Nas celebrações, audiências e mensagens emitidas pelo Papa Francisco ao encerrar mais um ano, o pontífice mantém a sua coerência ao defender prioridades que visam a promoção da vida, faz alerta aos que promovem danos à vida humana e reforça a luta pela sustentabilidade do planeta, ou o cuidado com a “Casa Comum”.
Como profeta dos nossos dias, sendo a voz mais ouvida nas mais diversas culturas, Francisco comenta sobre a pandemia e as ações equivocadas que devem ser corrigidas:
“Depois de uma primeira fase de reação, em que nos sentimos solidários na mesma barca, difundiu-se a tentação do 'salve-se quem puder'. Mas, graças a Deus, reagimos novamente, com o sentido de responsabilidade. Realmente, podemos e devemos dizer ‘graças a Deus’, porque a escolha da responsabilidade solidária não vem do mundo, vem de Deus; ou melhor, vem de Jesus Cristo”.
Leia MaisO último dia do ano velho e o primeiro do ano novoOs jovens encaram desafios, não cedem ao pessimismo e buscam soluções
No 44º Encontro Europeu de Jovens, realizado no dia 30 de dezembro, ainda de forma virtual, o Papa não economizou palavras para demonstrar aos jovens a sua confiança na luta por um mundo melhor, em temas pontuais e desafiadores como, por exemplo, a responsabilidade pelo futuro do planeta.
Procurou responder a perguntas, como: “Nosso planeta tem futuro?”, “Que responsabilidades temos a assumir para tornar a terra habitável?” Francisco disse que “os jovens, ao invés de ceder ao pessimismo, decidem enfrentar corajosamente e buscar respostas juntos na escuta da Palavra de Deus”.
Afirmou que os jovens são capazes de olhar a realidade presente e buscar soluções:
“Vós escolhestes não desviar vossos olhos do sofrimento humano e das evidentes urgências do momento, mas olhar para estas realidades na confiança que vos é dada por participar das soluções”.
E, talvez, para evitar que os jovens desvinculem a luta histórica da dimensão divina, Francisco os lembrou da força emanada do Espírito Santo e os abençoou pedindo a proteção da Virgem Maria, para que “possais continuar sendo peregrinos da confiança, para onde quer que o Senhor vos mande”. Estiveram presentes jovens católicos, ortodoxos e protestantes.
Um novo ano para defender a inocência das crianças
No último 28 de dezembro, dia em que na liturgia da Igreja é celebrada a memória dos Santos inocentes, o Papa, em tonalidade de denúncia e acento quanto à gravidade do pecado contra os inocentes (as crianças), disse:
“Os novos Herodes dos nossos dias destroem a inocência das crianças sob o peso do trabalho escravo, da prostituição e da exploração, das guerras e da emigração forçada”.
Trazendo dados precisos do último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), lembrou que 73 milhões de crianças “são obrigadas a realizar trabalhos perigosos que põem em risco sua saúde, segurança e desenvolvimento moral. Muitas delas vivem em contextos de guerra e desastres naturais, onde lutam para sobreviver; outras são recrutadas como ‘crianças soldados’ para lutar em guerras travadas por adultos”.
Desde 2016, também no dia da memória dos Santos inocentes, Francisco já denunciava:
"Milhares de nossas crianças caíram nas mãos de bandidos, máfias, comerciantes da morte, que só exploram as suas necessidades, e são vítimas do tráfico sexual".
E não somente com olhar externo, mas voltado para a própria Igreja, Francisco fala do sofrimento, a história e a dor dos menores abusados sexualmente por sacerdotes:
"Um pecado que nos envergonha e pelo qual pedimos perdão. Que estas atrocidades não aconteçam mais entre nós”.
No novo ano, os problemas não desaparecem, mas não estamos sós!
Mesmo sendo necessário trazer os desafios, denunciar os pecados da humanidade e falar com autoridade profética, o Papa não perde a ternura e sua missão de anunciar a esperança cristã. Mostra que os problemas do ano anterior continuam, mas que não estamos sós.
Citando com destaque a imagem de Maria, segurando e amamentando o filho em seus braços, compara à proximidade de Deus, que não abandona o seu povo. E pedindo a intercessão de São José, Francisco manifestou um desejo para este 2022:
“Que a pandemia cesse e possamos desfrutar da paz em nossos corações, em nossas famílias, nas sociedades e no mundo”.
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