Santo Padre

A viagem penitencial do Papa ao Canadá

Visita de Francisco é uma forma de perdão aos povos indígenas pelos abusos impostos por institutos religiosos no passado

Escrito por Redação A12

22 JUL 2022 - 16H31 (Atualizada em 23 JUL 2022 - 10H10)

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As comunidades do Canadá se preparam para receber o Papa Francisco a partir deste domingo (24) até 30 de julho, para a sua 37ª viagem apostólica, a segunda deste ano.

A visita ao país norte-americano será dedicada a uma “peregrinação penitencial” e de grande significado aos povos indígenas, incluindo ex-alunos e sobreviventes das Escolas Residenciais, bem como aos fiéis idosos.

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É a primeira vez em seu pontificado que o Santo Padre fará da viagem um gesto concreto de proximidade com os povos indígenas, que sofreram as consequências das atitudes colonialistas.

Por isso, não terá o padrão típico das viagens papais, mas estará toda focada no percurso de diálogo e escuta, proximidade e solidariedade com as populações indígenas canadenses, que o Papa empreendeu há alguns meses.

Trata-se de uma visita muito esperada, que nasce de cinco encontros que o Pontífice teve entre o final de março e o mês de abril com os povos indígenas canadenses Métis, Inuítes, Primeiras Nações e Métis Manitoba, e que visa “encontrar e abraçar” essas comunidades.

A viagem apostólica terá transmissão do canal da Vatican News no YouTube em 6 diferentes idiomas, incluindo o português. Além disso, serão disponibilizadas transmissões multilíngues para levar a visita do Papa ao maior número de pessoas possível.


Abusos no passado por parte de instituições católicas no país

O principal motivo da aproximação e pedido de perdão do Papa em nome da Igreja Católica aos nativos indígenas foram as vítimas das conhecidas "escolas residenciais", com a gestão confiada a realidades das Igrejas cristãs e, portanto, também às Ordens religiosas católicas.

Esses institutos, entre os séculos XIX e XX tentaram "educar" e "instruir" os filhos dos indígenas com duras disciplinas, separando-os de suas famílias. O sistema de escolas residenciais foi atuante por mais de um século. Havia um total de 139 escolas, distribuídas por todo o país.

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Representantes dos indígenas canadenses se reuniram com o Papa em abril deste ano.


Testemunhos decisivos e verdadeiros sobre estas escolas e as condições de vida que as caracterizavam não faltaram desde as primeiras décadas do século XX, especialmente no que diz respeito às graves deficiências de saúde, má nutrição, rigidez e dureza dos métodos educativos, separação das famílias e dos ambientes de origem. A mortalidade foi muito alta, e um dos fatores foi a tuberculose e outras doenças, que fizeram muitas vítimas.

“Sinto vergonha, dor e tristeza pelo papel que vários católicos, especialmente com responsabilidades educacionais, tiveram em tudo o que os feriu nos abusos e falta de respeito à sua identidade, à sua cultura e até mesmo aos seus valores espirituais. Tudo isso é contrário ao Evangelho de Jesus”, disse Francisco no encontro com os representantes indígenas canadenses em abril deste ano.

Visita no dia de Santa Ana

No dia 26 de julho, memória dos santos Joaquim e Ana, avós de Jesus, o Papa Francisco participará da tradicional peregrinação dedicada a Santa Ana, que há séculos se realiza no lago de mesmo nome, a cerca de 72 quilômetros de Edmonton.

A mãe da Virgem Maria é uma figura à qual os canadenses são muito ligados. Ela é venerada em muitas comunidades indígenas e a de Lac Ste. Anne – declarada um local histórico nacional pelo governo canadense em 2004 – é um dos encontros espirituais mais importantes para os fiéis da América do Norte, e particularmente para os povos das Primeiras Nações.

Reconhecimento e reconciliação

A semana do Papa no Canadá será de uma atitude penitencial, a mesma que Bento XVI sugeriu em 2010 diante do escândalo dos abusos de menores e a mesma que São João Paulo II propôs durante o Jubileu de 2000 para a "purificação da memória", quando pediu "um ato de coragem e humildade no reconhecimento as faltas cometidas por aqueles que levaram e levam o nome de Cristãos", fundado na consciência de que “por causa daquele vínculo que nos une uns aos outros dentro do Corpo místico, todos nós, embora não tendo responsabilidade pessoal por isso e sem nos substituirmos ao juízo de Deus — o único que conhece os corações —, carregamos o peso dos erros e culpas de quem nos precedeu."


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Fonte: CNBB / Vatican News

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