A tradicional Vigília Pascal na Basílica de São Pedro foi celebrada na noite deste Sábado Santo (30) na Basílica de São Pedro, em Roma, na Itália. Na homilia, Papa Francisco centralizou a reflexão em dois momentos da passagem do Evangelho de Marcos em que as mulheres vão ao túmulo de Jesus bem cedo (Mc 16,1-7).
No primeiro, elas se perguntam angustiadas quem faria rolar para elas a pedra do sepulcro, que era muito grande. No segundo, erguendo os olhos, viram que a pedra já tinha sido tirada. Segundo Francisco, esses dois momentos “nos levam à alegria admirável da Páscoa”.
As 'pedras da morte' pelo caminho
O Santo Padre refletiu que aquela pesada pedra representava o fim da história de Jesus, sepultado na noite da morte. O símbolo da Vida que veio ao mundo foi morto. Ele, que manifestou o amor misericordioso do Pai, não recebeu compaixão.
Aquele rochedo era o símbolo do que as mulheres levavam no coração, ou seja, o fim da sua esperança e o mesmo pode acontecer conosco.
“Às vezes sentimos que uma pedra tumular foi pesadamente colocada na entrada do nosso coração, sufocando a vida, extinguindo a confiança, encarcerando-nos no sepulcro dos medos e amarguras, bloqueando o caminho para a alegria e a esperança. São 'pedras da morte'; e as encontramos, ao longo do caminho, em todas as experiências e situações que nos roubam o entusiasmo e a força para prosseguir”.
As tais 'pedras da morte' são os sofrimentos que nos afetam e na morte de pessoas queridas, que deixam em nós vazios incuráveis, os fracassos e medos que nos impedem de fazer as coisas boas que temos no coração; os isolamentos que abrandam os nossos impulsos de generosidade, não permitindo abrir-nos ao amor; os muros de borracha do egoísmo e da indiferença que impedem o compromisso de construir cidades e sociedades mais justas e à medida do homem.
“Quando se experimentam estas desilusões, apodera-se de nós a sensação de que muitos sonhos acabarão por ser desfeitos, perguntando-nos, angustiados, a nós mesmos: quem nos rolará a pedra do sepulcro?”, questiona o Papa.
Sempre devemos elevar nosso olhar ao Cristo
Francisco nos convida a levantar o olhar para Jesus que depois de ter assumido a nossa humanidade, desceu aos abismos da morte e atravessou-os com a força da sua vida divina, abrindo uma fresta infinita de luz para cada um de nós.
“Ressuscitado pelo Pai na sua carne, na nossa carne, com a força do Espírito Santo abriu uma nova página para o gênero humano. Aqui está a Páscoa de Cristo, aqui está a força de Deus: a vitória da vida sobre a morte, o triunfo da luz sobre as trevas, o renascimento da esperança por entre os escombros do fracasso. Foi o Senhor, Deus do impossível, que, para sempre, rolou a pedra para o lado e começou a abrir os nossos corações, a fim de não acabar a esperança. Por isso, devemos também nós elevar os olhos para Ele”.
O Papa termina este ensinamento garantindo que nenhuma tristeza ou derrota poderá deter o nosso caminho rumo à plenitude da vida se nos agarrar por Jesus que vive e reinará sempre em nossas vidas.
“Renovemos-Lhe hoje o nosso 'sim' e nenhuma pedra poderá sufocar-nos o coração, nenhum sepulcro poderá encerrar a alegria de viver, nenhum fracasso será capaz de nos lançar no desespero. Levantemos o olhar para Ele e peçamos-Lhe que a força da sua ressurreição role para o lado as pedras que nos oprimem a alma. Levantemos o olhar para Ele, o Ressuscitado, e caminhemos na certeza de que, no fundo obscuro das nossas expectativas e das nossas mortes, já está presente a vida eterna que Ele veio trazer”.
Assista um trecho da Homilia do Papa na Vigília Pascal
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