Desde o nosso nascimento, possuímos um acervo informacional constituído por imagens e palavras que se ampliam e se modificam ao decorrer de nossa existência, à medida que ampliamos nossa visão de mundo. A questão é que grande parte desse acervo é formado a partir de percepções imagéticas e textuais oriundas de outras pessoas que nos impedem de enxergar a realidade dos fatos. Como, muitas vezes, nosso único acesso a determinadas informações ocorre por meio de tais percepções, passamos a considerá-las como retratações fidedignas do mundo real.
Leia MaisRedes sociais: ameaça para a humanidade? Ao fazermos isso, nós nos equivocamos, pois nos esquecemos de que são impressões narradas por alguém. Se a narração de um indivíduo pode deturpar e condicionar nossa visão para uma realidade construída, que podemos dizer então dos meios tecnológicos que potencializam, infinitas vezes, essa capacidade de reconstrução imagética dos fatos?
Na obra Os meios de comunicação como extensões do homem, de 1964, o autor Marshall McLuhan (1911 – 1980), renomado pesquisador da Universidade de Toronto, ressalta como os meios de comunicação e as tecnologias provocaram acentuadas mudanças na percepção da sociedade como um todo, bem como de seus indivíduos. Trata-se de uma linha de pensamento também desenvolvida por Neil Postman (1931 – 2003) que, em 1971, passou a usar o termo Ecologia das Mídias para se referir às influências provocadas pelos meios midiáticos na formação humana.
Ao analisarmos tal questão, percebemos o papel fundamental exercido pela mídia na criação e construção de verdades, por meio de seu aparato tecnológico, com o objetivo de condicionar o olhar do público para determinadas crenças fomentadas por empresas, políticos e outros grupos hegemônicos, por exemplo. O surgimento da fotografia, em 1826, pode ser considerado um grande marco nesse aspecto, por alterar nossa forma de enxergarmos o mundo.
Tal inovação, na época, representou um grande rompimento com todo e qualquer registro imagético predominante até então. Se, antes da fotografia, o olhar do observador estava condicionado às percepções do pintor – que utiliza dos pincéis para deixar sua impressão -, bem como dos modelos artísticos de sua época; com o aparelho fotográfico, o fotógrafo utiliza de outros meios para recortar, editar e omitir determinadas informações, a fim de narrar a sua própria versão.
No entanto, a fotografia se transforma, para muitos, em registro fiel da realidade e, assim, esta deixa de existir para se transformar em uma nova versão construída que tende apenas a se intensificar, posteriormente. Com a primeira transmissão de informações por ondas de rádio, em 1906, e a primeira transmissão da TV, em 1926, o público passa a formar seu acervo informacional a partir dos conteúdos radiofônico e televisivo, de modo que uma parte da audiência restringe sua formação de mundo ao universo midiático.
O condicionamento do olhar do público se torna ainda mais intenso com a exibição constante de imagens em movimento na televisão. Assim como a fotografia, as imagens televisivas recriam realidades, porém, em ritmo mais acelerado, dificultando um processo de filtragem de informações pelo público.
Mas eis que a partir da década de 1990, com a popularização da internet, e dos anos 2000, com o surgimento das redes sociais, principalmente, é que a audiência ganha voz e espaço para também usar das tecnologias, a fim de influenciar inúmeros outros internautas com um alcance incontrolável. Se as mídias tradicionais se direcionavam para uma massa enviando o mesmo tipo de conteúdo, a internet passou a produzir infinitos conteúdos, condizentes com as diferentes realidades existentes na sociedade, criando a falsa impressão de que, pela primeira vez, a tecnologia atendia as necessidades de cada um, dando-lhe a falsa sensação de detentor do conhecimento. Assim, mesmo com a enxurrada informacional virtual, os internautas são inseridos em bolhas que os impedem de enxergar o todo.
Portanto, embora o conceito de Ecologia das Mídias tenha surgido na década de 60, pode ser perfeitamente aplicável no estudo das mídias digitais que intensificou, radicalmente, a mudança nas percepções humanas, que já iniciara com as mídias tradicionais.
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