Opinião

3 fatos provam que o Auto da Compadecida é um retrato da vida

Escrito por Eduardo Gois

16 JUN 2021 - 15H45 (Atualizada em 15 MAR 2023 - 15H54)

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Um novo milênio começava no ano 2000 e o cinema e a TV nacional viviam um fenômeno de audiência com uma produção nada convencional: era o Auto da Compadecida, produção baseada em obra de Ariano Suassuna, sucesso que não sai da memória dos brasileiros, mesmo 21 anos após a sua estreia.

Agora uma nova geração começa a conhecer a obra nas plataformas de vídeos e a reprise de 2020 quase quebrou a internet com homenagens, memes, comentários e comparações com produções mais recentes.

Mas por quais motivos uma história escrita em 1955 e passada nos anos 1930 ainda pode fazer tanto sucesso nos dias atuais?

1º motivo:  O mestre Ariano Suassuna

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O pai da obra é o primeiro motivo e mais claro para o êxito. Não só o Auto da Compadecida, mas toda a sua obra é eterna, atemporal, é respeitosa com os personagens e com o público.

Além disso, Ariano Suassuna era o que chamamos de um católico consciente da fé, o que garantiu trabalhar a sua arte adicionando elementos da religiosidade, do sagrado, misturados ao humor, na medida e na dosagem correta. Ele conseguiu o feito de mostrar uma mulher adúltera, um padre interesseiro e outros aspectos, de maneira que não ofendem a fé.

No vídeo abaixo, Ariano fala da certeza da própria fé.

2. O inesperado

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Leia MaisMuseu faz resgate da obra de MazzaropiNa época do filme, Maria foi interpretada por Fernanda Montenegro o que causou grande expectativa do público.

Fernanda vinha de um grande sucesso do cinema nacional, “Central do Brasil” e o fato de Maria ser representada por ela foi motivo de grande orgulho, pois um papel tão importante para os católicos merecia ter uma grande estrela como Fernanda na pele da Mãe de Cristo.

Ela, como esperado, não decepcionou. Ali era uma grande advogada dos fracos, uma personagem incrível, uma mulher forte e protetora.

Outro ponto marcante e inesperado foi a desconstrução do rosto de Cristo, até então exaustivamente mostrado como um europeu, loiro, de olhos azuis e cabelos compridos. Desta vez, Jesus era negro e quebrava diversos paradigmas.

3. Todos nós temos um lado bom e um lado ruim

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Todos os seres humanos têm seus defeitos, suas ruindades, mazelas, características pobres, mas no filme, Ariano foi capaz de mostrar que todos ali tinham um lado bom e que, muitas vezes, era a vida que nos tirava do caminho ideal.

Xicó, João Grilo, o Padre, o Bispo, o padeiro, etc., todos os personagens mostravam um resumo do rosto humano, da vida que não é um conto de fadas, dos altos e baixos, nada mais que um retrato de cada um de nós. O lado bom é que cada um tinha ali a esperança que os motivava a seguir em frente.

Se estou certo? “Não sei, só sei que foi assim”.

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