Thiago Leon
Santuário Nacional

Conheça todas as cenas bíblicas da Fachada Norte do Santuário Nacional

A Jornada Bíblica vai transformar a Casa da Mãe na maior Bíblia a céu aberto do mundo

Escrito por Victor Hugo Barros

16 MAR 2022 - 08H13 (Atualizada em 16 MAR 2022 - 14H43)

A Jornada Bíblica vai transformar a Casa da Mãe na maior Bíblia a céu aberto do mundo, com o revestimento das quatro fachadas do Santuário Nacional.

Neste sábado (19), às 19h30, a Fachada Norte será entregue para os devotos de Nossa Senhora e, dessa forma, a primeira fase desse grande projeto de evangelização estará finalizada.

Mais do que uma representação artística, a Fachada Norte revela a ação libertadora de Deus em favor do seu povo e os belíssimos mosaicos do local retratam 24 cenas do livro do Êxodo.

A seguir, o A12 vai mostrar, cena a cena, a Fachada Norte, para ser um incentivo para os devotos mergulharem e se aprofundarem na Palavra de Deus e na evangelização proposta por essa grande obra de arte.

José é vendido por seus irmãos (Gn 37,3 – 34)

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José é amado pelo pai, mas de modo possessivo. Isso provoca nos irmãos grande inveja e ciúme. Eles querem matá-lo, mas seu irmão Rúben intervém e consegue salvá-lo da morte. Eles o vendem para o Egito por vinte moedas de prata, representadas no mosaico pelos negociantes e o camelo. Para explicar o sumiço de José ao pai, eles retiram a túnica do irmão, matam um cabrito e suam as vestes com sangue do animal. Ao ver a túnica, Jacó quer morrer e não enxerga mais sentido para a vida.

José é acusado e preso (Gn 39,1 – 20; 40,1 – 23)

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No Egito, José como sempre: um homem bom. A mulher de seu patrão, Putifar, queria seduzi-lo, mas não conseguiu. Ela consegue pegar a túnica de José para tentar incriminá-lo.
Próximo a ela está o demônio, que aparece apenas duas vezes na Fachada Norte. José é preso pela honestidade porque não se deixou seduzir pela mulher do seu patrão. É a punição do bem, assim como aconteceu com Cristo. É ali, no sofrimento da prisão, que a vida de José vai mudar e ele vai conseguir sua glória.

José explica os sonhos do Faraó (Gn 41,1 – 36)

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O Faraó tem dois sonhos que ninguém consegue explicar. Diante do rei egípcio, José afirma que é Deus quem interpreta os sonhos e ele apenas transmite a mensagem assumindo-se como um porta voz.
No mosaico, o Faraó é representado contemplando a união do hebreu com o Senhor, presente na cena pelo sinal da mão divina.

José administrador dos bens do Egito (Gn 41,38 – 57)

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Depois de demonstrar intimidade com Deus, após explicar os sonhos ao Faraó, José se torna administrador dos bens do Egito. Sua vida muda graças a sua humildade, pois reconhece a si mesmo como um enviado.
O êxito do governo de José é retratado no mosaico pelo estoque de suprimentos localizados atrás do trono egípcio. Eles simbolizam a fartura e o estoque feito para os tempos de fome.

José que se faz reconhecer por seus irmãos (Gn 42,1 – 28; 43,1 – 23; 44,1-17; 45,1 – 28)

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A fome, como José havia predito, se alastra. Como o Egito era a maior potência da época, não sofreu graças ao governo do hebreu. Jacó escuta sobre a condição do Egito e ordena que seus filhos comprem suprimentos no local. José, então, não se revela aos irmãos, mas usa uma pedagogia que os levará a consternação e que atingirá também seu pai, Jacó. Sem saber que era José, eles se arrependem do que haviam feito. Depois de educa-los e fazer o pai perder a possessão pelos filhos, José se revelou a eles.
Essa cena é descrita nos mosaicos com o hebreu retirando a insígnia egípcia para falar com os irmãos. Ali, ele se apresenta como um deles e lhes dá as terras férteis do Egito.

