Por Redação A12 Em Santo Padre Atualizada em 06 MAI 2020 - 10H39

Catequese do Papa: “A oração é o respiro da fé”

Na Audiência Geral desta quarta-feira (06), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, por causa da pandemia de coronavírus, o Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses, desta vez dedicado à oração.

"A oração é o respiro da fé, é a sua expressão mais apropriada. Como um grito que sai do coração de quem acredita e confia em Deus".

O Pontífice deixou um convite para pensar na história do cego Bartimeu, que ficava sentado na rua pedindo esmola na periferia de Jericó. “Não é um personagem anônimo, ele tem um rosto, um nome: Bartimeu, o filho de Timeu”, disse o Papa, destacando alguém que ouve falar que Jesus passaria por ali e faz de tudo para encontrar Jesus.

A oração de Bartimeu toca o coração de Jesus

Este homem entra nos Evangelhos como uma voz que grita com toda a força. Ele não vê. Ele não sabe se Jesus está perto ou longe, mas entende isso através da multidão, que, a um certo ponto, aumenta e se aproxima, mas ele está completamente sozinho e ninguém se importa com isso. E o que Bartimeu faz? Grita. Usa a única arma que tem: a voz. Começa a gritar: «Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!»

O Papa frisou que os seus gritos insistentes incomodam e muitos o repreendem, dizendo-lhe para ficar quieto. Bartimeu não se cala, pelo contrário, grita ainda mais forte: «Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!» Essa expressão: ‘Filho de Davi’ é muito importante, significa ‘o Messias’. É uma profissão Leia MaisFrancisco pede acesso universal à vacina contra a Covid-19 quando descobertade fé que sai da boca daquele homem desprezado por todos”.

Jesus escuta o seu grito. A oração de Bartimeu toca seu coração, o coração de Deus, e as portas da salvação se abrem para ele.

Jesus o chama. Ele se levanta e aqueles que antes lhe disseram para ficar calado agora o conduzem ao Mestre.

Jesus fala com ele, pede para que expresse o seu desejo e então o grito se torna um pedido: «Mestre, eu quero ver de novo».

A falta de fé é habituar-se ao mal que nos oprime

Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou”. O Senhor “reconhece a força da fé daquele homem pobre, indefeso e desprezado, que atraiu a misericórdia e o poder de Deus. A fé é ter duas mãos levantadas, uma voz que grita, implorando o dom da salvação”, disse ainda o Papa, recordando que o Catecismo da Igreja Católica afirma que “a humildade é o fundamento da oração”. “A oração nasce da terra, do húmus, de onde vem o “humilde”, a “humildade”; vem do nosso estado de precariedade, da nossa sede contínua de Deus.”

A seguir, Francisco acrescentou:

"A fé é um grito, a falta de fé é sufocar aquele grito, é como um “silêncio”. A fé é um protesto contra uma condição dolorosa da qual não entendemos o motivo; a falta de fé é aceitar viver uma situação à qual nos adaptamos. A fé é esperança de ser salvo; a falta de fé é habituar-se ao mal que nos oprime".

Segundo o Papa, “Bartimeu é um homem perseverante. Ao seu redor havia pessoas que diziam que implorar era inútil, que era um grito sem resposta, que era um barulho que incomodava e basta: mas ele não ficou em silêncio. E no final, conseguiu o que queria”.

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No coração humano tem uma voz que invoca

“Mais forte do que qualquer argumento contrário, no coração humano tem uma voz que invoca. Uma voz que sai espontaneamente, sem que ninguém a comande, uma voz que questiona o significado de nosso caminho aqui em baixo, sobretudo quando nos encontramos na escuridão: “Jesus, tem piedade de mim! Jesus, tem piedade de todos nós!” Talvez essas palavras não estejam gravadas em toda a criação? Tudo invoca e suplica para que o mistério da misericórdia encontre sua realização definitiva”, sublinhou ainda Francisco.

O Papa concluiu sua catequese, dizendo queos cristãos não apenas rezam, mas partilham o grito da oração com todos os homens e mulheres. Segundo Francisco, “o horizonte ainda pode ser ampliado, pois Paulo afirma que toda a criação “geme e sofre as dores do parto”. “Os artistas muitas vezes se tornam intérpretes desse grito silencioso que preme em toda criatura e emerge no coração humano, porque o ser humano é um 'mendigo de Deus'.”

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Apelo em prol dos trabalhadores explorados

Ao final da catequese, o Papa Francisco deixou um apelo em prol de trabalhadores que são explorados.

“Infelizmente, muitos são extremamente explorados. É verdade que a atual crise afeta a todos, mas a dignidade das pessoas deve sempre ser respeitada. É por isso que acrescento a minha voz ao apelo desses trabalhadores e de todos os explorados. Que esta crise nos dê a oportunidade de tornar a dignidade da pessoa e a dignidade do trabalho o centro da nossa preocupação”, afirmou.

Fonte: Vatican News

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