Na manhã desta quarta-feira (28), a Praça São Pedro voltou a ser o cenário da Audiência Geral do Papa Francisco. Em sua catequese intitulada “Mar e Deserto”, o Pontífice fez uma pausa no ciclo sobre o Espírito Santo para tratar de um tema urgente e doloroso: o drama dos migrantes.
Francisco iniciou sua mensagem ressaltando os perigos enfrentados por aqueles que se arriscam em travessias traiçoeiras por mares e desertos, em busca de paz e segurança. O Papa condenou as rotas migratórias atuais, muitas vezes marcadas por mortes evitáveis. Ele destacou o Mediterrâneo como um exemplo trágico de um cemitério de migrantes e afirmou: “Há quem trabalhe de forma sistemática e com todos os meios para repelir os migrantes. E isto, quando feito com consciência e responsabilidade, é um pecado grave.”
Referindo-se ao órfão, à viúva e ao estrangeiro como os pobres por excelência, Francisco lembrou que Deus sempre os defende e nos pede para fazer o mesmo. Ele compartilhou a história de Mbengue Nyimbilo Crepin, um camaronês que perdeu sua esposa e filha de seis anos no deserto, vítimas da fome e sede, exemplificando a crueldade de nossa civilização moderna que, mesmo na era dos satélites e drones, ignora os clamores desses sofredores.
O Papa também recordou o significado bíblico do mar e do deserto, lugares que simbolizam o drama da opressão e da escravidão, mas onde Deus nunca abandona seu povo. “O Senhor está com os nossos migrantes no mare nostrum, o Senhor está com os migrantes, não com quem os rejeita”, afirmou Francisco.
Para o Pontífice, a indiferença e as políticas de fronteira mais restritivas não são soluções para a crise migratória. Ele defendeu a criação de rotas de acesso seguras e uma governança global baseada na justiça, fraternidade e solidariedade. Além disso, Francisco elogiou os voluntários que, como bons samaritanos, ajudam os migrantes, citando a associação “Mediterranea Saving Humans” como exemplo de uma humanidade que resiste à cultura da indiferença e do descarte.
Ao concluir, o Papa Francisco fez um apelo aos cristãos:
“Queridos irmãos e irmãs, unamos os nossos corações e forças, para que os mares e os desertos não sejam cemitérios, mas espaços onde Deus possa abrir caminhos de liberdade e fraternidade.”
Ele incentivou a todos a contribuírem de alguma forma, seja através de ações concretas ou da oração, para salvar vidas e oferecer esperança aos migrantes.
Fonte: Vatican News
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