A escravidão hebreia (Êx 1,8 – 11)

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Quanto mais os hebreus cresciam, mais perigo representavam para os egípcios. Por isso, foram obrigados a um trabalho mais duro, ficando sempre sob controle. O trabalho forçado despersonaliza, torna o homem uma máquina e não mais uma pessoa.
Não tem mais um rosto único, este se perdeu. E essa é justamente a imagem do pecado, trabalha-se como uma máquina.

Moisés nas águas (Êx 2,1 – 10)

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Moisés nasce quando era proibido nascer. Tutmoses havia ordenado a morte de todos os homens primogênitos de Israel, jogando-os no Nilo.
No mosaico, duas mulheres – que simbolizam muitas – atiram crianças cumprindo a ordem do Faraó. A mãe de Moisés também o coloca no Nilo, mas não o atira. O coloca lá em uma cesta que também nos recorda a Arca de Noé. Assim, a filha do Faraó, que se banhava perto dali, o encontra entre os juncos e fica com ele.

Moisés mata o egípcio (Êx 2,12 – 15)

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Moisés pensava, inicialmente, que seus irmãos hebreus queriam que Deus os libertasse por meio dele. Ele vê a injustiça com seu povo e pensa ser o único capaz de encerrar esse ciclo de escravidão, pois era formado e educado na corte do Faraó.
Nessa figura, Moisés é representado com olhos grandes, como quem olha e não vê ninguém como ele. Ele está representado no centro da cena porque acredita ser o protagonista da ação libertadora.

Moisés pastor em Madiã (Êx 2,15b – 22)

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Após fugir do Egito, Moisés chegou na Terra de Madiã. Lá ficou 40 anos sendo pastor, casou-se com Séfora. A vida na família faz com que ele seja capaz de escutar e permitir que Deus possa manifestar-se a ele.

Moisés diante da Sarça Ardente (Êx 3,1 – 22)

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Moisés caminhando pelo deserto vê uma sarça pegando fogo. Ele se detém, olha, e vê que a pequena árvore não é consumida.
Na representação do mosaico, a Virgem Maria foi inserida na Sarça Ardente. A tradição da Igreja reconhece na Sarça Ardente a figura da Virgem Maria, pois ela é a mulher que acolheu o Espírito Santo, o fogo, e não foi consumida por Ele.

A rebelião dos hebreus (Êx 5,1 – 23)

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Moisés vai até o Faraó com Aarão e pede a libertação do povo hebreu para que possam celebrar uma festa ao Senhor no deserto. O Faraó não gosta desse pedido e determina mais serviços para o povo de Israel.
Isso faz com o que o povo se rebele e não queira sair do Egito.

Os prodígios de Moisés (Êx 7,1 – 13)

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A vara é, antes de tudo, o elemento que designa o pastor, que a utiliza para guiar e defender. No Antigo Testamento, ela é considerada como cetro que jamais será tirado de Judá. Ela também é profecia, eleição, sacerdócio. Quando Moisés, junto de Aarão, vai conversar com o Faraó, pedindo que deixe os hebreus livres, o bastão desse segundo se torna serpente. Esse sinal, entretanto, não convence o rei egípcio, que ordena que seus magos – representados atrás do trono egípcio - também façam surgir esses animais a partir de suas varas. Porém, nessa confusão, a serpente de Aarão, ou seja, seu bastão, sai de seu controle e começa a lutar com a serpente do Faraó – símbolo da morte – engolindo-a. Nem mesmo esse sinal convence o Faraó, que continua com o coração endurecido. Essa atitude do rei egípcio está representada na Fachada por seus braços cruzados e seu olhar voltado para fora da cena.
Nessa passagem bíblica, a Igreja vê o prenúncio de Cristo, que, por sua morte, “engoliu” a morte, como descreve Santo Efrém, o Sírio. Quer dizer que não será a morte que irá matá-lo, mas é Cristo essa serpente de Aarão, no seu sacrifício da cruz, que devorará a morte.

