Papa Francisco convida as dioceses de todo o mundo a manterem o espírito jovem trazido pela Jornada Mundial da Juventude em agosto para suas comunidades em 26 de novembro, no dia da Solenidade de Cristo Rei. Esse é o convite do Papa após a JMJ de Lisboa de agosto, e antes da próxima etapa do encontro em Seul, na Coreia, em 2027.
Aprofundando o tema da XXXVIII Jornada Mundial da Juventude, “Alegres na esperança” (Rm 12, 12), o Pontífice divulgou uma mensagem em que pede aos jovens para não terem medo de testemunhar Cristo alegremente, alimentando a esperança com oração e atitudes quotidianas, principalmente nas redes sociais.
"Tentem compartilhar cada dia uma palavra de esperança, tornando-se semeadores de esperança na vida dos amigos”, disse.
Francisco trouxe a arte para exemplificar sua mensagem, por meio do filme "A vida é bela", de Roberto Benigni, que retrata como um jovem pai consegue, "com delicadeza e imaginação, transformar a dura realidade" dos horrores da Segunda Guerra Mundial e do trágico cenário dos campos de concentração, ao proteger o filho com "olhos de esperança".
O Pontífice também trouxe o poema do poeta francês Charles Péguy para ilustrar "o caráter humilde", mas fundamental da esperança, ao descrever "as três virtudes teologais – fé, esperança e caridade – como se fossem três irmãs que caminham juntas.
A caridade, diz Deus, isso não me espanta. Isso não é espantoso.
Essas pobres criaturas são tão infelizes que,
a não ser que tivessem um coração de pedra,
como não haveriam de ter caridade umas para com as outras.
Como não haveriam de ter caridade para com seus irmãos.
Como é que eles não haviam de tirar o pão da boca,
o pão de cada dia, para dá-lo a desgraçadas crianças que passam.
E meu filho teve para com eles uma tal caridade. Meu filho irmão deles.
Uma tão grande caridade. Mas a esperança, diz Deus, eis o que me espanta.
A mim mesmo. Isso é espantoso.
Que essas pobres crianças vejam como tudo isso acontece
e acreditem que amanhã vai ser melhor.
Que vejam como isso acontece hoje e acreditem que vai ser melhor amanhã cedo.
Isso é espantoso e é mesmo a maior maravilha da nossa graça.
E eu mesmo me espanto com isso.
E é preciso que de fato minha graça seja de uma força incrível.
E que ela escorra de uma fonte e como um rio inesgotável.
Desde aquela primeira vez que ela escorreu e escorre sempre desde então.
Na minha criação natural e sobrenatural.
Na minha criação espiritual e carnal e ainda espiritual.
Na minha criação eterna e temporal e ainda eterna. Mortal e imortal.
E aquela vez, ó aquela vez, desde aquela vez que ela escorreu.
Como um rio de sangue, do flanco trespassado de meu filho.
Qual não deve ser a minha graça e a força da minha graça
para que essa pequena esperança, vacilante ao sopro do pecado,
trêmula a todos os ventos, ansiosa ao menos sopro.
Seja tão invariável, mantenha-se tão fiel, tão reta, tão pura;
e invencível, e imortal e impossível de apagar-se;
que essa pequena flama do santuário
Que queima eternamente na lâmpada fiel.
Uma chama tiritante atravessou a espessura dos mundos.
Uma chama vacilante atravessou a espessura dos tempos.
Uma chama ansiosa atravessou a espessura das noites.
Desde aquela primeira vez que a minha graça escorreu para a criação do mundo.
Desde então que a minha graça escorre sempre para a conservação do mundo.
Uma chama impossível de se alcançar, impossível de se apagar ao sopro da morte.
O que me espanta, diz Deus, é a esperança. E fico pasmo.
Essa pequena esperança que parece uma cousa de nada.
Essa pequena esperança. Imortal.
Porque as minhas três virtude, diz Deus.
As três virtudes minhas criaturas.
Minhas filhas minhas crianças.
Elas próprias são como as minhas outras criaturas. Da raça dos homens.
A Fé é uma Esposa fiel. A Caridade é uma Mãe.
Uma mão ardente, cheia de coração.
Ou uma irmã mais velha que é como uma mãe.
A Esperança é uma meninazinha de nada.
Que veio ao mundo no dia de Natal do ano passado.
Que brinca ainda com o boneco de neve.
Com seus pinheirinhos de madeira da Alemanha. Pintados.
E com seu presépio cheio de palha que os animais não comem.
Porque elas são de madeira.
Entretanto é essa meninazinha que atravessará os mundos.
Essa meninazinha de nada.
Ela só, levando os outros, que atravessará os mundos volvidos.
Fonte: Vatican News
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