje pode ajudar outras famílias, acolhendo pessoas autistas e com outras deficiências, sem as afastar da presença de Deus.

Ariana do Sacramento Andrade Valadão, professora e mãe de uma criança atípica, se juntou a duas terapeutas que colocaram seus dons à disposição de Deus e abraçaram esta missão, criando o Movimento Igreja Inclusiva, que já está sendo levado a outras dioceses no Brasil.

Tudo iniciou com o diagnóstico de Pedro, 8 anos, autista não verbal, nível 3 de suporte, e as dificuldades em participar das missas em família. Ariana e seu esposo tinham uma vida pastoral e, por conta do comportamento do filho, perceberam a necessidade de buscar uma saída. Daí surge o Movimento Igreja Inclusiva. Leia Mais7 práticas de inclusão na catequesePapa Francisco destaca urgência em promover inclusão e combater a cultura do descarte

“Começamos a ficar tristes por não poder estar na igreja em família e contamos ao sacerdote. Assim nasceu o movimento com as nossas missas adaptadas; primeiro suprimimos a segunda leitura e a missa fica um pouco mais rápida, com a homilia mais breve direcionada aos pais. A música com um som mais baixo e as luzes mais ambiente. Temos um espaço externo e uma equipe que dá todo o suporte para as crianças. Espaço externo seguro com portão fechado, para evitar que as crianças saiam. A criança autista não tem noção do perigo”, relata Ariana.

Movimento Igreja Inclusiva

A diocese de Nova Friburgo lançou o Movimento Igreja Inclusiva, que começou na capela Santa Cruz, em Macaé–RJ, e agora se expande para outras paróquias da diocese, acolhendo famílias atípicas e promovendo um ambiente inclusivo e acessível durante as missas.

Em maio de 2023, o padre José Ruy Correa Junior celebrou a primeira missa com adaptações específicas para favorecer a inclusão de pessoas com deficiência na cidade.

A divulgação e conscientização também são muito importantes para que o trabalho continue sendo realizado. Por isso, o movimento vai promover, na Diocese de Nova Friburgo, seminários, debates com formação para sacerdotes e leigos, para criar um ambiente acolhedor e inclusivo.

“A principal missão do Movimento Igreja Inclusiva é acolher todas as famílias, com atenção especial às que têm membros com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras deficiências. As missas são cuidadosamente preparadas para garantir a participação de todos, com suporte de servos para garantir a segurança das crianças, espaço físico, som e iluminação ajustados para evitar sobrecarga sensorial”.

Ariana está na coordenação deste projeto e conta com o apoio de Michelle Lima Bastos Moreira, terapeuta ocupacional, e Morgana Junger Freitas de Menezes, psicopedagoga. As três trabalham na missão e no desafio de promover a inclusão na Igreja, percebendo a necessidade de criar um trabalho pastoral que acolhesse adequadamente as famílias atípicas formadas com pessoas com deficiência.

Acolhimento a todos

O movimento não se limita a dar suporte às pessoas autistas ou às suas famílias, busca garantir um espaço seguro e acolhedor a todos. Ele também acolhe pessoas com outras deficiências e transtornos e seu núcleo familiar, que por barreiras físicas, sensoriais e/ou sociais se sentem impedidas de participar da Santa Missa convencional.

As organizadoras estão trabalhando para expandir o projeto a diversas paróquias proporcionando uma comunidade mais inclusiva e respeitosa com ações, além da missa, formações às pastorais, momentos de espiritualidade com adoração, espaço de confissão com suporte às crianças, pregações para as famílias e servos do movimento e orientações específicas aos padres.

Fonte: Vatican News