A identificação do túmulo e dos ossos de São Pedro, o primeiro papa da Igreja Católica, é uma das descobertas mais significativas na história da arqueologia religiosa do século passado.
O Príncipe dos Apóstolos foi martirizado na Colina Vaticana, onde estava situado o Circo de Nero, local onde os cristãos eram executados durante o domínio do imperador romano. A Basílica de São Pedro foi construída no local onde se acreditava que Pedro havia sido sepultado, mas seus restos mortais ainda não tinham sido identificados até então.
Era um desejo conhecido por todos que o Papa Pio XI desejava ser enterrado o mais próximo possível do Apóstolo. Por isso, seu sucessor, Pio XII, ordenou que se realizassem escavações nas proximidades do túmulo, assim que assumiu seu pontificado em 1939, com o propósito de localizar os restos do primeiro Papa.
A partir de 1940, iniciaram-se as escavações, que se estenderam por dez anos.
Graças às escavações arqueológicas, iniciadas mesmo que durante um período turbulento da Segunda Guerra Mundial, foi possível confirmar a localização do túmulo de Pedro.
A análise detalhada dessas escavações, liderada por especialistas como o professor Vincenzo Fiocchi Nicolai, professor de Topografia dos cemitérios cristãos do Pontifício Instituto de Arqueologia Cristã, trouxe evidências que transformaram uma tradição de fé em realidade.
“A presença do túmulo de Pedro é demonstrada a partir de toda uma série de elementos, porque precisamente abaixo do altar do final do século XVI foram encontrados alinhados com o altar e, portanto, sob a cúpula, um altar medieval, depois um belo monumento de mármore, que é a caixa que Constantino quis construir para incorporar uma edícula, indicando um túmulo que ainda se encontra por baixo. Uma verdadeira série de caixas chinesas. Este túmulo encontra-se em um contexto sepulcral, portanto com outros túmulos que são susceptíveis de datação entre as últimas décadas do século I d.C. e os inícios do II, que confirmam que aquele é, com base neste elemento e em outros, como os grafites, o túmulo do apóstolo”.
A edícula conhecida como Troféu de Gaio, mencionada por Eusébio de Cesareia, marca a importância histórica e religiosa do túmulo de Pedro. Este monumento, datado do século II, é um símbolo de triunfo sobre a morte, celebrando o martírio do apóstolo.
Os arqueólogos encontraram uma inscrição em grego que dizia 'Petros eni' (Pedro está aqui) e ossos. Essas inscrições, decifradas pela arqueóloga e epígrafe florentina Margherita Guarducci, reforçaram a autenticidade do túmulo de Pedro.
A descoberta dos ossos de Pedro, atribuída a uma série de investigações meticulosas e a uma inesperada reviravolta, envolvendo a recuperação de restos mortais esquecidos, representa um marco na arqueologia cristã.
Os ossos, analisados e atribuídos a um homem maduro do século I, reforçam a conexão histórica com o apóstolo. Após diversas análises, Pio XII anunciou em 1950 que haviam sido encontrados os restos mortais do Apóstolo.
Durante a Audiência Geral de 26 de junho de 1968, São Paulo VI recordou as investigações e estudos realizados.
“Tanto mais solícitos e exultantes devemos ser, quando tivermos motivos para acreditar que tenham sido encontrados os poucos, mas sacrossantos restos mortais do Príncipe dos Apóstolos, de Simão, filho de Jonas, do Pescador chamado Pedro por Cristo, daquele que foi eleito pelo Senhor como fundamento da sua Igreja, e a quem o Senhor confiou as chaves supremas do seu reino, com a missão de pastorear e reunir o seu rebanho, a humanidade redimida, até ao seu retorno final e glorioso”.
A arqueologia é uma ciência que aspira basear-se em evidências, mas são as deduções que muitas vezes conseguem reconstruir a história. No caso do túmulo e dos ossos de Pedro, os elementos que convergem em torno do espaço da Confissão restituem um quadro de verdade porque, além dos vestígios materiais, o que é decisivo é a fé. A fé estratificada ao longo dos séculos por milhares e milhares de peregrinos, papas e santos que entrelaçaram o fio da memória tornando-a indestrutível.
:: Apóstolo Pedro: Fé que esclarece a razão
Fonte: Vatican News
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