Na última quarta-feira (25), durante a abertura da Congregação do Sínodo, o Santo Padre proferiu palavras direcionadas especialmente ao clero da Igreja, compartilhando suas reflexões.

O discurso do Papa faz parte das impressões gerais que serão publicadas no Relatório final do encontro, no próximo sábado (28). Inicialmente, Francisco destacou nosso papel, do povo Santo de Deus, inspirado pela Carta que foi divulgada nesta semana.

"Gosto de pensar na Igreja como um povo simples e humilde que caminha na presença do Senhor. E é ainda mais belo falar do povo santo de Deus. Santo e pecador, todos, mas um povo fiel. Digo povo fiel para evitar cair nas muitas abordagens e esquemas ideológicos com os quais a realidade do povo de Deus é reduzida".

Leia MaisDom Jaime Spengler afirma que o Sínodo foi marcado pela “escuta”Sínodo que nos pede dedicação na caminhada da IgrejaFrancisco também ressalta a Igreja como esposa, mãe e mulher em sua natureza, que a fé é transmitida ao povo em um dialeto feminino.

“A Igreja é mulher, mas porque são as mulheres que sabem esperar, que sabem descobrir os recursos da Igreja, do povo fiel, que vão além do limite, talvez com medo, mas corajosas, e no claro-escuro de um dia que inicia, aproximam-se de um túmulo com a intuição (ainda não esperançosa) de que pode haver algo vivo. A mulher é um reflexo da Igreja, a Igreja é feminina, é uma esposa e mãe”.

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Cuidado com o real valor dos sacramentos

O Santo Padre foi direto ao exortar ministros do altar que excedem em seu serviço e maltratam o povo de Deus, desfiguram o rosto da Igreja, arruínam-na com “atitudes machistas e ditatoriais", principalmente comunidades e paróquias que têm uma "lista de preços" dos serviços sacramentais, como em um supermercado.

“Ou a Igreja é o povo fiel de Deus em caminho, santo e pecador, ou acaba sendo uma empresa de vários serviços, e quando os agentes pastorais tomam esse segundo caminho, a Igreja se torna o supermercado da salvação e os sacerdotes simples funcionários de uma multinacional".

Críticas aos exageros clericais

O pontífice novamente afirmou para presbíteros que praticam o clericalismo, ou seja, o desvio da identidade original dos ministros da Igreja, da excessiva influência de alguns religiosos para adquirirem mais poder ou interesses pessoais.

Quando foi escolhido como sucessor de Pedro, Francisco expressou sua humildade de diversas formas e também no modo de se vestir. Em março de 2013, o Papa jesuíta surpreendeu o mundo ao estar todo vestido de branco, sem a estola vermelha sobre os ombros, ao fazer sua primeira aparição diante da multidão que o aguardava na Praça São Pedro.

Sempre mostrando o jeito simples em suas ações, o Papa nesta exortação se amargura por jovens sacerdotes que “se veem nas lojas de alfaiataria eclesiástica experimentando batinas e chapéus ou vestidos com rendas. Chega! Isso é realmente um escândalo. O clericalismo é um chicote, é um flagelo, uma forma de mundanismo que suja e danifica a face da esposa do Senhor, escraviza o santo povo fiel de Deus".

O Santo Padre ainda enfatiza que o povo de Deus precisa ter muita paciência para tolerar o desperdício, os maus-tratos, as exclusões por parte do clericalismo institucionalizado.

 "E com que naturalidade falamos dos 'príncipes da Igreja', ou das promoções episcopais como promoções de carreira! Os horrores do mundo, o mundanismo que maltrata o povo santo e fiel de Deus".

Camila Morais traz mais informações sobre o Sínodo dos Bispos

Fonte: Vatican News