Por João Antônio Johas Leão Em Santo Padre

Evangelii Gaudium: A Alegria do Evangelho

Alegria

Introdução

“A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus.”

Talvez você já conheça essa frase. É com ela que o Santo Padre inicia a sua exortação apostólica chamada Evangelli Gaudium (Que significa “A Alegria do Evangelho). Desde que foi lançada gerou uma repercussão muito grande no mundo inteiro, em todos os setores da sociedade. Foi criticada, ovacionada e, talvez, pouco lida.

Como assim, pouco lida? É que hoje estamos acostumados a saber das coisas pelo que dizem delas e não pelo que elas mesmo dizem de si mesmas. Escutamos frases ditas pelos jornais, redes sociais, televisão, que talvez nos impressionem, mas que não sabemos em que contexto foram ditas o que atrapalha a compreensão do que realmente se quis dizer. O próprio papa reconhece, no mesmo texto, que os documentos não suscitam o mesmo interesse que noutras épocas, acabando rapidamente esquecidos.”[i]E é verdade, quem hoje em dia, me pergunto, se interessa por ler um documento de 147 páginas sobre o Evangelho? Existem essas pessoas, mas não são, nem de longe, a maioria.

Mas que importante é conhecer as coisas como realmente são. E de maneira particular esse documento em que o papa diz: “aquilo que pretendo deixar expresso aqui, possui um significado programático e tem consequências importantes.”[ii]É muito bom colocar meios para saber o que está escrito ai. Fazer um estudo em grupo, buscar cursos de pessoas confiáveis sobre o tema, etc.

Perguntemos a nós mesmos: “Eu poderia falar sobre a alegria do Evangelho que o Papa quer transmitir para a Igreja e para o mundo hoje?” Precisamos ser bem formados para poder estar firmes na fé e para poder dar razão dela.

Até aqui escrevi sobre um lado da importância de conhecer o documento, que é a responsabilidade com a nossa fé. O outro lado da moeda é que é uma verdadeira e fascinante aventura conhecer o que está escrito ai. Voltar a refletir sobre o sentido do nosso ser cristão, da nossa missão no mundo é sempre renovador. Realmente podemos tocar a Alegria verdadeira de ter se encontrado com o Amor de Jesus que nos salvou, como coloca o Papa no quinto capítulo da exortação[iii].

O Documento

Depois da introdução, espero que fique o desejo de conhecer as palavras do Papa. Nessa parte, gostaria de apresentar o documento como ele é, mencionando alguns temas propostos, para que se possa ter uma noção geral do que foi tratado na exortação. Não é um resumo da exortação, até porque alguns temas provavelmente escaparão da alçada desse texto.

Talvez, sabendo da importância disso, o próprio Santo Padre deixa uma lista dos temas que trata durante o texto, no início do mesmo. Vejamos quais são:

“Decidi, entre outros temas, de me deter amplamente sobre as seguintes questões:

 

a) A reforma da Igreja em saída missionária.

b) As tentações dos agentes pastorais.

c)  A Igreja vista como a totalidade do povo de Deus que evangeliza.

d) A homilia e a sua preparação.

e)  A inclusão social dos pobres.

f)  A paz e o diálogo social.

g)  As motivações espirituais para o compromisso missionário. “[iv]

 

Vemos então que são 7 os temas principais tratados e alguns outros que estão espalhados pelo texto. Para localizar esses outros temas e também para saber em que parte do texto são tratados os 7 temas principais, acho importante olhar o índice da exortação.

La vemos que o texto está dividido em 5 capítulos, com uma breve introdução. Vejamos os títulos dos capítulos:

 

  1. A transformação missionária da Igreja
  2. Na crise do compromisso comunitário
  3. O anuncio do Evangelho
  4. A dimensão social da evangelização
  5. Evangelizadores com Espírito.

 

Uma breve análise dos capítulos nos faz ver a centralidade do anuncio do Evangelho para o Santo Padre. Me parece que os dois primeiros capítulos poderiam ser entendidos como uma preparação para o terceiro e os dois últimos como consequências dele. Explico melhor:

Já no primeiro capítulo o Santo Padre fala sobre a necessidade de uma transformação missionária, de uma Igreja em saída, comprometida com uma renovação inadiável, “uma opção missionária capaz de transformar tudo.”[v] Essa missão deve partir do coração do evangelho, porque “Neste núcleo fundamental, o que sobressai é a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado.”[vi] Tema ao qual voltara no capítulo 3. No capítulo 1, o papa trata sobre o primeiro dos temas, ou seja, sobre a reforma da Igreja em saída missionária.

No segundo capítulo o Santo Padre aborda o tema das tentações dos agentes pastorais. Antes, ele comenta alguns desafios do mundo atual como a exclusão das pessoas, a idolatria do dinheiro a secularização a crise da família e a dificuldade de fazer que a fé se torne vida, cultura. Quanto às tentações dos agentes pastorais, ele menciona por exemplo o complexo de inferioridade que nos faz esconder, enfraquecendo nossa entrega e o nosso fervor apostólico. Outra tentação é viver um relativismo prático, ou seja, viver como se os problemas do mundo não existissem e, no fundo, como se Deus mesmo não existisse.

