A quarta encíclica do Papa Francisco, Dilexit nos (Amou-nos), mergulha na tradição e no presente ao refletir sobre o amor humano e divino do Sagrado Coração de Jesus. O documento é um convite para a Igreja manter a autêntica devoção a este símbolo da fé, para não esquecermos a ternura, a alegria do serviço e a missão que esse amor nos impulsiona a seguir.
“'Amou-nos', como diz São Paulo (Rm 8,37), nos ajuda a entender que nada será capaz de nos separar desse amor (Rm 8,39)”, começa o Santo Padre, ao destacar que o Coração de Jesus nos ama incondicionalmente, sem exigências: “Ele nos amou primeiro” (1 Jo 4,10), e por meio dele conhecemos o amor de Deus. O documento foi anunciado no contexto das celebrações dos 350 anos das aparições do Sagrado Coração a Santa Margarida Maria Alacoque, que se encerram em 2025.
O Pontífice enfatiza que, em um mundo que muitas vezes se afasta de uma relação pessoal com Deus, é essencial renovar nossa devoção ao Sagrado Coração. Nesse Coração, explica, encontramos todo o Evangelho e a capacidade de amar genuinamente, e que ao encontrarmos o amor de Cristo, conseguimos construir laços de fraternidade e cuidar da criação. O Papa, na encíclica, também faz um apelo para que o Coração de Jesus derrame amor sobre um mundo cheio de guerras e desequilíbrios.
A encíclica traz cinco capítulos e começa abordando a importância de “voltar ao Coração”. Francisco explica que o Coração, no sentido bíblico, é o centro do nosso ser, onde encontramos nossa verdadeira identidade. Ele critica como o mundo moderno tem desvalorizado o coração, preferindo conceitos como razão e liberdade, sem reconhecer o valor do amor. O Papa nos convida a enxergar que “eu sou o meu coração”, pois é nele que somos moldados e nos conectamos com os outros.
No segundo capítulo, o Santo Padre fala sobre os gestos e palavras de amor de Jesus. Ele destaca encontros transformadores de Cristo com pessoas como a Samaritana e o cego de nascença, mostrando que Jesus sempre demonstrava proximidade, compaixão e ternura. A maior expressão desse amor, porém, foi sua crucificação, um sacrifício que revela seu desejo de nos salvar.
No terceiro capítulo, o Papa reflete sobre o mistério do “Coração que tanto amou”. Ele lembra que a devoção ao Sagrado Coração é uma forma de contemplar o amor divino e humano de Cristo, onde o amor sensível de seu coração físico se une ao amor espiritual e divino.
Nos dois últimos capítulos, Francisco ressalta a importância de uma devoção ao Coração de Jesus que nos leve tanto a uma experiência espiritual pessoal quanto a um compromisso missionário. O “lado transpassado” de Cristo, por exemplo, é uma fonte aberta para todos, que nos purifica e sacia nossa sede de amor.
O Pontífice mencionou também Santa Margarida Maria Alacoque e São Francisco de Sales, que contribuíram para essa devoção ao longo dos séculos. Para o Papa, o amor ao Sagrado Coração nos envia ao mundo, como missionários apaixonados que desejam transformar a sociedade com o amor de Cristo.
Francisco encerra sua encíclica com uma oração:
“Peço ao Senhor Jesus Cristo que, para todos nós, do seu Coração Santo brotem rios de água viva para curar as feridas que nos infligimos, para reforçar a nossa capacidade de amar e servir, para nos impulsionar a fim de aprendermos a caminhar juntos em direção a um mundo justo, solidário e fraterno. Isto até que, com alegria, celebremos unidos o banquete do Reino celeste. Aí estará Cristo ressuscitado, harmonizando todas as nossas diferenças com a luz que brota incessantemente do seu Coração aberto. Bendito seja!”
A Rede Aparecida de Comunicação esteve presente na Sala de Imprensa do Vaticano que tratou sobre a Carta Encíclica com as falas de Sorella Antonella Fraccaro, gerente geral do Instituto Discepole del Vangelo; Dom Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto, na Itália e a brasileira Cristiane Murray, vice-diretora da Sala de Imprensa do Vaticano:
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Fonte: Vatican News
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