As pragas do Egito (Êx 7,14–25; 8,1–11; 12–15; 16–28; 9,1–7; 8–12; 13–35; 10,1–20; 21–29; 11,1-10)

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Quando o desígnio de Deus encontra o pecado, o Senhor não se retira, mas utiliza seu desígnio para destruir o pecado. Primeiramente, ele mostra que o homem que crê tudo dominar é o verdadeiro pecador, pois bloqueia a ação de Deus. O Faraó acredita que domina o Egito. Então, os fenômenos começam a acontecer para demonstrar que o cosmo deve manifestar seu verdadeiro proprietário, que é Deus. Quando a terra começa a se mexer, o Faraó começa sua ruína e nota que não domina nada.
Sua figura, representada no mosaico, está ao centro, sobre um trono que desmorona, pois é outro que move as coisas desta terra e começa a libertar o cosmos do pecado humano. Sua face está confusa, como quem não compreende os acontecimentos. Ao redor dele, as pragas do Egito, descritas pelo próprio Deus como maravilhas.

A Páscoa hebraica (Êx 14,3 – 42)

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Moisés volta de Madiã, percorre mais de 280 km até o Egito e começa a passar de família em família para convencê-las a fazer uma ceia, conforme o pedido do Senhor. Ela deve ser feita com pão ázimo e um cordeiro de um ano, sem defeito, macho e sem manchas e as pessoas devem consumi-lo vestidos para partir, de forma apressada. Essa ceia será um memorial, um rito perene.
Na representação do mosaico, vemos Moisés marcando a soleira da porta com sangue. O anjo exterminador se inclina diante da porta, pois viu o sangue. São Tiago de Sarug, um monge e bispo sírio, diz: Como é possível que o anjo se incline diante do sangue do cordeiro? Não é possível! Mas ele se inclina, pois naquele sangue reconhece o sangue do Cordeiro verdadeiro, Cristo. É Ele o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

A travessia do Mar Vermelho (Êx 14,1 – 30)

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A travessia do Mar Vermelho se insere no nascimento do povo novo, que, por sua vez, é a prefiguração do nascimento do homem novo, que nascerá do encontro com Deus. Ao sair do Egito, o povo terá pela primeira vez a experiência de ser visto não como escravo, mas como livre. A ceia pascal dos hebreus foi a prefiguração da libertação verdadeira, que acontece em sua plenitude com a travessia marítima. O ritual perpétuo não é, entretanto, a travessia “a pé enxuto”, mas a ceia, na qual já está incluída a passagem que ainda não havia acontecido. Quando o sol se punha, Moisés entrou no mar e de lá saiu quando o sol surgia. Os padres da Igreja entenderam que eles seguiam ali a coluna luminosa, que é Cristo, o único sol. Depois dessa passagem pelas águas, surge o povo novo.
Na representação da fachada podemos ver, na cena da passagem do Mar Vermelho, a mão de Moisés com seu bastão indicando o alto da arcada, onde está a visão apocalíptica do céu aberto com o ancião, o trono, o cordeiro e os seres viventes, bem como o martírio de Santo Estêvão à esquerda e o batismo de Jesus à direta. Essas são as realidades futuras, que ainda não vivemos, mas que cremos e professamos

O Maná no deserto (Êx 16,1-31)

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A pós saírem do Egito, os hebreus ficaram 40 anos no deserto, onde foram educados por Deus para esquecerem a terra egípcia. Ali, eles começam a murmurar a partir de sua nostalgia. Em uma noite eles saíram do Egito, mas em 40 anos o Egito demorou a sair deles. Querem comer e Deus deu a eles o maná pela manhã e à tarde codornizes. Do céu lhes provém esses alimentos para ajudá-los a entender que o comer será sempre uma recordação da ação de Deus. Os hebreus saíram da situação de escravidão atravessando o Mar Vermelho e esqueceram de tudo. A única coisa de que se lembravam era a carne, panela, cebola, melancia, peixe, entre outros.
Na representação do mosaico, apresenta-se a murmuração contra Deus e as saudades dos alimentos, representados em uma panela. Ao mesmo tempo, parte do povo recolhe o maná e as codornizes, buscando alimentos.

