Santo Padre

Francisco ressalta que o perdão recompõe a caridade

"Quantas lágrimas ainda escorrem pela face de Deus", exortou o Papa em evento sobre a misericórdia

Escrito por Redação A12

04 MAI 2024 - 08H54 (Atualizada em 09 MAI 2024 - 10H44)

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“A reparação é totalmente manifestada no sacrifício da cruz. A novidade aqui é que ele revela a misericórdia do Senhor para com o pecador”.

Este foi um dos ensinamentos do Santo Padre na manhã deste sábado (4) ao receber os participantes do Encontro Internacional “Reparar o Irreparável” por ocasião do 350º aniversário das aparições de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque. 

A reparação é um conceito que encontramos com frequência nas Escrituras Sagradas. No Antigo Testamento, ela assume uma dimensão social de compensação pelo mal cometido. Esse é o caso da lei mosaica, que previa a restituição do que havia sido roubado ou a reparação do dano causado. Tratava-se de um ato de justiça que visava a salvaguardar a vida social.

No Novo Testamento, entretanto, ela assume a forma de um processo espiritual, dentro da estrutura da redenção realizada por Cristo. A reparação é totalmente manifestada no sacrifício da cruz.

A novidade aqui é que ele revela a misericórdia do Senhor para com o pecador. Assim, a reparação contribui para a reconciliação dos homens entre si, mas também para a reconciliação com Deus, pois o mal cometido contra o próximo é também uma ofensa a Deus. Como diz Ben Sirac, o Sábio, 'as lágrimas da viúva não escorrem pela face de Deus?' Caros amigos, quantas lágrimas ainda escorrem pela face de Deus, enquanto nosso mundo experimenta tantos abusos contra a dignidade da pessoa, mesmo dentro do Povo de Deus!”, disse Francisco.

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A reparação completa às vezes parece impossível, quando bens ou entes queridos são perdidos permanentemente, ou quando certas situações se tornam irreversíveis. Mas a intenção de reparar e de fazê-lo de forma concreta é essencial para o processo de reconciliação e para o retorno da paz ao coração.

O Papa ainda exorta que a reparação, para ser cristã, para tocar o coração da pessoa ofendida e não ser um mero ato de justiça comutativa, pressupõe duas atitudes desafiadoras: reconhecer a própria culpa e pedir perdãoQualquer reparação, humana ou espiritual, começa com o reconhecimento do próprio pecado.

Acusar a si mesmo faz parte da sabedoria cristã, isso agrada ao Senhor, porque o Senhor acolhe o coração contrito. É a partir desse reconhecimento honesto do mal causado ao irmão e do sentimento profundo e sincero de que o amor foi ferido que nasce o desejo de reparar”.

E depois é preciso pedir perdão. É a confissão do mal cometido, seguindo o exemplo do filho pródigo que diz ao Pai: “Pequei contra o céu e contra ti” (Lc 15, 21)

“O pedido de perdão reabre o diálogo e manifesta a vontade de restabelecer o vínculo na caridade fraterna. E a reparação — mesmo que seja um início de reparação ou já simplesmente a vontade de reparar — garante a autenticidade do pedido de perdão, manifesta sua profundidade, sua sinceridade, toca o coração do irmão, consola-o e suscita nele a aceitação do perdão solicitado”.

Após os ensinamentos, Francisco ainda acrescentou que Jesus pediu a Santa Margarida Maria atos de reparação pelas ofensas causadas pelos pecados dos homens. Se esses atos consolaram o seu coração, isso significa que a reparação também pode consolar o coração de cada pessoa ferida.

O Papa disse ainda que reza para que o seu Jubileu do Sagrado Coração desperte em tantos peregrinos um amor maior de gratidão a Jesus, uma afeição maior; e que o santuário de Paray-le-Monial seja sempre um lugar de consolação e misericórdia para cada pessoa em busca de paz interior.

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Ao fim da audiência, o Papa pediu a intercessão de Santa Margarida para que sempre possamos clamar ao Sagrado Coração de Jesus e deixar Nele nossas dificuldades, trabalhos e súplicas. Oremos! 

“Senhor Jesus, que revelaste a Santa Margarida Maria o teu Coração apaixonado de amor por cada homem em particular.

Você nos convida a beber da fonte do seu Coração que hoje permanece aberto mais do que nunca.

Neste sacramento de Amor que é a Eucaristia, oferecemos-te o nosso trabalho e o nosso cansaço;

Que possamos encontrar nosso descanso em Ti. Apresentamos-te os nossos sofrimentos e feridas: consola-nos e cura-nos.

Mostramos-te a nossa dureza de coração: torna-nos mansos e humildes.

Colocamos diante de vocês nossa ingratidão e indiferença: que possamos retribuir amor por amor.

Expressamos-te a nossa sede de amar-te e anunciamos-te: envia-nos a força do teu Espírito Santo, Senhor,

consagramo-nos ao Teu Coração, fornalha ardente da caridade (fazemos um breve silêncio).

Faça-nos instrumentos que atraiam os corações ao seu Amor.

Faça-nos arder com o seu amor compassivo que nos torna testemunhas diante do mundo deste Coração que tanto nos amou. Amém!”


.: O que os Papas dizem sobre a Misericórdia?


Fonte: Vatican News

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