Nos dias de hoje, é quase uma tarefa impossível estar em algum bar, casa de show, restaurante ou outro lugar parecido e não encontrar alguém que esteja tirando a famosa selfie; isso se esse alguém não formos nós mesmos, afinal, quem não gosta de registrar uma foto de si mesmo, sozinho ou acompanhado, para mostrar o lugar em que está, a roupa que está usando, etc.? Mas, diante das infinitas selfies registradas por aí, podemos nos perguntar: quais delas exibem uma felicidade verdadeira?
Rede utilizada por mais de 2,3 bilhões de pessoas, mensalmente, segundo dados da própria empresa, o Facebook é conhecido pela extensão de selfies postadas e compartilhadas à exaustão, mas ultimamente a rede tem contado com um forte concorrente, que já possui 1 bilhão de usuários ativos: o Instagram. Pelo fato de permitir o compartilhamento de fotos e vídeos curtos, ao invés de longas informações textuais, como é o caso do Facebook, o Instagram acaba se tornando muito mais atrativo, diante de nosso voraz consumo imagético.
Leia MaisFolclore: cultura do bem comumVítimas das circunstânciasProfessores: testemunhas de vida e de esperançaO que Nossa Senhora de Guadalupe nos ensina sobre autoestima?Assim, basta deslizarmos os dedos pelas telas do celular para, em questão de segundos, acessarmos uma quantidade incontável de selfies e outras imagens. Para o pesquisador e especialista imagético, Prof. Dr. Jack Brandão, o fato de muitos internautas passarem horas conectados às redes como o Instagram pode ser extremamente prejudicial, pois, quanto mais imagens consomem, mais passam a desejá-las, chegando a ponto de acreditar que aquele ambiente seja o real, não um mero simulacro. Ou seja, muitos só enxergam as conquistas dos outros, mesmo que estas existam apenas no mundo virtual, pois já não conseguem dissociar o mundo real do irreal.
Diante disso, o internauta se vê num desejo obsessivo de postar fotos suas sorrindo, cercado de amigos, em lugares chamativos, ocultando-se numa máscara virtual para mostrar ao outro o quanto está feliz ou aparenta estar, além da necessidade de conquistar cada vez mais curtidas e comentários, numa espécie de concorrência virtual.
Ciente desse cenário, recentemente, o Instagram ocultou o número de curtidas nas fotos publicadas por seus usuários. Segundo a própria rede, a medida é um teste que visa centralizar o olhar dos usuários muito mais para o conteúdo do que para a quantidade de curtidas que cada um recebe.
Trata-se de uma medida sensata, que pode auxiliar na redução da concorrência virtual exibicionista, que apenas contribui para comportamentos ainda mais individualistas, já que, ao menos diretamente, não é mais possível comparar a quantidade de curtidas em cada selfie postada, fomentando o desejo de postar sempre mais, simplesmente por postar. “A própria palavra selfie é próxima de selfish que em inglês significa egoísta. É justamente isso o que acontece quando eu posto selfies de maneira exagerada, pois eu passo a viver em função da minha imagem, inserida em uma redoma de proteção, que me torna cada vez mais egoísta. Volta-se, entretanto, não para o ‘eu’ verdadeiro, mas para aquele construído imageticamente. É aí que reside um grande problema!”, afirma Brandão.
Num mundo em que já não é possível ler e, muito menos, apreciar as imagens, diante do excesso imagético virtual, é preciso usar tais recursos de modo equilibrado, para que não sejamos controlados por eles, tornando-nos seres totalmente dependentes das redes e de uma falsa felicidade construída.
Que possamos enxergar além das telas de celulares e computadores, para adentrar no nosso verdadeiro “eu” e não termos receio de assumi-lo.
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