Por Redação A12 Em Santo Padre Atualizada em 21 FEV 2020 - 11H05

Papa Francisco e o tradicional bate-papo com jornalistas dentro do avião


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O Santo Padre se despediu de Bangladesh no sábado, 02 de novembro, concluindo a 21ª Viagem Apostólica internacional de seu Pontificado.

O voo B777/BIMAN da Bangladesh Airlines, decolou às 17h10min (hora local) com destino ao Aeroporto Fiumicino, em Roma, que chegou por volta das 23 horas (horário italiano).

O Pontífice havia partido de Roma na noite de domingo, 26 de novembro, chegando no início da tarde de segunda-feira ao Aeroporto Internacional de Yangun, Mianmar, primeira etapa de sua viagem, concluída no início da tarde de quinta-feira, quando partiu para Daca, capital de Bangladesh.

No voo de retorno da sua viagem apostólica, como é de costume, Francisco conversou com jornalistas. Abaixo listamos algumas questões que despertaram curiosidade dos profissionais da imprensa.

A crise dos rohingya

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Os muçulmanos rohingya são uma parcela pequena da população que enfrenta uma situação de êxodo de Mianmar para Bangladesh devido a perseguição religiosa. O assunto, que pautou a viagem de Francisco, despertou bastante interesse dos jornalistas.

O Papa Francisco, quando foi questionado, disse aos profissionais de comunicação que para ele, a coisa mais importante é que a mensagem chegue. Ele exemplificou: “Por exemplo, um jovem, uma jovem na crise de adolescência pode dizer aquilo que pensa, batendo a porta na cara do outro e a mensagem não chega, se fecha. Para mim interessa que esta mensagem chegue. Por isto, vi que se no discurso oficial tivesse pronunciado a palavra, teria batido a porta na cara. Mas descrevi a situação, os direitos, ninguém excluído, cidadania para permitir-se nos colóquios privados ir além. Eu fiquei muito, muito satisfeito pelos colóquios que pude ter, porque é verdade, não – digamos assim – não tive o prazer de bater a porta na cara, publicamente, uma denuncia: não, mas tive a satisfação de dialogar, de fazer o outro falar, e assim a mensagem chegou. E isto é muito importante, na comunicação: a preocupação que a mensagem chegue. Tantas vezes, denúncias, mesmo na mídia – não querem ofender, mas que com alguma coisa de agressividade fecham o diálogo, fecham a porta e a mensagem não chega. E vocês, que são especialistas em fazer chegar a mensagem, entendem bem isto”.

O Pontífice também falou que sabia que encontraria os rohingya. “Não sabia nem onde e nem como, mas esta era a condição da viagem, para mim, e se preparavam as formas. Depois de tantas tratativas, também com o governo, com a Caritas, o governo permitiu esta viagem, destes que vieram ontem. Porque o governo, que os protege e dá a eles hospitalidade – e isto é grande: o que faz Bangladesh por eles é grande, é um exemplo de acolhida. Um país pequeno, pobre, que recebeu 700mil. Eu penso em países que fecham as portas. Devemos ser agradecidos pelo exemplo que nos deram”.

O Papa estará na Índia em 2018?

Questionado pelos jornalistas, o Papa Francisco disse que o plano inicial era de ir à Índia e Bangladesh, mas depois as tratativas para ir se alongaram. “O tempo urgia e escolhi estes dois países. Bangladesh permaneceu, mas com Mianmar. Foi providencial, porque para visitar a Índia é necessária uma única viagem: você deve ir ao Sul, ao Centro, a Leste, a Oeste, ao Norte, dali, pelas diversas culturas da Índia... espero poder fazer em 2018, se estiver vivo. Mas a ideia era Índia e Bangladesh. Mas depois o tempo nos obrigou a fazer esta escolha”.

Qual é a prioridade: evangelizar ou dialogar pela paz?

A imprensa francesa colocou uma pergunta ao Santo Padre, aonde indica que alguns colocam em oposição diálogo inter-religioso e evangelização. Então Francisco foi questionado qual é a prioridade, uma vez que evangelizar, segundo o jornalista que o questionou, significa suscitar conversões que provocam tensões e às vezes conflitos.

