Leia MaisPapa divulga texto sobre Dia Mundial da Paz e pede diálogo, educação e trabalhoPapa sobre mulheres abusadas: "Problema quase satânico"Papa: “Alegria de Jesus é o 1º ato de caridade ao próximo”A Igreja Católica não se desentende das guerras. Mas não me refiro à guerra entre os homens e nações, pois a guerra de um cristão “não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo”. A Igreja entende de guerra, de luta, mas não é presa da mentira, e sabe onde está o que merece luta e oposição: o mal e o erro, o pecado e suas consequências de escravidão.
A Igreja não se ilude. Ela conhece o homem, pois nela vive Cristo e a força de seu Espírito, que conhecem o homem. Assim Ela sabe hoje, como sempre soube, que a rejeição do bem não fica somente no íntimo do coração humano. Ela entende que do coração de cada um o mal se estende e se concretiza em círculos cada vez más amplos até chegar às políticas mundiais, às estruturas sociais, às maquinações dos grupos de poder, aos planos políticos e suas visões setoriais, às concepções filosóficas redutivas e mais.
Hoje, alguns católicos parecem ter acordado para o que vem sendo chamado de “Guerra Cultural”. Ou seja, uma luta entre visões do mundo, da vida, das coisas como um todo. Visões não neutras ou frias, mas cheias de diversos tipos de sentimentos, percepções, desejos, expectativas, como também maquinações e planejamentos. É o mundo de hoje, dividido em bandos, entre os de “direita” e “esquerda”, do norte e do sul, os tais e os quais. Mas também não se deixa enganar a Igreja, pois trata-se da luta de sempre, cujo princípio se encontra no coração de cada um.
Assim, a Igreja, seus filhos e filhas, se lembram perfeitamente o que o Papa Paulo VI dissera tantos anos atrás, de modo programático, como um desenho alentador de ação evangelizadora para os tempos de hoje:
“Para a Igreja não se trata tanto de pregar o Evangelho a espaços geográficos cada vez mais vastos ou populações maiores em dimensões de massa, mas de chegar a atingir e como que a modificar pela força do Evangelho os critérios de julgar, os valores que contam, os centros de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação” (Evangelii Nuntiandi, 19)
Sim, é necessária uma guerra, mas a guerra dos audazes anunciadores do Evangelho, que já nas suas vidas vivem o que pregam, e se enfrentam aos principados do mal. Uma luta para fazer da Verdade do Evangelho o ponto de inspiração da vida social, política, educacional, econômica, familiar, eclesial, comunitária etc. Fazer da verdade Cristã, sua luz, sua reconciliação, a força construtora de uma nova civilização, a civilização do amor.
Trata-se da luta de sempre, a de levar o Evangelho a todo o mundo, não somente geograficamente, mas interiormente, nos corações dos homens e no coração de tudo aquilo que estes mesmos homens constroem e realizam.
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