Localizada na Ilha de la Cité, no centro de Paris, às margens do Rio Sena, a Catedral de Notre Dame é dedicada à Santa Maria, mãe de Jesus Cristo, e foi construída entre 1160 e 1345, em estilo gótico.
“Notre-Dame” é o termo francês que quer dizer Nossa Senhora em português, e é o principal local de culto católico na França, visitado anualmente por 13 milhões de turistas que passam pela cidade.
A catedral — elevada a basílica menor desde 27 de fevereiro de 1805 — é um monumento histórico da França desde 1862 e Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1991. A Catedral tem a fachada ornamentada com estátuas que retratam cenas bíblicas.
Um triste episódio marcou esta história, no dia 15 de abril de 2019, quando um incêndio devastador tomou conta de Notre Dame.
A comoção veio por várias formas diferentes: pela igreja representar um símbolo importante da cidade de Paris, por ter perdurado diante tantos momentos difíceis, pelo significado religioso, ou por simplesmente ser um monumento da arquitetura reconhecido no mundo todo.
O incêndio só foi controlado após 15 horas de trabalho dos bombeiros. A causa do incêndio foi classificada como um acidente, e não se tem notícias de pessoas culpadas ou indiciadas pelo ocorrido.
Após cinco anos e muitas arrecadações direcionadas para Notre Dame, tiveram início as obras de reconstrução, e finalmente, neste sábado (7) aconteceu a reinauguração do templo.
Mais de 2 mil pessoas estiveram envolvidas neste projeto. A revitalização do edifício foi financiada por cerca de 350 mil doadores, de 150 países diferentes.
Confira em tópicos alguns detalhes históricos deste processo de reconstituição da Catedral
Torre, telhado e moldura
A torre de Viollet-le-Duc, que desabou de uma altura de 93 metros, foi assim reconstruída de forma idêntica.
Antes construída toda em ferro e madeira, a estrutura agora também é recoberta por chumbo e conta com um catavento de cobre na ponta.
O telhado e a moldura desta obra-prima da arte gótica do século XII também desapareceram nas chamas e tiveram de ser reconstruídos.
Também foram acrescentadas inovações, com um dispositivo de segurança contra incêndios, colocado no centro da moldura: está equipada com um sistema de nebulização de água, uma proteção em caso de incêndio.
Cerca de 1.200 carvalhos tiveram que ser encontrados. Eles deveriam ser retos, livres de nós, e com 13 metros de comprimento.
No incêndio, o telhado de madeira queimou — todos os 100 metros dele. Nenhuma das madeiras de 800 anos sobreviveu. Mas a decisão foi tomada rapidamente para substituí-las o mais fielmente possível — com carvalho das florestas da França.
Campanário
Já em setembro, voltaram ao templo oito sinos da torre norte, todos limpos, e dois deles restaurados nas oficinas de Cornille Havard, uma das poucas oficinas de sinos artísticos na Europa.
Em novembro, já voltaram a tocar e em suas posições originais. Os sinos têm nomes de personalidades que marcaram a vida da diocese e da Igreja. O mais famoso sino é o Emmanuel, pesando 13 toneladas, enquanto o menor é o Jean-Marie, pesando 800 kg. Os outros se chamam Marie, Jacques, Denis, Antoine, Étienne e Gabriel.
Brasileira participou do restauro do órgão do templo
No domingo (8), durante a Missa da reinauguração da Catedral, o Arcebispo de Paris, Laurent Ulrich, pronunciou duas palavras solenes: “Órgão, acorda!” Então, o organista Thierry Escaich irá tocar no teclado as primeiras notas do maior órgão do país, que ficou coberto de pó de chumbo. Nestes cinco anos de reformas, ele foi limpo, seus 8.000 tubos remontados e harmonizados.
Quem fez parte da equipe do restauro foi a brasileira Luciana Lemes, organista e também especialista em reparos de órgãos de tubos, que se especializou nos Estados Unidos e desde 2021 está na França.
“Minha jornada foi sempre a de conseguir a experiência necessária para retornar ao Brasil e ajudar o meu país. Em nenhum momento eu pensei que fosse acabar no projeto de Notre-Dame. Fiquei muito chocada quando teve o incêndio”, disse.
O trabalho exigiu um equipamento de proteção devido à poeira tóxica de chumbo deixada pelo incêndio. Luciana trabalhou na desmontagem, remontagem, afinação e harmonia.
“É como se cada tubo do órgão fosse uma pessoa, que você ensina a cantar e depois afina, faz com que dê a nota que você está esperando, com o timbre necessário. São horas de trabalho duro”, explicou.
Vitrais
Embora todos os esforços tenham sido feitos para manter a aparência original, a Notre Dame restaurada terá um aspecto inédito, pois uma equipe de designers e arquitetos criou um espaço luminoso que causa um impacto visual diferente aos visitantes.
A limpeza dos vitrais, antes escuros com o passar do tempo, também permite uma maior entrada de luz no interior.
Portal dedicado a Maria
Na Catedral, esta representação mostra a Virgem Maria e o Menino Jesus, colocados ao centro entre as duas portas, enquanto pisoteiam a serpente.
O portal da Virgem evoca, segundo a tradição da Igreja, a morte de Maria, a sua assunção ao Paraíso e a sua coroação como rainha do céu. Foi estabelecido por volta de 1210-1220.
Expectativa para a reinauguração
Para a imprensa local, o Reitor da Catedral de Notre-Dame, Monsenhor Olivier Ribadeau-Dumas, ordenado sacerdote nesta catedral há 34 anos, visitou diversas vezes o canteiro de obras e falou da reabertura aos devotos:
“Fiquei emocionado durante o incêndio. Acho que encontrar o povo de Paris com seus pastores para celebrar juntos a alegria da vida cristã é uma ocasião de esperança e de imensa ação de graças. A reabertura é um magnífico sinal de esperança. O que parecia impossível, nomeadamente reconstruir em cinco anos, tornou-se possível graças ao trabalho, à energia e à vontade de quem fez. Paris não poderia viver sem a sua catedral. Os católicos de Paris reencontrarão a sua Igreja-mãe”.
O monsenhor ainda ressaltou o caráter especial da renovada Catedral em ser um santuário mariano.
“A catedral de Paris é a única que não precisa de um nome adicional: quando falamos de Notre-Dame, sabemos que é Notre-Dame de Paris. Este vínculo convida os cristãos a viver na devoção mariana duas dimensões da vida da Virgem que me parecem fundamentais: a humildade e o serviço, bem como a escuta da palavra de Deus. Reúne uma comunidade que ali vem rezar, partilhar as suas alegrias e tristezas e viver plenamente a sua humanidade na relação com Deus.
E, porque é habitada pela oração e pelo culto, dia após dia, há 850 anos, que a catedral tem alma, o que não se deve apenas à sua história ou à sua beleza. A reabertura é, antes de tudo, o sinal da unidade das pessoas que conseguiram elevá-la: autoridades públicas, artesãos e companheiros, diocese, doadores. Para mim, foi Nossa Senhora quem forjou esta unidade e todos os colaboradores e fiéis têm consciência da dimensão sagrada do local onde trabalham”.
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Fonte: Catedral de Notre-Dame/ RFI/ La Croix
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