A santidade-amor crescente por Deus e pelos outros pode - e deve - ser adquirida através das coisas de todos os dias e que se repetem, muitas vezes, numa aparente monotonia. “Para amar a Deus e servi-lo, não é necessário fazer coisas estranhas”.
Cristo pede a todos os homens, sem exceção, que sejam perfeitos como seu Pai celestial é perfeito (Mt 5, 48). Para a grande maioria dos homens, ser santo significa santificar o seu próprio trabalho, santificar-se no trabalho e santificar os outros com o trabalho e, assim, encontrar a Deus no caminho da vida.
É confortante ver como, em nosso tempo e com todas as situações que hoje vivemos, o Senhor continua a despertar, no coração e na vida dos jovens, tão belos sinais e exemplos. Como fico feliz ao ver tantas pessoas que, com sinceridade, vivem a vida do Evangelho no dia a dia dessa grande metrópole.
O exemplo do jovem Guido é parte de uma grande multidão de santos que temos percorrendo as ruas de nossas cidades. Ao iniciar o processo de beatificação, olhamos todos com carinho e incentivamos para que continuem com esse coração aberto para viverem com generosidade a vida cristã e serem sinais do Reino.
O Mestre chama todos à santidade, sem distinção de idade, profissão, raça ou condição social. Não há seguidores de Cristo sem vocação cristã, sem uma chamada pessoal à santidade. Deus nos escolheu para sermos santos e imaculados na Sua presença, dirá São Paulo aos primeiros cristãos de Éfeso; e para conseguirmos esta meta, é necessário que nos empenhemos em acolher a graça de Deus e procuremos corresponder ao Seu chamado, num esforço que se prolongará por todos os nossos dias aqui na Terra.
Neste sábado, 24/01/2015, autorizados pela Congregação para a Causa dos Santos, iniciaremos o processo arquidiocesano em vista da apuração da vida e missão do jovem médico que tanto serviu aos pobres nesta arquidiocese, grande pregador da Palavra de Deus, homem de oração e que estava nos últimos anos entrando para o Seminário: Guido Schäffer.
Ele nasceu em 22 de maio de 1974, em Volta Redonda, Rio de Janeiro. Em 1988, formou-se em Medicina e, um ano depois, iniciou sua residência médica na Santa Casa de Misericórdia e o atendimento médico à população de rua com as Missionárias da Caridade. Em 2001, passou a integrar o corpo clínico da Santa Casa e a atuar na Pastoral da Saúde.
Inclinado ao ministério presbiteral, iniciou os estudos preparatórios no Mosteiro de São Bento, em 2002, e ingressou no Seminário São José em 2008. O seu amor à Eucaristia, a sua vida de profunda oração, a sua entrega abnegada aos pobres e doentes, a sua dedicação missionária e a sua humildade em esperar o momento de receber o Sacramento da Ordem, que fortemente desejava, são traços que compõem o retrato da alma de Guido.
Em 1º de maio de 2009 ele faleceu, vítima de afogamento enquanto surfava na Praia do Recreio dos Bandeirantes, aqui no Rio de Janeiro. Durante a JMJ do Rio foi exibido um documentário sobre a vida dele. Em entrevistas com seus parentes e amigos, o documentário pretendeu mostrar a vida de Guido Schäffer como um exemplo a ser seguido pelos jovens.
Segundo uma das produtoras do filme, Cristina Arouca, o projeto do filme é dela e de seu marido, Manuel Arouca. A história de Guido é tão rica e cheia de detalhes que dá para fazer tudo. O documentário impressiona pela atualidade da realidade das pessoas que falam.
Cristina conta que os jovens se apaixonavam pela forma com que ele conduzia a vida e que muitas pessoas foram tocadas pelo seu exemplo e testemunho, e até hoje se mantém fiéis ao seu propósito de vida: “Dizem que ele encadeava luz e paz e se dedicava muito à Palavra de Deus”. Além desse documentário, muitos livros já foram escritos sobre o jovem Guido que, temos confiança, será um belo exemplo para a juventude do mundo, com a sua vida desenrolada em uma grande metrópole e com atividades próprias de um jovem, porém com a convicção cristã de sua identidade e missão.
Após sua morte, muitos relatos começaram a surgir sobre a vida de Guido e o seu túmulo virou ponto de visitação frequente. Os testemunhos sobre a dedicação aos pobres, busca de profunda intimidade com Deus, ardor pela evangelização, entre outros fatos, começaram a despertar a atenção da Arquidiocese do Rio, que se interessou em investigar a sua trajetória.
Em maio de 2014, a nossa Arquidiocese solicitou o pedido de concessão do “Nihil Obstat” (Nada Consta). Junto a esse pedido, foram enviadas histórias da vida do seminarista Guido, para comprovar que ele viveu de acordo com os ensinamentos da Igreja.
Ser santo é descobrir, na peregrinação deste mundo o caminho das bem-aventuranças, da esperança de descobrir Deus, de se encontrar face a face com o Senhor com a esperança de se tornar santo no momento do encontro definitivo com Ele. O Papa Francisco, na Solenidade de Todos os Santos de 2014, ensinou:
“Que o Senhor nos ajude e nos conceda a graça desta esperança,
mas inclusive a graça da coragem de sair de tudo aquilo que é destruição, devastação,
relativismo de vida, exclusão do próximo, exclusão dos valores e exclusão de tudo o que o Senhor nos ofereceu: exclusão da paz.
Que Ele nos liberte de tudo isto e nos conceda a graça de caminhar na esperança de nos encontrarmos um dia face a face com Ele.
E esta esperança, irmãos e irmãs, não desilude”!
Foi composta uma oração para esta causa, que autorizamos que seja utilizada em nossa Arquidiocese:
Amado Deus e Senhor,
que através da vida do vosso jovem Guido Schäffer,
nos ensinastes, com seu exemplo e ardor missionário,
a lançar-nos mar a dentro no caminho da fé,
concedei-nos por seu testemunho
de jovem, médico, seminarista e surfista,
anunciar com renovado ardor vossa Palavra
e alcançar por sua intercessão a graça que vos pedimos (pedir a graça),
a fim de que tenhamos, um dia,
a alegria de vê-lo elevado à glória dos altares.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo,
Filho bendito da Virgem Maria,
Mãe do Amor Formoso,
Ele que é Deus convosco,
na unidade do Espírito Santo.
Amém!
(Rezar Pai- Nosso, Ave-Maria e Glória ao Pai).
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