Na história de Salvação, chegou o momento central de graça. Chegou a hora do cumprimento radical do amor de Deus Pai e de sua promessa de salvação feita em Gênesis. O Pai prometeu mandar para nós, pecadores, um Salvador. Agora, o amor de Deus tornar-se visível na pessoa de seu Filho Encarnado.
Segundo Santo Afonso, a encarnação fala da motivação mais tocante e radical de Deus em seu amor em favor de suas criaturas. Afonso insiste que Deus nos ama e quer nos salvar. Essa sua crença veio da própria experiência espiritual de Afonso, que, em sua juventude, sofreu escrupulosidades e jansenismo e teve medo de Deus, e só depois ele descobriu um “Deus enlouquecido de amor pela humanidade”. Um Deus de Copiosa Redenção.
Mas Afonso também insiste que Deus quis, por meio de seu amor “louco” à humanidade, que o homem respondesse para esse amor amando a Deus com todo seu coração. A contemplação da Encarnação deve nos levar para a exigência de resposta e essa resposta é uma de amor autêntico a Deus e ao próximo. Amor, para ser autêntico, precisa produzir sinais visíveis e atos concretos - algo que se expressa na vida cotidiana. Se não, é um amor falso.
A encarnação, segundo Afonso, não fala de justiça, mas que Cristo se encarnou para pagar por nossos pecados que estava na moda espiritual de seu tempo. Para Afonso a encarnação fala de amor concreto. Jesus se encarnou para nos ensinar que Deus Pai nos ama e quer nos salvar. “Deus nos amou primeiro”.
Afonso descobriu o amor louco de Deus contemplando um pobre menino num presépio - o filho de Deus que se fez carne para nós salvar. Na encarnação, Afonso não viu mais o amor de Deus como uma teoria, mas como vida. Deus provou seu amor a nós por meio de Seu Filho, que totalmente “se aniquilou” e “ se esvaziou” em obediência diante da vontade do Pai, que quer salvar toda a humanidade.
Afonso, em sua novena de Natal, imaginou uma conversa entre o Pai e o Verbo no céu.
O filho diz ao Pai:
“Apesar de tudo que fizemos, Pai, para ganhar o amor do homem e da mulher, eles ainda não reconhecem nosso amor a eles. Mas podemos os obrigar a nos amar se eu, Seu Filho, para redimir a humanidade, fosse para a Terra e assumisse a carne humana, e oferecesse a toda humanidade o dom da salvação, doando minha vida para eles, na Eucaristia e na Cruz”.
E o Pai, comovido com esse ato supremo do amor, sentiu-se obrigado a dizer ao seu Filho:
“Mas, filho, se for lá, eles vão crucificar você”!
E o filho, em resposta, disse:
“Mesmo assim, Pai, eu vou – tenho que mostrar-lhes Seu coração amoroso e salvador”. E o verbo de Deus se fez carne”. (Filipenses 2, 6-11).
Para Afonso, a contemplação da encarnação não deve frisar as circunstâncias físicas nem as circunstâncias emocionais duma criança bonitinha no presépio, mas, sim, devemos contemplar o amor de Deus a nós, concretamente nesse ato de Seu Filho.
O CRIADOR DESCEU E TORNOU-SE UMA CRIATURA. Aniquilou todo sinal de sua Divindade por amor ao Pai e a nós. Não um cenário bonito de nossos presépios, mas a doação total dum Deus que desceu e se fez um de nós, na pobreza radical, para nos salvar cumprindo a vontade louca de seu e nosso Pai.
Também Afonso não considerou a Encarnação como se fosse uma entidade em si. Já na Encarnação, Afonso contemplou a sombra da cruz. A Encarnação foi o começo de sua trajetória para Calvário e sua glorificação na ressurreição. Um mistério de amor desembocou no outro. “Ó Deus, enlouquecido pelo amor aos homens!” foi a experiência mística de Afonso diante do menino Jesus pobre e fraco.
Textos para contemplar:
“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”. (Filipenses 2, 5-11)
Constituição 71
“A exemplo de Cristo, que veio para fazer a vontade do Pai e dar a vida para a redenção de muitos, os Redentoristas, pelo voto de obediência, dedicam a Deus sua própria vontade e se obrigam à submissão da vontade aos legítimos superiores, quando ordenam alguma coisa de acordo com as Constituições e Estatutos”.
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