Por Padre Evaldo César Souza, C.Ss.R Em Santuários Atualizada em 09 MAR 2020 - 10H48

Santuário de Santa Rosa de Lima, padroeira da América Latina


Padre Evaldo Souza
Padre Evaldo Souza


Lima, capital do Peru, é uma típica cidade latino-americana, marcada pelas desigualdades sociais intensas, pelo tráfego barulhento dos automóveis e pela incessante movimentação de seus habitantes, uma mistura étnica entre espanhóis e indígenas que resultou num povo ardoroso, valente, alegre e extremamente religioso.

Grandes sítios arqueológicos dividem espaços com casas e ruas. Há cheiros intensos de comidas típicas no ar e do mar, trazido pelo vento. A brisa refresca um pouco a sensação de rudeza do ambiente.

:: Santa Rosa de Lima abriu as portas da santidade em terras latino-americanas

O céu de Lima é acinzentado. Pouco chove por lá, e o clima desértico causa estranheza aos visitantes estrangeiros. Mas a falta de chuva não impede que o solo produza alimento e beleza. O chão de Lima é extremamente fértil e muitas são as fontes e cisternas de água pela cidade afora.

Por isso, há flores em todo lugar, de cores intensas, vibrantes! Mas a mais bela flor de Lima desabrochou séculos atrás, e seu olor espiritual ainda hoje perfuma não só a cidade de Lima e o povo peruano, mas toda a América Latina, que dele tira grande proveito espiritual. Esta flor singela e divina é Rosa de Lima, santa amada pelo povo e padroeira de nosso continente.

No coração da cidade de Lima, na parte mais antiga da cidade, está a Basílica-Santuário a ela dedicada, fundada em 1670. Simples como foi Rosa de Lima. E muito movimentada. Por ali, centenas de pessoas passam todos os dias para rezar, acender uma vela, lançar um pedido na velha cisterna onde Rosa se escondia, ou simplesmente para ter um pouco de silêncio durante a correria do dia.

A cor vermelha do Santuário nos recorda as rosas. Ali, tudo é muito espiritual e popular. Defronte à Igreja, um roseiral marca o local da casa onde Rosa de Lima nasceu, em 1586. No centro, uma imagem da primeira santa latino-americana enfeita ainda mais o florido jardim.

:: Rosa de Lima: A jovem que trocou o casamento pela vida religiosa

Uma réplica do eremitério, pequena casa de barro, feito por Rosa com a ajuda do irmão e onde ela se escondia para rezar, também pode ser visitado. E, é claro, o famoso poço, onde todo visitante faz questão de fazer um pedido especial. Detalhes estão em todos os cantos, como o pequeno relicário com restos do tronco de uma laranjeira, que segundo a tradição, foi onde Rosa enroscou seus cabelos para poder fugir da tentação que a incomodava.

No interior do Santuário, ornado com belíssimas peças da arte sacra peruana dos séculos XVII e XVIII, podemos rezar diante do altar sob o qual estão sepultados os restos mortais de Santa Rosa de Lima. Hoje, o cuidado pastoral dessa igreja está sob a responsabilidade dos Dominicanos.

Não há como conhecer o Santuário de Rosa de Lima e sair dali sem ter experimentado uma profunda paz e comunhão com Deus. Nossa vida recebe, espiritualmente, um leve e suave perfume de rosas, que nos desperta um pouco mais para o amor aos mais necessitados.

Rosa de Lima: primeira santa latino-americana

Santuário de Santa Rosa de Lima Foto: Padre Evaldo Souza

Rosa nasceu em 1586. Batizada como Izabel, teve seu nome trocado por causa de sua beleza. Todos a chamavam de Rosa, desde criança. Era linda, por dentro e por fora. Sua vida teria muitos sofrimentos; cresceu na pobreza econômica e optou pela pobreza espiritual.

Não quis casar-se e se fez penitente em sua própria casa, entregando a si mesma intensas penitências físicas; temia que sua beleza a afastasse de Deus e, por isso, flagelava-se para encontrar a paz.

Vivendo assim para Deus, foi agraciada com dons de milagres e logo passou a ser procurada pelos mais pobres e sofredores, que se tornaram seus amores em Cristo.

Tudo fazia pelos pobres, nada fazia por si mesma. Com apenas 31 anos, consolada pelo próprio Jesus, Rosa entregou-se definitivamente ao colo de Deus e sua fama de santidade imediatamente espalhou-se pela cidade, pelo país, pela América e pelo mundo.

Dela, disse o Cardeal Ratzinger, futuro Papa Bento XVI, em julho de 1986: ”De certa forma, essa mulher é uma personificação da Igreja da América Latina: imersa em sofrimentos, desprovida de meios materiais e de um poder significativo, mas tomada pelo íntimo ardor causado pela proximidade a Jesus Cristo”.

 

Escrito por:
Padre Evaldo César Souza, C.Ss.R, diretoria da Fundação Nossa Senhora Aparecida (FNSA) (TV Aparecida)
Padre Evaldo César Souza, C.Ss.R

Jornalista e missionário redentorista

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