Essas não são todas as tentações e dificuldades que expressa Francisco, mas já podemos ter uma ideia do que se trata essa parte. Assim chegamos ao terceiro capítulo, que nos leva ao essencial da vida da Igreja. Diz o papa no início dessa parte: “Quero agora recordar o dever que incumbe sobre nós em toda e qualquer época e lugar, porque «não pode haver verdadeira evangelização sem o anúncio explícito de Jesus como Senhor»”. [vii] E ainda: “A evangelização é dever da Igreja”[viii].

 

Nesse capítulo o Papa nos lembra que todos nós somos chamados a anunciar o Evangelho, que somos um povo que peregrina e evangeliza. 

Aqui são tratados os temas C e D da lista, ou seja, a Igreja vista como totalidade do povo de Deus que evangeliza e a homilia e sua preparação. Nessa parte o também se menciona que existem diferentes carismas dentro da Igreja, que todos “São dons para renovar e edificar a Igreja.” E que “Um sinal claro da autenticidade dum carisma é a sua eclesialidade, a sua capacidade de se integrar harmoniosamente na vida do povo santo de Deus para o bem de todos.”[ix]

Outro elemento importante a ser destacado ainda nesse capítulo é o Querigma, ou primeiro anúncio. O Querigma é “É o fogo do Espírito que se dá sob a forma de línguas e nos faz crer em Jesus Cristo, que, com a sua morte e ressurreição, nos revela e comunica a misericórdia infinita do Pai.”[x]É o mais fundamental da mensagem do Evangelho. É o primeiro não por ordem, mas por qualidade, “é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos.[xi]”

Depois disso, passamos aos últimos dois capítulos da exortação. O próprio Santo Padre relaciona o quarto capítulo com o anterior ao dizer: “O querigma possui um conteúdo inevitavelmente social: no próprio coração do Evangelho, aparece a vida comunitária e o compromisso com os outros.”[xii] Esse é o capítulo mais extenso da exortação, com 81 numerais e nele são tratados os temas E (A inclusão social dos pobres) e F (A paz e o diálogo social). Para isso Francisco insiste que Deus “criou todas as coisas «para nosso usufruto» (1 Tm 6, 17), para que todos possam usufruir delas.”[xiii] Por isso menciona temas como a solidariedade (Que diz ser mal entendida muitas vezes), as bonitas vocações dos políticos e empresários e as dificuldades do sistema econômico atual. Tudo isso, recorda o Papa, é um eco da voz de Deus no Gênesis, depois que Caim mata seu irmão Abel: “Onde está o seu irmão?” Somos responsáveis pelos nossos irmãos. Não podemos fazer ouvidos surdos ao clamor dos mais pobres. O Santo Padre ainda fornece algumas chaves para promover a o bem comum e a paz social e promove uma cultura de diálogo como uma contribuição para a paz.

No quinto capítulo o Papa diz: “Limitar-me-ei simplesmente a propor algumas reflexões acerca do espírito da nova evangelização.”[xiv]No coração dessa atitude missionária tem que estar o Espírito Santo. Evangelizadores com Espírito são os evangelizadores que se abrem sem temor à ação do Espírito Santo, são pessoas que rezam e trabalham. A primeira motivação para esse renovado espírito é o encontro com o amor de Jesus que nos salvou e, junto com isso, a convicção de que o Evangelho responde as necessidades mais profundas das pessoas, que são: A amizade com Jesus e o amor fraterno.

Somos convidados ainda a confiar no poder do Ressuscitado, sabendo que nossa entrega é necessária ainda que não vejamos todos os frutos dela. Por último, o Papa recorda que Jesus, na cruz, nos entregou sua Mãe, Maria, como nossa mãe. Ele não quer que caminhemos sem uma mãe, quer que aprendamos dela como evangelizar.

Com uma oração elevada a Maria, termina o Santo Padre sua exortação. É uma oração muito bonita, deixo um trecho que me pareceu particularmente interessante:

“...ajudai-nos a dizer o nosso «sim» perante a urgência, mais imperiosa do que nunca,

De fazer ressoar a Boa Nova de Jesus.”

Dando uma olhada geral no documento pode-se perceber a vontade do Santo Padre de que o Evangelho seja anunciado, com a alegria que Ele proporciona e com todas as suas consequências sociais, a todo o mundo.

Conclusão

É um desafio escrever sobre a exortação do Papa em pouco mais 1000 palavras. Muitas perguntas ficam em aberto, como por exemplo:

 

  1. Quais são as chaves para promover o bem comum e a paz social?
  2. Quais são as outras motivações para um renovado espírito missionário?
  3. Como assim a solidariedade é mal entendida? Como a entender bem?
  4. O que realmente significa relativismo prático? Como me cuidar para não cair nele?

 

E várias outras perguntas que podem ter surgido ao ler esse texto. Que sejam mais um motivo para buscar saber mais, para buscar mais respostas, para amar mais o Senhor, conhecendo-o melhor, porque assim encontraremos a verdadeira Alegria que deseja o nosso coração e poderemos transmiti-la aos demais.

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