A Assembleia final do Sínodo foi encerrada no domingo (27), com a Santa Missa presidida pelo Papa Francisco.
No sábado (26), foi divulgado o Documento Final do encontro, que foi aprovado nos seus 155 pontos e apresenta o fruto de três anos de escuta do povo de Deus, quando milhões de pessoas no mundo caminharam juntas ao refletir o tema: “Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão e missão”.
Leia MaisÉ comum não haver documento papal para encerrar o Sínodo?Papa finaliza Sínodo sobre a Sinodalidade com Santa MissaNesta última sessão da 16ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos em Roma participaram 368 membros com direito a voto, dos quais 272 eram bispos, assim como aconteceu na primeira sessão em 2023, mais de 50 votantes foram mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.
“Todos, na esperança de que não falte ninguém. Todos! Todos! Todos! Ninguém fique de fora! Todos! E a palavra-chave é esta: a harmonia, que é obra do Espírito; a Sua primeira manifestação forte, na manhã de Pentecostes, é harmonizar todas aquelas diferenças, todas aquelas línguas, todas aquelas coisas… Harmonia!
Quanto mal causa os homens e mulheres da Igreja quando erguem muros! Não nos devemos comportar como ‘dispensadores da Graça’ que se apropriam do tesouro, amarrando as mãos do Deus misericordioso”, disse o Papa Francisco no seu discurso no encerramento.
A Rede Aparecida de Comunicação, representada pelo portal A12 e TV Aparecida, acompanharam a fase final desta sessão diretamente de Roma, e entrevistou diversos participantes brasileiros do Sínodo, entre religiosos e leigos, falando de pontos abordados durante os 26 dias da assembleia sinodal.
Como ser uma Igreja sinodal, missionária e misericordiosa?
Dom Dirceu de Oliveira Medeiros, bispo de Camaçari (BA) e presidente do regional Nordeste 3 (Bahia e Sergipe) foi membro da Equipe de Animação do processo Sínodo no país e esteve à frente da organização da escuta à Igreja no Brasil e falou ao A12 dos passos dados a partir do Sínodo para praticarmos a sinodalidade em nossas comunidades.
“Agradeço a Deus por esse processo que vivemos desde 2021, e percebemos claramente a ação do Espírito Santo e que a Igreja ganha um novo ar de coparticipação, de corresponsabilidade e quem tem fé, percebe essa ação no processo que está sendo desenvolvido na Igreja.
O Papa acentua bem este aspecto e o fez com maestria, que é um encontro eclesial, cujo protagonista é o Santo Espírito, que trabalhou e continua trabalhando nesse processo, porque Ele é quem conduz a Igreja.
Uma vez aprovado o Documento Final, a missão para a Igreja do Brasil é recepcionar o texto, que traz intuições preciosas para nós, como a conversão relacional nesse mundo polarizado, o Sínodo deu um grito para a paz, saber harmonizar as diferenças, pois temos muitos conflitos armados no mundo e isso é um contratestemunho e um sinal de desesperança. O Sínodo é esse sinal de esperança e o Papa movido nesse Espírito aposta em reunir a diversidade de Igreja procurar caminhos para favorecer a comunhão e a missão”.
O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), Dom Jaime Spengler respondeu a respeito do que será aplicado nas paróquias a partir do encontro.
“Terminou a Assembleia, mas agora é que começa o Sínodo propriamente dito. Até agora foi uma preparação em vista de um trabalho que devemos inaugurar agora para frente. Ou seja, levar adiante o que durante quatro semanas, e também em três anos, sintetizado.
Na base desse trabalho realizado ao longo desse tempo, a inspiração foi o Documento de Aparecida, que continua sendo uma referência para muitos e diria para toda a Igreja. Algo que inspirou e inspira as nossas comunidades”.
O olhar do Laicato sobre o Sínodo
Como você pode conferir aqui no A12, o protagonismo do leigo e da mulher na Igreja foi refletido no Vaticano nesses dias. Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), falou das suas percepções do Sínodo para os leigos e leigas.
“A sinodalidade é um processo de estruturas onde o laicato está inserido. Esse Sínodo trouxe muito isso, olhar a estrutura onde nós estamos e como contribuir para a conversão desse espaço.
A partir do nosso batismo somos chamados a olhar que somos Povo de Deus, e temos que romper com isso, pois sinodalidade e estruturas fechadas não combinam! O discernimento no Espírito também é fundamental!
Se nós não tivermos a clareza de que qualquer ação que formos fazer em vista da missão, precisa ter um discernimento do Alto, nós estaríamos fazendo por nós ou por alguém.
Nós somos obras do Espírito Santo, e podemos fazer muito, trazendo sempre os pobres como centro da missão! O que preocupa é que ficamos muito presos em estruturas, mas esquecemos do foco da missão, os pobres. A Igreja Sinodal tem esse sentido, de precisar chegar às periferias, e incluir estes irmãos e os evangelizar também”.
A Igreja no desejo de caminhar juntos
O Arcebispo de Manaus (AM) e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Cardeal Leonardo Steiner explica que no Documento Final é retratado como podemos ser evangelizadores em nossas paróquias.
“No texto está ali que a Igreja sempre quer estar a caminho. Não se trata de conservar o que nós temos, mas se trata de dialogar e escutar quais as necessidades que as comunidades têm para, sim, sermos uma Igreja próxima do Povo de Deus. O fio condutor desse estudo será o Povo de Deus, de lá que saem as vocações e os ministérios para melhor a comunidade viver o Evangelho”.
Cardeal Steiner também ressaltou as questões ambientais discutidas em algumas sessões na assembleia sinodal.
“É uma questão de vida ou morte! Ou nós acordamos, ou nós nos enterramos! Atrás disso está uma terrível concepção que tudo está a serviço do dinheiro.
Enquanto tudo estiver assim e não a serviço da humanidade, nós não daremos passos. Não estamos chamando a vida! O Papa nos ajuda demais, e insistido neste aspecto e está sendo pouco ouvido.
Nós como Igreja, especialmente nós da Amazônia, queremos assumir cada vez mais isso, com trabalhos bonitos realizados em nossa região, a COP 30 que irá acontecer em Belém, podem nos ajudar muito nesse caminho.
O Vaticano trabalha para que a COP tenha um significado ótimo, como o de Paris, onde as conclusões nasceram especialmente da Encíclica Laudato Si”.
Confira os detalhes do encerramento do Sínodo no Vaticano
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