No último domingo (15), durante o encontro com religiosos na Catedral de Nossa Senhora da Assunção, em Ajácio, o Papa Francisco elencou conselhos importantes para uma vida consagrada e religiosa centrada em Cristo, sem esquecer do cuidado de si próprio e dos outros.

Despoja-nos da pretensão de fazer tudo sozinhos

Francisco comentou sobre os desafios relacionados a transmissão da fé e ressaltou que a missão não depende somente das forças humanas, mas sobretudo da ação de Deus.

“...esta pobreza sacerdotal, gostaria de o dizer, é uma bênção! Porquê? Despoja-nos da pretensão de fazer tudo sozinhos, ensina-nos a considerar a missão cristã como algo que não depende das forças humanas, mas sobretudo da ação do Senhor, que trabalha e age sempre com o pouco que lhe podemos oferecer.”

No centro não estou eu, mas Deus, o Senhor.

Alertou para um perigo que é a vaidade, o “Ser “pavão”, lembrando que o centro é Cristo e que a responsabilidade de cada religioso é pensar em sim mesmo como “cooperadores da graça de Deus” (cf. 1 Cor 3, 9).

“Eu, me, mim, comigo, para mim. Não! É o Senhor que está no centro. E isto é algo que talvez de manhã, ao nascer do sol, cada pastor, cada consagrado deveria repetir na oração: também no dia de hoje e no desempenho do meu serviço, no centro não estou eu, mas Deus, o Senhor.”

Uma pergunta essencial

O Santo Padre trouxe uma pergunta para reflexão, convidando os religiosos a pensarem como estão vivendo o sacerdócio e a vida consagrada.

“Sou próximo de Jesus?”

Renovar a alegria do encontro com Ele

Francisco deixou dois convites, sublinhando que o primeiro é dedicado aos sacerdotes e religiosos: “cuidai de vós mesmos”.

“...a vida sacerdotal ou religiosa não é um “sim” que pronunciámos de uma vez para sempre. Com o Senhor, não se vive dos rendimentos adquiridos! Pelo contrário, todos os dias é preciso renovar a alegria do encontro com Ele, em cada momento é preciso escutar de novo a sua voz e tomar a decisão de O seguir, mesmo quando se cai.”

Regras de vida

Comentou que o “Ministério cansa”, e por isso, é importante algumas regras de vida para “descansar saudavelmente das canseiras do ministério”.

“...um encontro diário com a oração, a Eucaristia, o diálogo com o Senhor, cada um segundo a sua espiritualidade e o seu estilo. E gostaria ainda de acrescentar: guardar alguns momentos de solidão; ter um irmão ou uma irmã com quem podemos partilhar livremente o que trazemos no coração...”

Partilhemos entre nós a alegria

Fortaleceu a importância da fraternidade, da amizade, da alegria e da partilha entre os religiosos e sacerdotes.

“A alegria é para ser partilhada. Caso contrário, o lugar que a alegria deve ocupar é ocupado pelo vinagre.”

Segundo convite

Destacou que o único objetivo é levar Jesus aos outros, dar aos corações a consolação do Evangelho, buscando no contexto atual, as vias pastorais mais eficazes para a evangelização.

“Não tenhais medo de mudar, de rever velhos modelos, de renovar as linguagens da fé, aprendendo que a missão não é uma questão de estratégias humanas, é antes de tudo uma questão de fé.”

Perdoai tudo e sempre

Falou sobre o perdão, orientando que esse é o exemplo que Senhor nos deu.

“Aos padres, digo que, no sacramento da Reconciliação, não façam demasiadas perguntas. Ouvi e perdoai.”

Não vos deixeis abater

Papa Francisco agradeceu pela vocação de cada um e desejou um ministério cheio de esperança e alegria, mesmo nos momentos de cansaço e desânimo.

“Voltai o vosso coração para o Senhor. Não vos esqueçais de chorar diante do Senhor! Ele manifesta-se e deixa-se encontrar na medida em que cuidardes de vós mesmos e dos outros. Deste modo, Ele oferece a consolação àqueles que chamou e enviou. Segui em frente com coragem: encher-vos-á de alegria!”

Clique aqui para ler na íntegra o discurso do Santo Padre, por ocasião da 47ª viagem apostólica à ilha da Córsega, na França.