No próximo dia 4 de setembro, na Praça de São Pedro, o Papa João Paulo I será beatificado em Missa presidida pelo Papa Francisco.
O escritório da postulação da causa divulgou que, nos dias que antecedem a beatificação, será realizada uma coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé, com a presença da menina argentina milagrosamente curada em julho de 2011, graças à intercessão do venerável João Paulo I.
Leia MaisPapa confessa a sua maior saudade da vida em Buenos AiresComo São Bento inspirou o Papa Bento XVI?Candela Giarda sofria de “encefalopatia inflamatória aguda grave, doença epilética refratária maligna, choque séptico” e estava em fim de vida.
O quadro clínico era muito grave, caracterizado por numerosas crises epilépticas diárias e um estado séptico causado por broncopneumonia. A iniciativa de invocar o Papa Luciani foi tomada pelo pároco da paróquia à qual pertencia o hospital, e de quem ele era muito devoto.
Eventos da beatificação
A Santa Sé também anunciou que na Missa do rito de beatificação, a petição será lida pelo bispo da Diocese de Belluno-Feltre, Dom Renato Marangoni, enquanto excepcionalmente é sede da causa de canonização do venerável Papa Albino Luciani. Durante a beatificação, a Postulação doará ao Papa uma relíquia do novo beato.
Na noite anterior, sábado, 3 de setembro, será realizada uma Vigília de Oração na Basílica de São João de Latrão, onde João Paulo I tomou posse em 23 de setembro de 1978. O momento de oração será animado por cantos e leituras de trechos de seu magistério.
E em 11 de setembro, será celebrada a Missa de Ação de Graças pela beatificação de João Paulo I na praça de Canale d’Agordo, local de nascimento do novo beato, presidida pelo patriarca Francesco Moraglia, metropolita da Província Eclesiástica de Veneza.
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Ao lado dos pobres, sempre
Albino Luciani nasceu em 17 de outubro de 1912, em Forno di Canale (hoje Canale d’Agordo), na província de Belluno, norte da Itália. Morreu em 28 de setembro de 1978, no Vaticano, tendo sido Papa apenas por 34 dias, um dos pontificados mais breves da história.
Era filho de um operário socialista que trabalhava há muito tempo como emigrante na Suíça. No bilhete escrito pelo seu pai, dando-lhe o consentimento para entrar no seminário, lê-se: “Espero que, quando você for padre, fique ao lado dos pobres, porque Cristo estava ao lado deles”, palavras que Luciani colocaria em prática durante toda sua vida.
Albino foi ordenado sacerdote em 1935 e, em 1958, logo após a eleição de João XXIII, que o havia conhecido como Patriarca de Veneza, foi nomeado Bispo de Vittorio Veneto. Era filho de uma terra pobre, caracterizada pela emigração, mas também muito viva do ponto de vista social, e de uma Igreja caracterizada por grandes sacerdotes.
Albino Luciani participou de todo o Concílio Ecumênico Vaticano II e aplicou suas diretrizes com entusiasmo. Passou muito tempo no confessionário e foi um pastor próximo ao seu povo. Durante os anos em que se discutia a legalidade da pílula anticoncepcional, ele se pronunciou repetidamente a favor da abertura da Igreja sobre seu uso, tendo escutado muitas famílias jovens.
Após a publicação da encíclica Humanae Vitae, na qual Paulo VI declarou a pílula moralmente ilícita em 1968, o bispo de Vittorio Veneto promoveu o documento, aderindo ao magistério do Pontífice. Paulo VI, que teve a oportunidade de apreciá-lo, nomeou-o patriarca de Veneza no final de 1969 e o criou cardeal em março de 1973.
"Humilitas"
Um grande comunicador, ele escreveu um livro de sucesso intitulado “Illustrissimi”, com cartas escritas e idealmente enviadas aos grandes do passado, com julgamentos sobre o presente.
Deu particular importância à catequese e à necessidade de clareza para os que transmitem o conteúdo da fé. Após a morte de Paulo VI, foi eleito Papa em 26 de agosto de 1978, em um conclave que durou um dia.
Homenagem aos Papas anteriores
O nome duplo já é um programa: ao unir João e Paulo, ele não só oferece uma homenagem de gratidão aos Papas que o quiseram como bispo e Cardeal, mas também marca um caminho de continuidade na aplicação do Concílio, barrando o caminho tanto para os nostálgicos pela volta ao passado como para saltos descontrolados para futuro.
Fama de Santidade
Albino Luciani, que escolheu a palavra “Humilitas” (humildade, em latim) para seu brasão episcopal, foi um pastor que viveu sobriamente, firme no que é essencial na fé, aberto do ponto de vista social, próximo aos pobres e aos trabalhadores. Era intransigente quando se tratava do uso inescrupuloso do dinheiro em detrimento do povo, como foi demonstrado por sua firmeza durante um escândalo econômico em Vittorio Veneto, envolvendo um de seus sacerdotes. Em seu magistério, ele insistiu particularmente no tema da misericórdia.
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Foi o Papa que abandonou o uso do “nós”, do plurale maiestatis (também conhecido como "plural de modéstia", quando se faz uso do plural mesmo em nome de uma única pessoa ou organização), e nos primeiros dias recusou o uso da sedes gestatoria (a liteira para carregar os Papas), curvando-se ao pedido de seus colaboradores somente quando percebeu que, ao proceder a pé, as pessoas que não estavam nas primeiras filas tinham dificuldade em vê-lo.
As audiências das quartas-feiras durante seu breve pontificado foram encontros de catequese: o Papa falava sem um texto escrito, citava poemas de memória, convidou um menino e um acólito a se aproximarem dele e falou com eles. Em um discurso improvisado, ele recordou ter passado fome quando criança e repetiu as palavras corajosas de seu predecessor sobre os “povos da fome” que questionam os “povos da opulência”.
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Faleceu repentinamente, na noite de 28 de setembro de 1978. O Papa foi encontrado sem vida pela irmã que levava café para seu quarto todas as manhãs. Em apenas algumas semanas de seu pontificado, ele entrou no coração de milhões de pessoas, por sua simplicidade, sua humildade, suas palavras em defesa dos pobres e por seu sorriso evangélico.
Muitas teorias foram construídas em torno de sua morte súbita e inesperada, com supostas conspirações usadas para vender livros e produzir filmes. Uma pesquisa documentada sobre a morte, que encerra definitivamente o caso, foi assinada pela vice-postuladora do processo de beatificação, Stefania Falasca (Cronaca di una morte, Libreria Editrice Vaticana).
A fama de santidade de Albino Luciani se espalhou muito rapidamente. Muitas pessoas rezaram e rezam por ele. Muitas pessoas simples e até mesmo um episcopado inteiro – o do Brasil – pediram a abertura do processo que agora, após um procedimento ponderado e bem pensado, chegou à sua conclusão.
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Fonte: Vatican News
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