A água da rocha em Massa e Meriba (Êx 17,1-7)

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Deus age fortemente em Massa e Meriba. O povo tem sede e começa a colocar condições para Deus, enquanto Moisés tem medo de ser apedrejado e, por isso, duvida do poder divino. No mosaico, é possível notar o demônio tentando o povo para que aja contra seu líder. Ele é representado como um furacão, com a cabeça para baixo, pois vê tudo de ponta cabeça. O Senhor, porém, diz a Moisés que fará brotar água da rocha. Ele, porém, duvida e peca contra Deus. Por esse pecado, ele e Aarão não poderão entrar na Terra Prometida.
Na cena, Deus está representado sobre a rocha. Ela, porém, verte água de sua fenda, que recorda o lado aberto de Cristo. É ali que Moisés bate com seu bastão e faz com que os hebreus, sedentos no deserto, possam saciar sua sede.

Moisés recebe as tábuas da Lei (Êx 20,1-17)

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Moisés
acolhe as duas tábuas da lei como se acolhesse um dom, recebido pela grande mão de Deus. Note a desproporcionalidade das mãos de Deus e Moisés. Ele é muito humilde, e todo entregue, abre as duas mãos recebendo de Deus essa Lei. O povo hebreu teve a experiência de ser conduzido por Deus para fora da terra do Egito e ser acolhido por Ele. Deus os fez vir até Ele, não foi o povo quem foi por si mesmo. Por isso, a Lei é acolhida como um auxílio para não se esquecer das obras do Senhor, uma ajuda à memória como forma de gratidão. Isso exige uma contínua fidelidade, vigilância e compromisso, que se resumia no Decálogo.

O bezerro de ouro (Êx 32,1-14)

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Moisés desce do monte com as tábuas da Lei e já podemos perceber que algo deu errado, pois o povo hebreu fez um bezerro de ouro. Ele traz duas tábuas, pois uma indica a relação com Deus e outra com o próximo. Não se pode amar a Deus sem amar o próximo, pois o amor vem de Deus. Ele segura as tábuas olhando a idolatria feita ao bezerro, imagem de Baal.
O ídolo esmaga-os e eles ficam curvados ao solo. Todos estão de perfil e estão todos com narizes feridos, pois retiraram suas joias para fabricar a estátua. As duas mulheres atrás de Aarão, revestido em trajes solenes, o empurram. Aarão entende que está no controle, mas é controlado, escravizado pelo pecado.

A construção da Tenda do Encontro (Êx 23,24,25,27)

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A habitação que Moisés construiu, o Tabernáculo, é a prefiguração da habitação de Deus na terra. O verdadeiro templo é o corpo de Cristo. Por isso a arte apresenta Moisés controlando para que tudo seja feito conforme o próprio projeto desejado e querido pelo próprio Senhor. No sexto capítulo do livro do Êxodo, descreve-se, por exemplo, como deve ser feito o véu. Ele deve possuir três cores: vermelho roxo, vermelho escarlate e carmesim. Esse véu era a representação da carne e Moisés assim o descreve. Os mosaicos mostram a construção do véu que divide o templo.
Entre os trabalhadores está uma singela e sutil representação da Virgem Maria trabalhando na confecção do tecido. Santo Efrém, o sírio, afirmou que na anunciação Maria é a costureira que tece o templo verdadeiro, a carne de Cristo.

