Recentemente, presenciamos um incêndio com a parcial destruição de uma estátua do bandeirante Borba Gato, localizada numa movimentada avenida da cidade de São Paulo. A justificativa dos que praticaram tal ato está no fato de ter sido ele um praticante da escravização de índios no período colonial do Brasil. Borba Gato percorria os sertões à procura de riquezas, fazendo, ao mesmo tempo, o apresamento dos indígenas que fossem encontrados.
Episódios como esse não são esporádicos e têm acontecido com certa frequência, não só no Brasil como em outros países, mesmo naqueles que se auto-intitulam “civilizados”.
O incêndio da estátua de Borba Gato fez aumentar a discussão sobre a conveniência ou não de se manter monumentos históricos representativos de atos do passado, hoje julgados como deploráveis, ou pelo menos, se deve-se ou não agregar placas com informações pertinentes ao fato em cada monumento. Se puxarmos pela memória, sem um esforço maior, poderemos fazer um elenco de episódios desse nível, atingindo não apenas monumentos materiais, como também grupos e pessoas, o que é muito mais grave.
Fanatismo religioso e atitudes radicais justificam a destruição de monumentos?
Um dos exemplos mais gritantes é o do Estado Islâmico, que atua no Oriente Médio, tendo já praticado atos terroristas também em países da Europa. Seus membros fazem uma interpretação extrema dos princípios do Islã, por acreditarem ser os únicos reais fiéis. Eles veem o resto do mundo como infiéis que querem destruir a sua religião.
Movidos pelo fanatismo e por princípios radicais, atacam muçulmanos e não muçulmanos. Decapitações, crucificações e assassinatos em massa já foram usados para aterrorizar seus inimigos. Infiéis são condenados a penas severas, como apedrejamento, execução e até crucificação pública. Os seus militantes usam versos do Corão para justificar seus atos, aplicando trechos que incitam a "golpear a cabeça" dos infiéis.
Outros grupos terroristas com as mesmas características também aterrorizam outras regiões do globo, sobretudo países da África.
A fúria do Estado Islâmico voltou-se contra monumentos e, em julho de 2014, por exemplo, o grupo destruiu a Tumba de Jonas, local sagrado tanto para o Islã, quanto para católicos e judeus. Além disso, diversos sítios históricos, monumentos e cidades foram destruídos com a mesma alegação, por serem coisas de “infiéis”.
Voltando um pouco mais no tempo, podemos recordar o Movimento Talibã. Ao assumir o poder no Afeganistão, nos anos de 1990, usando das mesmas justificativas destruiu à base de dinamite várias estátuas gigantescas de Buda, que eram locais de culto e de visitação pública. Foi o mesmo Talibã que proibiu as mulheres de aprenderem a ler e escrever.
Entre nós, volta e meia recebemos notícias de invasão de igrejas católicas por pessoas fanáticas, que destroem imagens e profanam lugares sagrados, vilipendiando inclusive o sacrário, espalhando hóstias consagradas pelo chão.
A lista poderia ser bem maior, mas esses exemplos já bastam para elucidar a questão, pois, além da gravidade desses atos, por serem patrimônios históricos, religiosos e culturais, devemos nos questionar sobre os efeitos nocivos do fundamentalismo, do fanatismo e do radicalismo, sejam eles de que espécie for.
Esses conceitos sempre existiram, mas ganham ares de maior gravidade em diversos momentos históricos da civilização, por fundamentarem pensamentos e atitudes de preconceito, racismo e destruição.
Foram conceitos como esses que levaram à execução em massa dos judeus e de outros grupos minoritários pelo nazismo no tempo da Segunda Guerra Mundial, justificados pela ótica da superioridade da raça ariana. No seu conceito, somente os arianos tinham direito à existência. Todo o contrário deveria ser extirpado para que o estado ariano pudesse prevalecer. Além dos judeus, ciganos, pessoas portadoras de deficiências físicas e mentais, pessoas de tendência homossexual e tantas outras foram trucidadas para que o estado prevalecesse.
Questões que nos fazem pensar
Convenhamos que a pura e simples destruição de um monumento pelo fogo não vai extirpar a escravidão da humanidade. Ela ainda hoje existe, em outros formatos e em outras realidades. Predominando atitudes radicais como as que foram citadas, monumentos que recebem milhares de turistas todos os anos deveriam ser destruídos.
As pirâmides do Egito também foram construídas com mão de obra escrava, inclusive do povo bíblico do Antigo Testamento. A Grande Muralha da China, o palácio dos imperadores do Japão e outros monumentos espalhados pelo mundo teriam a mesma destinação. No Brasil, rodovias que levam o nome de Anhanguera, dos Bandeirantes e outros monumentos deveriam deixar de existir.
Mais do que descarregar a fúria destruidora sobre monumentos, não seria melhor trabalhar para que o radicalismo, o fanatismo, o preconceito, que são geradores de tantas mazelas na sociedade, deixassem de existir?
Recentemente, li num jornal de circulação nacional: “Queimar monumentos não apaga o passado, mas exalta a ignorância que grassa no presente”. Dá o que pensar!
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