Na última quinta-feira (16), Papa Francisco recebeu cerca de 200 pessoas de várias partes do mundo, na Sala Clementina, no Vaticano. Essas pessoas estão participando do encontro sobre o tema “Da crise climática à resiliência climática”, organizado pelas Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais.
Entre os 200 participantes, estavam o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o cacique Raoni, os dois tiveram a oportunidade de se encontrar com o Santo Padre durante a audiência.
O encontro iniciou terça-feira (15), na Casina Pio IV, no Vaticano, e se encerrou hoje (17). Em seu discurso, Francisco destacou a preocupação com as mudanças climáticas: “os dados sobre as mudanças climáticas pioram a cada ano e, portanto, é urgente proteger as pessoas e a natureza”. Leia MaisPapa Francisco: “Caridade é amor que doa, não o que toma”
E parabenizou as Academias por liderarem esforços e produzirem um protocolo de resiliência universal. O santo padre ainda ressaltou que “as populações mais pobres, que pouco têm a ver com as emissões poluentes, precisarão receber maior apoio e proteção”.
O pontífice refletiu que os ataques e a destruição ao meio ambiente são uma ofensa a Deus.
“A destruição do ambiente é uma ofensa a Deus, um pecado que não é apenas pessoal, mas também estrutural, que coloca seriamente em perigo todos os seres humanos, especialmente os mais vulneráveis, e ameaça desencadear um conflito entre gerações”.
E questionou: “Estamos trabalhando em prol de uma cultura da vida ou de uma cultura da morte?”
Ele ainda lembrou que a destruição do meio ambiente reflete diretamente nos povos originários e nos mais pobres, reforçando mais uma vez que é preciso acabar com o consumo desenfreado de recursos naturais e que é preciso fiscalizar aqueles que só visam o enriquecimento e esquecem do cuidado com aquilo que Deus nos deu.
“Mas que seja claro: são os pobres da Terra que mais sofrem, apesar de serem os que menos contribuem para o problema. As nações mais ricas, cerca de um bilhão de pessoas, produzem mais da metade dos poluentes que retêm o calor. Contrariamente, os três bilhões de pessoas mais pobres contribuem com menos de 10%, mas arcam com 75% das perdas resultantes. Os 46 países menos desenvolvidos, em sua maioria africanos, são responsáveis por apenas 1% das emissões globais de CO₂. Ao invés disso, as nações do G20 são responsáveis por 80% dessas emissões”.
Ele ainda demonstrou grande preocupação com a poluição que cresce em estado alarmante e é uma ameaça à saúde pública e ao bem-estar de todos.
“A poluição do ar ceifa milhões de vidas prematuramente todos os anos. Mais de três bilhões e meio de pessoas vivem em regiões altamente sensíveis à devastação das mudanças climáticas, o que leva à migração forçada. Nos últimos anos, quantos irmãos e irmãs perderam a vida em viagens desesperadas, e as previsões são preocupantes. Defender a dignidade e os direitos dos migrantes climáticos significa afirmar a sacralidade de cada vida humana e exige honrar o mandato divino de salvaguardar e proteger a nossa casa comum”.
Ele abordou algumas medidas que podem ser eficazes, como a descarbonização e a eliminação da dependência de combustíveis fósseis. O pontífice reconheceu que não é um trabalho fácil e rápido, mas é de grande alcance e necessidade.
Papa ainda exortou a salvaguardar as riquezas naturais:
“As bacias da Amazônia e do Congo, as turfeiras e os manguezais, os oceanos, as barreiras de corais, as terras agrícolas e as calotas polares, por sua contribuição para a redução das emissões globais de carbono”.
Por fim, o Papa agradeceu e incentivou os membros das Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais a continuarem trabalhando “na transição da atual crise climática para a resiliência climática com equidade e justiça social”, destacando que é necessário agir com urgência, paixão e determinação.
Fonte: Vatican News
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