Francisco respondeu: “Primeira distinção: evangelizar não é fazer proselitismo. A Igreja cresce não por proselitismo, mas por atração, isto é, por testemunho, Isto o disse o Papa Bento XVI. O que é a evangelização? É viver o Evangelho, é testemunhar como se vive o Evangelho, testemunhar as bem-aventuranças, testemunhar Mateus 25, testemunhar o Bom Samaritano, testemunhar o perdão 70 x 7. Neste testemunho o Espírito Santo trabalha e acontecem conversões. Mas nós não somos muito entusiasmados para fazer logo as conversões. Se vêm, esperam, se fala, a tradição de vocês, procurar que uma conversão seja a resposta a algo que o Espírito Santo moveu em meu coração diante do testemunho do cristão.

No almoço com os jovens na Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia, eram cerca de 15, e um deles me fez esta pergunta: O que devo dizer a um colega de universidade, bom amigo, mas que é ateu? O que devo dizer para mudá-lo, para convertê-lo? A resposta foi esta: a última coisa que tu deves fazer é dizer algo. Viva o Evangelho e se ele te pergunta porque fazes isto, podes explicar a ele porque o fazes e deixe que o Espírito Santo o atraia. Esta é a força e a mansidão do Espírito Santo na conversão. Não é convencer mentalmente, com apologética, razão. É o Espírito que faz a conversão. Nós somos testemunhas do Espírito, testemunhas do Evangelho. Testemunha, uma palavra grega que diz mártires. O martírio de todo o dia, o martírio também de sangue quando chega. E a sua pergunta: o que é prioritário, a paz ou a conversão? Mas quando se vive com testemunho e respeito, se faz a paz. A paz começa a se romper neste campo quando começa o proselitismo. E existem tantos modos de proselitismo. Isto não é Evangelho”.

“Mudando de assunto”: Armas nucleares

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Um jornalista perguntou ao Papa, que papel tiveram os insultos e as ameaças entre o Presidente Donald Trump e Kim Jong-um, e o quê um Papa pode dizer aos políticos que não querem renunciar aos arsenais nucleares e tampouco reduzi-los? O Santo Padre respondeu: “Estou convencido que estamos no limite da legitimidade de ter e usar armas nucleares. Por que? Porque hoje, com o arsenal nuclear assim tão sofisticado, se corre o risco da destruição da humanidade, ou ao menos de grande parte da humanidade. Por isto relaciono com a “Laudato Si”. O que mudou? Isto. O crescimento do armamento nuclear, mudou também...são sofisticadas e também cruéis, também são capazes de destruir as pessoas sem tocar as estruturas. Estamos no limite, e porque estamos no limite eu me faço esta pergunta, e isto não como Magistério Pontifício, mas é a pergunta que se faz um Papa: hoje é lícito manter os arsenais nucleares [assim] como estão, ou hoje, para salvar a Criação, salvar a humanidade não é necessário retroceder? Volto a uma coisa que havia dito, que é de Guardini, não é minha. Existem duas formas de incultura: antes a incultura que Deus nos deu para fazer cultura, com o trabalho, com a pesquisa e em frente, fazer a cultura...mas, pensemos nas ciências médicas, tanto progresso, tanta cultura, na mecânica, em tantas coisas. E o homem tem a missão de fazer cultura da cultura recebida. Mas chegamos a um ponto em que o homem tem em mãos, com esta cultura, a capacidade de fazer uma outra incultura: pensemos em Hiroshima e Nagasaki. E isto, há 60, 70 anos. A destruição. E também isto acontece quando na energia atômica não se consegue ter todo o controle: pensem nos incidentes na Ucrânia... Por isto, voltando às armas, que são para vencer destruindo, eu digo que estamos no limite da legitimidade”.

O Papa vai até a China?

Francisco afirma que uma viagem à China não está em preparação. “Gostaria, não é um segredo. As tratativas com a China são de alto nível cultural: hoje, por exemplo, nestes dias, há uma Mostra dos Museus Vaticanos na China, depois terá outra – ou teve uma, não sei – dos Museus chineses no Vaticano... as relações culturais, científicas, os professores, padres que ensinam na Universidade estatal chinesa, existem... É uma coisa. Depois, existe o diálogo político, sobretudo pela Igreja chinesa, com aquela história da Igreja Patriótica, a Igreja clandestina, que se deve caminhar passo a passo, com delicadeza, como se está fazendo. Lentamente. Acredito que nestes dias, hoje ou amanhã, começará uma reunião em Pequim da Comissão mista. E isto, com paciência. Mas as portas do coração estão abertas, E acredito que fará bem a todos, uma viagem à China. Eu gostaria muito de fazê-la”.

Fonte: Rádio Vaticano

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