Pela primeira vez na história, um papa participará do G7, liderado pela Itália. O Papa Francisco estará presente na reunião de cúpula do grupo, que é integrado também por Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido, Alemanha e Japão.

O Papa já se encontra na região. Na agenda do Pontífice está o pronunciamento de um discurso na sessão dedicada aos riscos e oportunidades apresentados pela inteligência artificial, como orador principal, aberta também aos países convidados — entre eles o Brasil — e não somente aos membros do G7.

Estão também programadas conversas bilaterais com Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Volodymyr Zelenskyy, presidente da Ucrânia, Emmanuel Macron, presidente da França; e Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá.

“Agradeço sinceramente ao Santo Padre por ter aceito o convite da Itália. Sua presença dá brilho à nossa nação e a todo o G7. Estou convencida de que a presença do Papa contribuirá decisivamente para a definição de um marco regulatório, ético e cultural, para a inteligência artificial”, alegrou-se a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, durante confirmação da presença do Santo Padre em abril.

Santo Padre e a preocupação com o digital

O Papa Francisco já se manifestou diversas vezes a respeito da inteligência artificial. Em mensagem divulgada para o Dia Mundial da Paz deste ano, o Pontífice chamou a atenção de que “a grande quantidade de dados analisados pelas inteligências artificiais não é, por si só, garantia de imparcialidade. Quando os algoritmos extrapolam informações, correm sempre o risco de as distorcer, replicando as injustiças e os preconceitos dos ambientes onde têm origem. Quanto mais rápidos e complexos eles se tornam, mais difícil é compreender por que produziram um determinado resultado”.

Para a premiê, a inteligência artificial será o maior desafio antropológico desta era, uma tecnologia que pode gerar grandes oportunidades, mas que também traz consigo enormes riscos, além de afetar inevitavelmente os equilíbrios globais.

“Nosso compromisso é desenvolver mecanismos de governança para garantir que a inteligência artificial seja centrada no ser humano e controlada pelo ser humano, ou seja, que mantenha a pessoa no centro e tenha a pessoa como seu fim último”.

Santo à frente de seu tempo

Era sabido que São Tomás de Aquino fazia contribuições por meio de associações de palavras latinas ao buscar citações para cada palavra. Assim, Tomás procurava em sua memória versículos bíblicos em que apareciam os termos mencionados e ordenava os textos bíblicos de modo esquemático e pedagógico, com o fim de usar isso na sua pregação e conduzir o leitor a Deus.

Padre Anderson Alves, da diocese de Petrópolis, faz a seguinte associação para o site da Vatican News:

“Ora, essa relação de palavras numa base de dados não é o que o ChatGPT e outros programas similares fazem? O que Tomás fez com muito esforço e dedicação, ao longo de muito tempo, poderia ser feito agora por programas informáticos em poucos minutos. Isso mostra a genialidade de Tomás de Aquino e como as IA's podem ser bem utilizadas, inclusive em teologia”.

É como Papa Francisco sugere que a IA seja olhada, numa ótica mais positiva para o desenvolvimento humano:

“Se a inteligência artificial fosse utilizada para promover o desenvolvimento humano integral, poderia introduzir inovações importantes na agricultura, na instrução e na cultura, uma melhoria do nível de vida de inteiras nações e povos, o crescimento da fraternidade humana e da amizade social. Em última análise, a forma como a utilizamos para incluir os últimos, isto é, os irmãos e irmãs mais frágeis e necessitados, é a medida reveladora da nossa humanidade”.

A reunião do G7 será realizada de 13 a 15 de junho em Borgo Egnazia, na Puglia, sul do país.

:: Inteligência artificial: para o bem ou para o mal?

Fonte: Vatican News