Estamos no mês de outubro, dedicado às Missões. A Igreja nasce, em Cristo, missionária. Esse dinamismo faz parte de suas origens. Em sintonia com o Papa Francisco e em comunhão com os cristãos católicos no mundo inteiro, a Igreja do Brasil celebra, no terceiro domingo (17 de outubro), o Dia Mundial das Missões, instituído pelo Papa Pio XI, em 1926. Além de ser um dia de oração e evangelização, a Igreja também incentiva seus fiéis a darem a sua contribuição para ajudar a outros países ou regiões que necessitam de nossa solidariedade.
A média de viagens missionárias do Papa Francisco supera São João Paulo II
Desde o início do seu pontificado que o Papa Francisco sinaliza essa marca que faz parte da origem da Igreja – a missão. “Igreja em saída”, termos utilizados em um dos seus documentos, Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho). Deixa claro o desejo de ver a Igreja, no mundo inteiro, dinâmica em seu exercício pastoral e missionário, em constante interação e solidariedade.
E não ficou somente no documento. Francisco está “pondo o pé na estrada” e ‘apresentando uma Igreja que toma iniciativa, vai ao encontro dos afastados e chega às encruzilhadas até os excluídos’ (cf. EG 24). Em pouco mais de oito anos de pontificado, Francisco já fez 34 viagens ao exterior e visitou 54 países, sendo superado apenas por São João Paulo II em número de viagens (129), mas isso em 26 anos de pontificado.
Leia MaisAs quatro dimensões do Mês MissionárioO que é Missão na Igreja?A vocação para a Missão não é algo do passado nem recordação romântica
Ao lançar sua mensagem para o Dia Mundial das Missões, tendo como tema: “Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4,20), Francisco diz que o ‘ser missionário’ “é um convite dirigido a cada um de nós para cuidar e dar a conhecer aquilo que tem no coração” (Evangelii nuntiandi, 14).
E vai além ao dizer que "os mais frágeis, limitados e feridos podem ser missionários à sua maneira, porque sempre devemos permitir que o bem seja comunicado, embora coexista com muitas fragilidades”.
Para Francisco, “no isolamento pessoal ou fechando-se em pequenos grupos, a nossa vida de fé esmorece, perde profecia e capacidade de encanto e gratidão”. Está na hora de renovar o compromisso do batismo e “assumir a vocação para a missão, pois não é algo do passado nem uma recordação romântica de outrora. Jesus precisa de corações que sejam capazes de viver a vocação como uma verdadeira história de amor, que os faça sair para as periferias do mundo e tornar-se mensageiros e instrumentos de compaixão”.
A proximidade de Jesus tocou o coração dos primeiros missionários
O Papa faz questão de apresentar Jesus próximo de seus primeiros missionários, conquistando a sua confiança, fazendo-os sentir um deles. E, junto a essa conquista, o perfil daqueles que necessitam ser priorizados na ação missionária:
“’A amizade com o Senhor, vê-Lo curar os doentes, comer com os pecadores, alimentar os famintos, aproximar-Se dos excluídos, tocar os impuros, identificar-Se com os necessitados’, ‘deixa uma marca indelével, capaz de suscitar admiração e uma alegria expansiva e gratuita que não se pode conter’”.
O lado humano-afetivo é salientado por Francisco, não só trazendo os primeiros missionários da era Jesus, mas as profecias do Antigo Testamento. Citando Jeremias, ele associa a experiência missionária a um fogo ardente que toca o coração:
“Esta experiência é o fogo ardente da sua presença ativa no nosso coração que nos impele à missão, mesmo que às vezes implique sacrifícios e incompreensões" (cf. 20, 7-9).
E como resposta à nossa realização no exercício da missão, Francisco afirma: "Colocar-se 'em estado de missão' é um reflexo da gratidão” (Mensagem às Pontifícias Obras Missionárias, 2020).
Leia MaisQuem são os missionários hoje?Assim como nesta pandemia, os primeiros missionários enfrentaram desafios na missão
Citando o livro dos Atos dos Apóstolos, o Papa Francisco leva-nos a tomar consciência das dificuldades que os primeiros missionários enfrentaram: “Os tempos não eram fáceis; os primeiros cristãos começaram a sua vida de fé num ambiente hostil e árduo”.
Ele cita as prisões, resistências internas e externas, que pareciam contradizer e até negar o que tinham visto e ouvido; mas as dificuldades ao invés de desanimá-los, serviram para criar “oportunidade para a missão”.
Citando o desafio de ser missionário em tempo de pandemia, Francisco lembra que a pandemia "aumentou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que já tantos padeciam, e desmascarou as nossas falsas seguranças. Os mais frágeis e vulneráveis sentiram ainda mais”.
Alertou a Igreja quanto à “tentação de mascarar e justificar a indiferença e a apatia em nome dum sadio distanciamento social” e disse que “é urgente a missão da compaixão, capaz de fazer da distância necessária um lugar de encontro, cuidado e promoção”.
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