O que é a vocação?

Leia Mais5 vezes em que o Papa falou sobre as vocaçõesTrês qualidades dos discípulos para você viver sua vocaçãoVocação Familiar: Cuidado, paciência e amorCerta vez, o saudoso missionário redentorista Padre Queiróz afirmou, em um de seus textos, que um sábio subiu em uma alta montanha e, de lá, contemplou a terra e seus habitantes. Ele viu dois grupos de pessoas.

Um grupo vivia na tirania do egoísmo. Seus membros se odiavam, se maltratavam e até se matavam. O sábio perguntou: Por que vocês fazem isso? Eles responderam: É porque nós não conhecemos o sentido da vida.

O sábio voltou-se para o outro grupo. Neste as pessoas se amavam profundamente. Ajudavam os necessitados, partilhavam seus bens e viviam numa grande alegria. Ele fez para este grupo a mesma pergunta: Por que vocês fazem isso? Eles responderam: Por que nós conhecemos o sentido da morte.

No texto, o padre também ressaltou que de fato, a convicção de que um dia vamos morrer, e de que o Juiz nos mandará para um destes três lugares: O Céu, o purgatório ou o inferno, leva-nos a uma aproximação maior do Evangelho. Torna-nos mais desapegados dos bens da terra e mais apegados aos bens do Céu. Tomando, tal afirmação pode-se perguntar: O que é a vocação e o sentido dela em nossas vidas?

O missionário redentorista Padre Camilo Júnior diz: “Acreditamos que Deus nos chama e nos confia uma missão. O próprio Jesus insiste no Evangelho que se peça ao Senhor da Messe que envie trabalhadores, pois a colheita é grande e existem poucas mãos e corações que se dispõem a construir e a edificar o Reino. A partir dessa Palavra a Igreja entende que a sua missão é rezar pelas vocações e pedir para os vocacionados perseverem no chamado, na missão que Deus lhe deu. Toda vocação é um dom de Deus para o nosso coração humano e toda vocação humana é um chamado de amor”.

Vocação é algo que se desenvolve ou é dom que nasce com a pessoa?

Diante disto vem o questionamento: Quem nunca fez uma escolha na vida que não carregasse inseguranças? Na vida religiosa ou na profissão que se escolhe para a vida é sempre comum refletir e pensar nos erros e acertos.

O psicólogo Carlos Eduardo Soares explica que vocação deriva do latim “vocatio”, que significa chamado: 

“Nasce com a gente. Portanto, a vocação é uma habilidade que nos leva a executar, ao longo da vida, uma profissão ou carreira. É um dom, ou seja, existe dentro de nós. O grande problema é que muita gente não olha para dentro de si para se ‘perceber no mundo’ e essas vocações acabam não sendo descobertas, ou sentidas, fazendo com que as pessoas não as coloquem em prática e que podem culminar numa ‘instabilidade emocional’ quando se percebe que o que faço não me preenche. Olhar pra dentro de si e descobrir o que te faz brilhar os olhos é se encontrar com a sua vocação”.

Mas será que é possível e saudável mudar de escolha durante a vida? Ou seja, quando jovens muitos são cobrados de fazer um vestibular, escolher o quer da vida com 18, 20 anos, mas ao longo do caminho outras aptidões e desejos surgem. Muita gente tem medo de mudar de vida aos 40 ou 50. Como fazer neste momento?

Soares detalha que escolher uma profissão ou fazer uma escolha com base em sua vocação implica em encontrar uma atividade que nos preencha, que nos faça sentir completos e nos realize enquanto desempenho essa escolha:

“Decepcionar-se com a decisão, muitas vezes, se deve ao fato de não ter se preparado adequadamente ao tomar determinada escolha para si ou não amadurecer bem a ideia”.

Mas calma lá, o psicólogo tranquiliza e mostra que isso não é o fim do mundo. “Durante a vida, todos estamos em constante aprendizado e, por muitas vezes, somos levados a nos reinventar. Neste caso, é fundamental buscar ajuda profissional para uma orientação vocacional e profissional para que essa escolha seja de forma mais segura e sem riscos de causar danos novamente, ou seja, para nos dar mais segurança em escolher corretamente caso sinta a necessidade de mudança. Nunca é tarde para mudar!”, completa.

Não sei se caso ou se compro uma bicicleta

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Nas relações, muita gente liga no automático e termina buscando a vida matrimonial, porque é o mais “normal”. Sabia que ser solteiro também é uma vocação? Mas é preciso discernimento.

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Carlos Soares reflete que se pode dizer que toda escolha impacta, diretamente, sobre a vida. E enquanto existe dúvida pode-se adaptar a situação a um “estado de vida” enquanto não se sabe, com clareza, qual escolha vocacional que se faz.

Para ele, a vocação pode ser entendida como um compromisso permanente. E, muitas vezes, o “estar solteiro” se faz necessário para que se perceba qual o lugar ocupar no mundo e como se deve escolher uma vida profissional.

“Quando estamos num relacionamento, o pensar por dois pode — não que seja, pois cada caso é um caso — atrapalhar a descoberta por minha vocação. Tem pessoas que escolhem a vida de solteiro, mas, também existem situações onde a vida de casado não se encaixa com minhas escolhas de vida, meus dons, ou, simplesmente, por minhas escolhas profissionais.

O relacionar-se é, também, ter uma responsabilidade por ter que cuidar da vida de alguém, junto com a sua vida. O mais importante disso tudo é sempre olhar para dentro de si e viver naquilo em que se acredita. Uma pessoa não pode se encontrar plenamente, senão, pelo sincero dom de si mesmo”, conclui.

.:: Veja também o vídeo abaixo, onde Pe. Camilo aborda a mesma questão