Moisés vê a glória de Deus (Êx 33,12-23)

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Moisés sobe ao Monte, lugar da manifestação de Deus. Essa cena mostra o Santuário com esse Monte onde o próprio Deus se manifesta não de forma teatral, mas por meio de sua ação gloriosa. Na passagem bíblica, quando Moisés pede que o Senhor intervenha junto do povo, o profeta pede para ver a face divina. Isso, porém, não é possível, e o próprio Senhor coloca sua mão sobre a face de Moisés, permitindo que após sua passagem ele perceba a glória divina. Por isso, a iconografia cristã apresenta Deus com a mão. Os Padres da Igreja viram nisso um modo de conhecer a Deus. Deus se conhece quando constatamos sua obra.
Todas as quatro fachadas serão a manifestação daquilo que Moisés viu na mão de Deus. Elas mostrarão a obra do Pai que Moisés viu na mão e que se cumprirá quando o homem se sentir gerado como filho. Só esse gesto iconográfico dessa enorme mão, que tem mais de um metro, contém toda a obra que Deus vai fazer. A proposta é de que cada devoto, ao observar a Fachada Norte, olhe a obra que Deus fez por meio de Moisés e perceba que Deus está operando em nós uma transformação daquilo que Ele é. É isso que essa mão esconde em cima da fachada.

O ancião no Trono e o Cordeiro (Ap 4,2b-8a; 5,6-7)

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Na parte interna do arco de cada Fachada haverá representações do Apocalipse. Na Fachada Norte está representado, no ponto interno mais alto, o trono, o ancião e o Cordeiro imolado de pé. Isso porque só o Cordeiro pode realizar o bem ao modo do bem. Dessa forma, de longe, será possível ver somente o Êxodo.
Quando se aproxima da fachada, entretanto, será possível ver a chave de leitura: o Pai e o Cordeiro. Pode-se ler a inscrição “Será para vós um memorial perpétuo”. Esse é justamente o ponto central, pois a ceia e a memória do comer lembrarão a saída do Egito, e essa memória apagará outro desejo de comer. Ou seja, o homem se desligou de Deus comendo. O pecado aconteceu quando a serpente convenceu Eva a comer o fruto proibido para ser como Deus. Ela comeu, mas morreu. Deus, porém, é o vivente. O início da libertação começa com o comer que não recordará mais o pecado, não despertará mais a paixão, mas recordará o Senhor, que é o libertador.

Batismo do Senhor e martírio de Santo Estêvão (Mt 3,13–17; At 7,54-60)

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No interior do alto da arcada, duas cenas bíblicas ladeiam o ancião e seu trono. À direita, vê-se o Batismo de Cristo e à esquerda o martírio de Santo Estêvão. Há um rio vermelho e um rio branco com 24 peixes dentro, representando 24 anciãos. Essa simbologia recorda que a verdadeira passagem será feita no Reino de Deus, que nós já recordamos mesmo na nossa existência humana.
Com o batismo nós lavamos nossas vestes no sangue de Cristo. Por isso, o rio em que Jesus está inserido é vermelho. A veste banhada no vermelho, no sangue do martírio, sai branca como o rio que brota da cena do martírio de Santo Estêvão. Essa é a verdadeira passagem, o senso batismal. Estêvão é cristão, ou seja, outro Cristo. Ele, o primeiro mártir, morre como Cristo, morre por causa do anúncio da Boa-Nova. Enquanto é apedrejado, vê o céu aberto, representado no mosaico pelo Ancião no Trono e o Cordeiro. Na figura de Jesus, batizado por João Batista, recordamos que somos batizados e revestidos em Cristo. É o batismo que nos dá a vida, é por meio das águas do Batismo que o povo de Deus morre para o pecado e se abre à graça da salvação, vivendo a vida não mais de escravos, mas de filhos.

Montagem Alicia Teberga/A12
Montagem Alicia Teberga/A12


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Fonte: Revista Aparecida

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