Santo Padre

O nascimento de Cristo é a festa da compaixão, a festa da ternura

Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R. (Arquivo pessoal)

Escrito por Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R.

21 DEZ 2021 - 14H00 (Atualizada em 21 DEZ 2021 - 14H19)

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Antes mesmo de termos a tradicional mensagem na noite de Natal, o Papa Francisco foi expressando seu sentimento natalino, nas audiências e nas colocações feitas após o Angelus, na Praça São Pedro. Acolhendo os participantes e organizadores de um concurso para jovens (Christmas Contest), para composição de canções natalinas, em novembro passado, o Papa lembrou que: “O nascimento de Cristo é a festa da compaixão, a festa da ternura”, e que a beleza do Natal ressoa na partilha de pequenos gestos de amor concreto.

Falando na Praça de São Pedro para peregrinos de vários países, o Papa Francisco manifestou sua preocupação com os conflitos que tiram a paz da humanidade e, citando “a difícil situação de tensão na Ucrânia, invocando a paz e realçando o apelo ao diálogo como forma de resolver conflitos; manifestou seu desejo de “que este Natal do Senhor leve paz à Ucrânia”, e foi taxativo em afirmar que “neste ano foram produzidas mais armas do que no ano passado. As armas não são o caminho”.

A beleza do Natal na partilha de pequenos gestos de amor

Mesmo levando em consideração o contexto da pandemia e sabendo que as luzes do Natal foram ofuscadas pela tragédia que ainda rende consequências, Francisco não deixa de enxergar a beleza do Natal, sobretudo na partilha de pequenos gestos de amor concreto. Diferente do que se possa reduzir a ‘beleza’ a meros gestos externos no esplendor das tradições natalinas, que também são importantes, mas que para atual conjuntura não é prioritária, o Papa faz uma leitura mais profunda, justificando que a beleza de um pequeno gesto de amor “não é alienante, não é superficial, evasiva, pelo contrário, amplia o coração, e abre para a gratuidade”. E já que falava para jovens cantores e compositores do concurso Chistmas Contest, mostrou que por serem artistas teriam facilidade de captar essa beleza natalina: “Vocês compuseram novas músicas de Natal e as compartilharam num projeto maior, um projeto que acredita na beleza como forma de crescimento humano, para juntos sonharem com um mundo melhor".

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A cada mensagem de Natal, o Papa Francisco demonstra sensibilidade ao fazer a leitura da encarnação de Cristo como luz para a realidade atual, sobretudo no sofrimento da vida do povo. No Natal de 2020, ao conceder a bênção no dia 25 de dezembro, o Papa rezou pelas populações mais atingidas pela crise ecológica, social e econômica agravada pela pandemia; citou dois países do nosso continente latino-americano, Chile e Venezuela, pediu o “fim da corrupção e da insegurança”. Em 12 de dezembro deste ano, ao final do Angelus, na Praça de São Pedro, demonstrando o seu desejo de paz no Natal, com a sua forte influência no contexto mundial, Francisco destinou parte da oração ao povo da Ucrânia: “desejo assegurar as minhas orações pela querida Ucrânia, por todas as suas Igrejas e comunidades religiosas e por todo o seu povo, para que as tensões à sua volta sejam resolvidas por meio de um diálogo internacional sério e não com armas”. No conteúdo da oração, a importância do diálogo e a afirmação de que as armas não contribuem para a paz que almejamos. Mostrando-se antenado com os acontecimentos, dirigiu uma palavra às vítimas dos tornados nos Estados Unidos: “rezo também pelas vítimas do tornado que atingiu Kentucky e outras partes dos Estados Unidos da América”.

O mundo precisa da beleza de Deus

Servindo-se de uma afirmação de São Paulo VI: “este mundo em que vivemos precisa da beleza para não cair no desespero”, o Papa Francisco faz questão de clarear essa concepção de beleza: “não é falsa beleza, feita de aparências e riqueza terrena, que é vazia e gera vazio. Mas a beleza de um Deus que se fez carne, a beleza dos rostos, de histórias”. Ao se despedir de jovens artistas que o visitavam, Francisco faz um alerta que se estende para todos nós: “não se esqueçam de ser guardiões desta beleza que o Natal do Senhor faz resplandecer em cada gesto cotidiano de amor, partilha e serviço”.

Escrito por:
Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R. (Arquivo pessoal)
Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R.

Missionário redentorista com bacharelado em Teologia (UCSal), pós-graduado em Comunicação e Cultura Brasileira (SEPAC-PUC/SP) e mestrado em Comunicação e Semiótica (PUC/SP).

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