Na Audiência Geral desta quarta-feira (31), o Papa Francisco deu continuidade a sua Catequese sobre “vícios e virtudes”, e desta vez falou sobre a ira, um pecado “que destrói relações humanas”.
Todos os pecados são negativos na vida e evolução de cada pessoa, são vícios que precisam de atenção para que possam ser curados. E nesta reflexão, o Santo Padre explicou que a ira “é um vício particularmente obscuro e talvez o mais simples de identificar do ponto de vista físico”.
Segundo o pontífice, os gestos da pessoa com ira são fáceis de identificar, pois “a pessoa dominada pela ira tem dificuldade em esconder esse ímpeto: reconhece-se pelos movimentos do seu corpo, pela agressão, pela respiração difícil, pelo olhar sombrio e carrancudo”. Leia Mais"Nas tentações, é preciso invocar Jesus!", diz o PapaPapa: "todo batizado pertence ao mesmo Corpo de Cristo"
Esse pecado não faz mal só para quem o faz, mas sim para todos a sua volta. É da ira que vem uma agressão, uma separação, uma discussão e até mesmo uma guerra.
“Na sua manifestação mais aguda, a ira é um pecado que não deixa trégua. Se surge de uma injustiça sofrida ou que se acredita ser tal, muitas vezes não é desencadeada contra o culpado, mas contra o primeiro infeliz que se encontra”.
Olhar para a ira e não enxergar como um problema que deve ser tratado, refletirá em outros pontos na vida da pessoa e de quem convive com ela.
“Há homens que reprimem a ira no local de trabalho, parecendo calmos e controlados, porém, uma vez em casa, tornam-se insuportáveis para a esposa e os filhos”.
A ira nos impede seguir com nossas vidas, atrapalha nossa capacidade de pensar antes de dizer ou reagir a algo, nos impede de levar a vida de forma pacifica e destrói relações.
“É um pecado que destrói as relações humanas. Expressa a incapacidade de aceitar a diversidade dos outros, especialmente quando as suas escolhas de vida divergem das nossas. Não se detém nos comportamentos errados de uma pessoa, mas joga tudo no caldeirão: é o outro, o outro como ele é, o outro como tal que causa a raiva e o ressentimento. Começa-se a odiar o tom da sua voz, os gestos banais do dia a dia, os seus modos de raciocinar e de sentir”.
Papa Francisco lembrou que é necessário que cada um de nós não guarde um problema que nos incomoda, pois, pensar muito naquilo, pode resultar em ira. É necessário usar do diálogo para resolver nossos problemas.
“Quando a relação atinge esse nível de degeneração, já se perdeu a clareza. Porque uma das características da ira, às vezes, é que ela não pode ser mitigada com o tempo. É importante que tudo se dissolva imediatamente, antes do pôr do sol. Se durante o dia surgir algum mal-entendido e duas pessoas não conseguem mais se entender, sentindo-se subitamente distantes, a noite não deve ser entregue ao diabo. O pecado nos mantém acordados no escuro a remoer nossas razões e os erros indizíveis, que nunca são nossos e sempre do outro”.
Ele explicou que quando alguém está tomado pela ira tem a tendência em depositar a culpa no outro e não reconhece que pode também estar errado, não pensam em perdoar.
“No “Pai-Nosso”, Jesus faz-nos rezar pelas nossas relações humanas que são um campo minado: um plano que nunca está em perfeito equilíbrio. Todos precisamos aprender a perdoar. Os homens não estão juntos se não praticarem também a arte do perdão, tanto quanto isso for humanamente possível”.
O Pontífice enfatizou que a ira causa guerras e violência, “é um pecado terrível que está na origem das guerras e da violência. Porém, nem tudo que surge da ira está errado”. Ele refletiu que cabe a nós saber controlar a ira que nos toma.
“Não somos responsáveis pelo surgimento da ira, mas sempre pelo seu desenvolvimento. E às vezes é bom que a ira seja desabafada da maneira certa. Se uma pessoa nunca se irritasse, se não se indignasse diante de uma injustiça, se diante da opressão de uma pessoa fraca não sentisse algo tremendo nas suas entranhas, então isso significaria que não é humana, e muito menos, cristã”.
E finalizou:
“Existe uma santa indignação, que não é ira, mas é um movimento interior, uma santa indignação. Jesus a encontrou várias vezes na sua vida: nunca respondeu ao mal com o mal, mas na sua alma sentiu este sentimento e, no caso dos cambistas do Templo, realizou uma ação forte e profética, ditada não pela ira, mas pelo zelo pela casa do Senhor.
É preciso distinguir bem, o zelo, a santa indignação, é uma coisa, a ira, que é ruim, é outra coisa. Cabe a nós, com a ajuda do Espírito Santo, encontrar a medida certa das paixões. Educá-las para que se tornem boas”.
Fonte: Vatican News
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